_
_
_
_

Maduro rejeita a mediação da OEA na crise política da Venezuela

Castro e Morales assistem aos atos em homenagem a Chávez, um ano após a morte do líder O presidente venezuelano aproveitou a ocasião para anunciar o fim das relações com o Panamá

Nicolás Maduro acompanhado por Raúl Castro e Evo Morales.
Nicolás Maduro acompanhado por Raúl Castro e Evo Morales.MIGUEL GUTIÉRREZ (EFE)

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, descartou nesta quarta-feira qualquer mediação da Organização dos Estados Americanos (OEA) na crise política provocada pela onda de protestos nas ruas que já entra em sua quarta semana. “Que a OEA fique onde está”, advertiu ao organismo regional, que na quinta-feira realizará uma reunião informativa em seu conselho permanente sobre a Venezuela e seu Conselho Permanente.

Maduro fez a declaração durante um desfile militar em Caracas para homenagear Hugo Chávez, um ano após a sua morte. Anunciou que estava estudando adotar represálias contra "um governo lacaio" da região. Horas depois, confirmou que romperia relações diplomáticas com o Panamá, cujo governo solicitou uma reunião para examinar a crise da Venezuela, desatada pelos protestos estudantis e sua repressão, através de seu representante diplomático na OEA. "Depois que não venham reclamar e se fazer de vítima porque pelas vias diplomáticas comunicamos a opinião do governo revolucionário da Venezuela", disse.

Ele estava acompanhado no ato dos presidentes de Cuba, Raúl Castro; da Bolívia, Evo Morales; e do Suriname, Dési Bouterse. Grupos de oposição — ignorando a instrução oficial da coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática de não se realizar atividades durante a jornada, “para respeitar os sentimentos de uma parte do país”— anunciaram que bloqueariam ruas e avenidas da capital para impedir ou entorpecer os deslocamentos dos mandatários, designadamente, de Castro, a quem assinalam como mentor do regime bolivariano. Efetivamente, muitas vias de Caracas, sobretudo em seus bairros de classe média, amanheceram fechadas com barricadas rudimentares.

A exibição de cunho nacionalista de Maduro ocorreu diante dos convidados internacionais como os presidentes de Cuba, Bolívia e Nicarágua, aliados da revolução bolivariana. "Somos um povo pacifista, mas também somos um povo sedento por defender os nossos direitos", ele gritou. O tom do discurso do sucessor de Hugo Chávez tinha pouco a ver com os seus convites conciliatórios feitos nos últimos dias, para conversar com a oposição. Os protestos ameaçaram estragar os preparativos para a comemoração dos eventos do aniversário.

Grupos da oposição - desobedecendo a determinação da Mesa da Unidade Democrática (MUD) de não haver atividades durante o dia para "respeitar os sentimentos de uma parte do país" - anunciaram que iriam bloquear as ruas e avenidas da capital venezuelana para impedir ou dificultar o movimento dos presidentes, em particular, Raúl Castro, conhecido como o mentor do regime bolivariano.

Muitas avenidas de Caracas, especialmente as áreas da classe média, amanheceram fechadas por barricadas. Apesar disso, os poucos convidados internacionais, incluindo o vice-presidente argentino Amado Boudou, e o representante especial do governo brasileiro, Marco Aurélio Garcia, chegaram ao desfile sem problemas, Maduro denunciou a tentativa de sabotagem por "parte de um grupinho de fascistas" em quatro cidades, incluindo "Gran Caracas". Ele disse que a conspiração havia sido derrotada e saudou a prisão de "vários chefes desses grupos violentos (...) Os prisioneiros, bem, esses estão presos."

Na parte da tarde, existiam vários bloqueios e focos de manifestações em diferentes partes de Caracas, bem como outras cidades do interior, como Valência, Maracaibo e Barquisimeto. Maduro pediu à Unidades de Batalha Bolívar Chávez (UBCh) e a outros grupos de base para colaborar com o que rege o trabalho de restaurar a ordem.

Os ataques verbais do presidente venezuelano ocorreram antes iniciar o desfile militar no Paseo de Los Próceres, a sudoeste de Caracas. Na parada, ele destacou o novo armamento adquirido pela Venezuela, vindo da Rússia, incluindo mísseis terra-ar, Sukhoi T72 blindado e versões mais atualizadas de outras armas. Também desfilaram os beneficiados das missões de assistência social do governo e funcionários da milícia Bolivariana. As intervenções belicosas foram intercaladas com shows de cantores de música pop e apresentações folclóricas.

Mais tarde, às 16h25 , na exata hora em que Chávez morreu, de acordo com a versão oficial, os atos comemorativos seguiram para o Quartel da Montanha, antigo Museu Histórico Militar, convertido, desde o ano passado, no mausoléu do comandante. As tradicionais salvas de artilharia precederam a intervenção do presidente da Bolívia, Evo Morales, orador de honra e amigo do falecido presidente. Também chegaram para o evento o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega (que não se veia em público há vários dias), e o primeiro-ministro da Jamaica, Portia Simpson-Miller, que também falou no túmulo que guarda os restos mortais do ex-tenente coronel.

A programação do dia será concluída à noite, com a estreia do documentário Meu amigo Hugo. Uma produção do canal Telesur, financiado pela Venezuela, dirigido pelo cineasta norte-americano Oliver Stone, conhecido simpatizante do processo bolivariano.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_