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O governo da Venezuela lança uma ofensiva contra a oposição em Táchira

A escassez é a cada vez mais evidente nas imensas filas dos estabelecimentos que ainda estão abertos

San Cristóbal -
Um supermercado de San Cristóbal, colapsado.
Um supermercado de San Cristóbal, colapsado.Miguel Jorge Castellanos (EFE)

O governo da Venezuela iniciou uma ofensiva para liberar as principais vias de San Cristóbal e da cidade vizinha de Táriba para tentar fazer os habitantes voltarem a suas vidas normais, algo que não ocorre há três semanas pelos intensos protestos contra o governo de Nicolás Maduro.

Com a inestimável ajuda dos coletivos –as brigadas de choque do chavismo- o Governo retomou algumas posições em Táriba, uma cidade de ar colonial em uma montanha vizinha à capital do estado Táchira. Ali também são muito evidentes as barricadas que impedem a circulação e tornam a vida do transeunte difícil. Isto não é uma surpresa. Nas eleições de dezembro de 2013, o candidato presidencial da oposição Henrique Capriles conseguiu 25 pontos de vantagem sobre Nicolás Maduro, ganhador com resultados apertados. Os choques, no entanto, não ocorreram na parte alta mas na base da montanha.

Como sempre, há duas versões dos fatos que não coincidem. As duas versões, uma oferecida pelos opositores que mantiveram a via que comunica San Cristóbal com La Fría fechada durante horas e outra de um servidor público da Polícia Nacional Bolivariana, só coincidem em um ponto. Alguns vizinhos, fartos do fechamento das vias, decidiram levantar as barricadas à força. Desde longe se ouviam explosões e grupos de motoristas acelerando suas motos. Houve disparos de armas de fogo, um veículo incendiado e muita fumaça nas redondezas da residência Don Luis. Ao final da tarde, uma equipe da Televisão Espanhola, formada por Luis Fernando Pérez López e Diego Franco, foi detida pelos coletivos em um edifício da zona. As autoridades se negavam a resgatá-los porque desde os andares superiores do prédio jogavam tijolos e objetos.

Em qualquer caso, o governo aproveitou esta situação para abrir o caminho e permitir a livre circulação. A preocupação do governo regional, encabeçado por José Gregorio Vielma Mora, do partido de Maduro, reside nos problemas ocasionados pelo corte de vias, que obstruiu a distribuição dos alimentos. A escassez é a cada vez mais evidente nas imensas filas que se formam do lado de fora de muitos estabelecimentos que continuam  abertos e que, além disso, fecham à uma da tarde. Em uma nota de imprensa o mandatário anunciou que pedia aos supermercados que estendessem seu horário de trabalho para evitar as aglomerações.

Durante a noite o governo tentou tomar a posição da zona opositora mais resistente da cidade, localizada na interseção das avenidas Carabobo e Ferrero Tamayo. Os vizinhos afirmavam que houve disparos e que ouviram o estrondo de morteiros às 19h, hora local. Os estudantes não perderam o controle do local. A polícial desmontou duas barricadas e se retirou. Foi um primeiro aviso do que poderia acontecer depois do final do feriado do Carnaval. O governador Vielma Mora anunciou a saída da polícia do Estado Táchira às ruas nesta terça-feira para proteger o transporte público, que não funciona há três semanas. Na quarta-feira cumpre um ano da morte de Hugo Chávez e o governo regional quer comemorar a data com as vias liberadas.

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