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A Turquia segue tuitando

Mesmo sob o embargo à rede social ordenado por Erdogan, membros do Governo burlam a proibição e usam a ferramenta

María Sosa Troya
Tuits do presidente turco nos que recusa o bloqueio de Twitter.
Tuits do presidente turco nos que recusa o bloqueio de Twitter.

O tiro do primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, saiu pela culatra. Poucas horas após ter ameaçado "limpar" o Twitter, a rede social foi bloqueada. Mas, longe de conseguir que os internautas deixassem de usar a rede social, as tags #TwitterisblockedinTurkey [Twitter bloqueado na Turquia] e #TurkeyBlockedTwitter [Turquia bloqueia o Twitter] foram trending topic mundial.

Embora os usuários turcos não sejam os únicos a usar essas hashtags, sua alta incidência mostra o amplo grau de apoio internacional como resposta contra o veto de Erdogan. A ação de protesto dentro do país foi intensa. Inclusive membros do Governo questionaram a medida. O próprio presidente, Abdulá Gül, foi um dos principais críticos.

"Estamos unidos aos nossos usuários da Turquia que veem no Twitter uma plataforma vital de comunicação. Esperamos que voltem a ter pleno acesso cedo", afirmou a companhia nesta sexta-feira em inglês e em turco pelos perfis @policy e @TwitterTurkey. A rede social também informou os usuários sobre como se evitar a proibição. "É possível enviar tuítes usando SMS", afirma outra mensagem enviada por meio de ambas as contas. Foram as únicas respostas oficiais.

Os SMS não são a única forma que os internautas têm para evitar o bloqueio. Se mudam o nome do sistema de domínio de seus computadores (DNS) –usando, por exemplo, o código do Google–, em vez dos fornecidos pelas operadoras de telefonia locais, também podem tuitar. Trata-se de simular que estão em um país estrangeiro para ligar-se à rede. Seja qual for a fórmula empregada para esquivar-se da proibição, os internautas turcos seguem usando o Twitter.

Tuit do vice primeiro-ministro de Turquía no que anuncia sua agenda.
Tuit do vice primeiro-ministro de Turquía no que anuncia sua agenda.

"Não estou de acordo com o fechamento total das plataformas sociais", disse o presidente Gül, em um tuíte escrito depois do bloqueio. "Além disso, é evidente que tecnicamente nem sequer é possível fechar completamente plataformas como o Twitter, que são usadas em todo mundo", afirma. "Espero que esta situação não dure".

Os políticos turcos continuam em campanha para as próximas eleições autárquicas, que serão realizadas no dia 30 de março. O vice-primeiro ministro, Bülent Arinç, tuitou no começo desta manhã  que durante esta sexta-feira ocorreria um ato de protesto em Manisa, cidade situada no oeste da Turquia. Já o prefeito de Ancara, Melih Gökçek, anunciou sua agenda pública pelo Twitter. Yavuz Baydar, colunista político, usou seu perfil para criticar duramente a decisão do primeiro-ministro e ecoar a preocupação da União Europeia com a proibição.

Perfil de Yavuz Baydar, columnista político, que critica o bloqueio de Twitter.
Perfil de Yavuz Baydar, columnista político, que critica o bloqueio de Twitter.

"Esta ação de Erdogan é uma mordaça, assim como foi a proibição de acesso ao Twitter da China, de Cuba, do Iran e da Coreia do Norte. Mas o uso desta rede social está agora muito difundido. Isso explica a ampla rejeição ao bloqueio", diz Inma Ferragud, responsável pelas redes sociais de Internet do país. Segundo dados desta plataforma, a Turquia conta com 36 milhões de usuários da rede. Em 2012, 25% dos seus internautas tinham acesso a Twitter. "É o alto-falante dos cidadãos turcos", afirma Ferragud. 

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