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Morre Mikhail Kalashnikov, inventor da arma mais usada no mundo

Sua arma é a mais usada no mundo, com mais de 90 milhões de unidades fabricadas Faleceu aos 94 anos em um hospital da república russa de Udmúrtia

Kalashnikov posa com o último modelo de sua arma, em 2006.
Kalashnikov posa com o último modelo de sua arma, em 2006.SERGEI KARPUKHIN (REUTERS)

Mikhail Kalashnikov, o inventor do fuzil de assalto AK-47 (de Avtomat Kalashnikova modelo 47), o mais utilizado no mundo, morreu nesta segunda-feira aos 94 anos em um hospital da república russa de Udmúrtia. Victor Chulkov, porta-voz do presidente e do Governo de Udmúrtia, postou no Facebook que o desenhador de armas faleceu "depois de uma longa e grave doença". Kalashnikov estava internado desde 17 de novembro, para ser submetido a tratamento por uma hemorragia estomacal.

Nasceu em 1919 na cidade de Kurya, perto da fronteira com o Cazaquistão. Foi o sétimo de 19 irmãos, e ainda criança foi deportado junto com sua família para a Sibéria. Combateu na Segunda Guerra Mundial e foi ferido na batalha de Briansk. Foi então, durante um período de convalescência, que desenhou uma nova arma que chamou a atenção dos chefes militares. Kalashnikov foi trasladado ao instituto de Aviação de Moscou onde, em 1943, concluiu a fabricação do novo fuzil, embora este não tenha sido adotado até 1949 pelo Exército Vermelho, que o distribuiu de forma maciça a suas unidades cinco anos depois. A União Soviética o condecorou com a Ordem de Stalin.

O AK-47 foi adotado também pelos Estados-membros do Pacto de Varsóvia como arma principal de sua infantaria. Atualmente se encontra em uso em mais de 50 países. Pouco depois de sua criação, o fuzil se tornou o predileto dos guerrilheiros e movimentos de inspiração comunista, que foram abastecidos com essa arma em grande parte pela União Soviética. Um detalhe: os contornos do AK-47 aparecem na bandeira de Moçambique.

O fuzil foi fabricado em cerca de vinte países, da China à Bulgária, passando por Albânia, Sérvia e Paquistão. Inclusive há empresas nos EUA que o produzem para compradores privados. Ao todo, estima-se que foram fabricadas mais de 90 milhões de unidades, incluindo falsificações das quais o próprio Kalashnikov se orgulhava.

O sucesso do invento de Kalashnikov se deve à facilidade com que pode ser produzido e à sua fiabilidade. Resistente aos golpes e capaz de funcionar nas condições mais adversas, diz-se que ele podia atirar inclusive após ser atropelado por um tanque. Seja como for, aqueles que fizeram uso dele, os soldados, louvaram suas propriedades. Inclusive os militares norte-americanos que combateram na guerra do Vietnã não duvidavam em se desfazer de suas carabinas e substituí-las por um AK- 47 roubado de um inimigo morto.

Kalashnikov trabalhou a maior parte de sua carreira militar como desenhador de armas para o Exército, no qual atingiu o grau de general. Nunca ganhou dinheiro com seu invento, cuja propriedade é estatal. Seus compatriotas, isso sim, quiseram homenageá-lo e em 2009 foi condecorado pelo então presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, com a maior distinção do país, a de Herói da Federação Russa.

Em 2007, e por ocasião dos 60 anos do registro oficial de seu fuzil, o engenheiro reconheceu que os verdadeiros responsáveis por seu invento foram os nazistas, ao invadir seu país, porque sua autêntica vocação era projetar maquinário agrícola.

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