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A Casa Branca pede às aéreas dos EUA que notifiquem seus voos à China

O governo norte-americano toma essa decisão após Pequim enviar caças para patrulhar seu novo espaço aéreo, cujas coordenadas modificou na semana passada

Eva Saiz
Uma das ilhas do mar da China Oriental disputadas pelo Japão e a China.
Uma das ilhas do mar da China Oriental disputadas pelo Japão e a China.HIROYA SHIMOJI (EFE)

O Governo dos Estados Unidos pediu às companhias aéreas comerciais nacionais que cumpram com as exigências estabelecidas pela China e notifiquem ao país asiático os voos que as empresas realizarão sobre o novo espaço aéreo cujas coordenadas Pequim modificou na semana passada, segundo membros de alto escalão da Casa Branca citados pelo New York Times. A administração Obama tomou essa decisão após o Governo chinês anunciar o envio de caças à área em disputa do mar da China Oriental. O objetivo norte-americano é evitar incidentes indesejados que possam colocar em perigo os passageiros civis.

A decisão dos EUA contrasta com a do Japão, que pediu às companhias aéreas do país que não cumpram com as demandas chinesas, tal e como começavam a fazer de forma voluntária. Embora a China não tenha manifestado expressamente sua intenção de atacar as linhas aéreas comerciais que sobrevoarem sua nova zona aérea, a resolução da Casa Branca é contemplada como uma medida de prudência para evitar acidentes indesejados que contribuam para aumentar a tensão na região.

O Pentágono, no entanto, não tem intenção de interromper os voos militares de reconhecimento que, insiste, são manobras ordinárias mas que supõem um claro desafio ao novo espaço aéreo determinado de forma unilateral pela China. "Essas operações atendem a nossas políticas de liberdade de tráfego aplicadas em muitas áreas ao redor do mundo e posso confirmar que continuaremos com elas como de costume", afirmou nesta sexta-feira o responsável pelo comando norte-americano do Pacífico, o almirante Samuel Locklear. Essas missões têm como objetivo controlar as práticas militares e aéreas chinesas para garantir a segurança de diferentes partes da região, entre elas a Coreia do Sul.

Nos últimos dias, os EUA, o Japão e a Coreia do Sul realizaram várias operações desse tipo. “Continuaremos trabalhando com nossos aliados e realizando operações na área”, indicou nesta sexta-feira um porta-voz do Departamento de Defesa. No início desta semana, o Pentágono enviou dois B-52 à nova zona aérea determinada por China, sem informar ao Governo do país asiático, desafiando a autoridade chinesa e enviando uma mensagem clara a Pequim de que em sua nova tentativa de assumir a titularidade de várias ilhas do mar da China, disputada por chineses e o Japão, os EUA ficariam do lado deste último, embora tenham pedido, publicamente, uma solução pacífica a respeito.

O vice-presidente norte-americano, Joe Biden, viajará à Ásia na próxima semana em uma excursão que abrangerá China, Japão e Coreia do Sul. "O vice-presidente deixará claro seu sólido compromisso com nossos aliados", informou o seu Gabinete. Está previsto que Biden se reúna com o presidente Xi Jinping, ao qual transmitirá a preocupação internacional sobre o novo espaço aéreo. "Os EUA acreditam que reduzir a tensão na região é uma prioridade e se encontra dentro de nossos mais profundos interesses", afirmaram membros do gabinete do vice-presidente.

Os EUA optaram por manter uma posição de neutralidade no conflito das ilhas do Pacífico. O anúncio da nova zona aérea da China é contemplado em Washington como uma oportunidade para demonstrar seu compromisso com seus aliados na Ásia, relativizando o peso da influência de Pequim na região e reforçando, assim, sua própria presença na mesma.

O presidente Barack Obama reiterou que a prioridade da política exterior de sua administração era a Ásia, mas a guerra na Síria, as negociações sobre o programa nuclear iraniano, as revoltas no Egito ou o reativado processo de paz entre Israel e Palestina o obrigaram a desviar a atenção, de novo, para o Oriente Médio.

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