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Dilma Rousseff: “Mandela inspirou a luta no Brasil e na América do Sul”

Em seu discurso, Barack Obama disse que "há líderes que louvam Mandela, mas não tolera a dissidência", durante homenagem ao líder sul-africano

A presidenta Dilma Rousseff fez um discurso na cerimônia em homenagem a Nelson Mandela, destacando que Madiba foi "a personalidade maior do século 20", e que o líder sul-africano "inspirou a luta no Brasil e na América do Sul".

Dilma foi ao estádio de futebol Cidade de Soweto, onde aconteceu a homenagem ao líder, junto com outros quatro ex-presidentes do Brasil, Lula (2003 - 2010), Fernando Henrique (1995 - 2002), Fernando Collor de Melo (1990 - 1992) e José Sarney (1985 - 1990). "Mandela conduziu com paixão e inteligência um dos mais importantes processos de emancipação do ser humano na história contemporânea, o fim do apartheid na África do Sul", disse a mandatária brasileira em seu discurso, que durou cerca de dez minutos.

"Madiba constituiu exemplo e referência para todos nós, pela estoica paciência com que suportou o cárcere e o sofrimento, pelo profundo compromisso com a justiça e a paz, e, sobretudo, por sua superioridade moral e ética", disse a presidenta, que, ao final, gritou "Viva Mandela!".

A presidenta discursou como representante da América do Sul e também como integrante dos Brics (Brasil, Índia, Rússia, China e África do Sul). Os representantes dos governos da Índia e da China também discursaram.

Os mandatários fizeram parte de uma delegação de cerca de cem chefes de Estado, entre eles, o presidente dos EUA, Barack Obama, que classificou Mandela  como "o gigante da justiça", recordando que há diversos líderes que manifestam sua solidariedade à luta que livrou Mandela, "mas não toleram a dissidência de seu próprio povo".

Após o discurso, Obama cumprimentou Dilma com um beijo no rosto e o líder cubano Raúl Castro com um aperto de mão.

A cidade sul-africana queria dar a Mandela um adeus feito pelo alto, como demonstrou nos cinco dias de luto oficial que ocorre desde que faleceu, na noite da quinta-feira, aos 95 anos. Mas as condições meteorológicas não foram as mais atraentes. A chuva que caia desde segunda-feira à noite, complicou o prólogo do funeral popular.

O ato começou com uma hora de atraso. O hino nacional sul-africano abriu a cerimônia debaixo de uma chuva intensa que não impediu, no entanto, que cerca de 65.000 pessoas ocupassem as arquibancadas, aproximadamente três quartos da capacidade do estádio de Soweto.

A família e os chefes de Estado que participaram do ato estavam sentados debaixo de toldos em um canto do campo de futebol. Na primeira fila, estavam o Príncipe Felipe e os herdeiros da Noruega e Suécia, entre outros.

Depois do hino, começou a cerimônia inter-religiosa, na qual estava um rabino, um muçulmano e uma autoridade católica em uma mostra da unidade que defendeu Mandela durante toda sua vida.

O presidente sul-africano, Jacob Zuma, recebeu a maior das vaias em sua entrada no estádio, enquanto a ex-mulher de Mandela, Winnie teve o mais caloroso dos acolhimentos. Zuma também foi vaiado enquanto pronunciava seu discurso.

Winnie protagonizou uma das imagens mais emocionantes da manhã, quando deu as boas-vindas à viúva, Graça Machel, com um longo e emotivo abraço. Apesar de estar separada de Madiba há mais de duas décadas, Winnie e Mandela mantinham um relacionamento estreito. De fato, Winnie vinha visitando o ex-marido assiduamente durante os seis meses em que ele entrou em estado crítico, até que no último dia 5 faleceu em sua casa, no bairro de Houghton aos 95 anos.

O estádio City Soweto abriu  as portas pouco depois das seis da manhã, mas, horas antes, milhares de pessoas já esperavam debaixo de uma chuva intensa e baixas temperaturas invernais, apesar de ser verão. Mais uma vez, os sul-africanos tentaram melhorar a cara do mau tempo e passaram a cantar músicas ao estilo gospel e canções tradicionais.

Obedecendo às indicações da organização, milhares de cidadãos chegaram no estádio aos poucos, andando, utilizando os ônibus habilitados ou estacionando a alguns quilômetros de distância. Chegaram com agasalhos e gorros de lã, porque realmente as temperaturas caíram, e tentaram ocupar as localidades cobertas. Um mar de guardas-chuvas cobre os assentos de cor laranja do estádio, onde, em julho de 2010, Mandela fez seu último aparecimento em público no final do Mundial de Futebol que ganhou a seleção espanhola.

A Espanha estava representada - além do príncipe das Astúrias, Felipe de Borbón - pelo presidente do Governo, Mariano Rajoy, que chegaram pela manhã a Johannesburgo.

Entre as autoridades, figuraram também o primeiro-ministro britânico, o presidente francês, três ex-presidentes de EUA, Bono, Peter Gabriel, Naomi Campbell, Bill Gates e Oprah Winfrey.

A música começou a animar o público, que respondia como o veio fazendo desde que se declarou o luto. As duas telas ofereceram imagens da entrada do estádio e a cada vez que aparecia algum familiar de Mandela, ou uma das personalidades convidadas, as pessoas aplaudiam.

A cerimônia começou com o hino nacional e seguiu com uma prece inter-religiosa que deu passo aos discursos.

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