João Doria prorroga quarentena em São Paulo contra a Covid-19 até 22 de abril e diz que PM poderá agir
Mesmo com medidas de isolamento, projeção é que 111.000 pessoas devem morrer em São Paulo nos próximos 180 dias em decorrência do coronavírus


O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou nesta segunda-feira a prorrogação da quarentena como prevenção contra o coronavírus, decretada em 24 de março em todo o Estado, por mais 15 dias, até 22 de abril. Ele também afirmou que a Polícia Militar está autorizada a agir, se necessário, para evitar aglomerações. “Primeiro, com orientações”, disse. “A segunda etapa serão medidas coercitivas podendo penalizar as pessoas com penas previstas em lei, que podem inclusive levar à prisão”, afirmou. “A orientação é aumentar o rigor. Se houver necessidade de mais medidas restritivas não teremos hesitação em fazer”.
São Paulo tinha até esta segunda ao menos 4.620 casos confirmados e 275 mortes notificadas em decorrência do coronavírus. Dos confirmados, 572 pessoas estão na unidade de terapia intensiva (UTI). Segundo o secretario de Saúde do Estado, José Henrique Germann, o número de infectados no Estado poderia ser 10 vezes maior caso as medidas de isolamento social não tivessem sido decretadas. As projeções, ainda assim, são alarmantes: calcula-se que ao menos 111.000 pessoas morram no Estado em decorrência da doença nos próximos seis meses, número que poderia chegar em 277.000 sem a quarentena, de acordo com Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan.
Apesar de os números crescerem por todo o país, neste domingo, São Paulo registrou uma manifestação de cerca de 200 pessoas que se aglomeraram na avenida Paulista e depois foram até a Assembleia Legislativa do Estado pedir pelo fim da quarentena. Somou-se a isso o alto movimento em praças e ruas na capital. No início da entrevista coletiva desta segunda, o governador novamente criticou aqueles que são contra o isolamento social, que têm como figura principal o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). “Será que um único presidente da República no mundo é o certo?”, questionou o governador. Ainda no domingo, Bolsonaro participou de um jejum religioso e de uma roda de orações contra o coronavírus e não mudou de ideia sobre defender o fim da quarentena.
Doria respondeu também ao grupo que se manifestou contra ele no domingo e aos que apoiam o fim do isolamento. “Aqueles que incentivam a vida normal, aqueles que me pressionam para que possamos agir contra os nossos princípios e os da medicina. A eles eu pergunto: vocês estão preparados para assinarem os atestados de óbito dos brasileiros? Vocês estão preparados para carregarem os caixões com as vítimas do coronavírus? Vocês que minimizam a crise que estamos enfrentando, vão carregar as vítimas?”.
A quarentena prorrogada nesta segunda-feira é a mesma decretada em 24 de março e que terminaria nesta terça-feira, 7 de abril: determina o fechamento de todos os serviços não essenciais, permitindo que restaurantes, bares e cafés funcionem somente com o serviço de entrega. O prefeito da capital paulista, Bruno Covas (PSDB), afirmou que 46 estabelecimentos já foram interditados por desobedecerem a determinação. Ele complementou que a fiscalização continuará sendo realizada, e, para os reincidentes, os alvarás serão cassados.
Doria, que vem dizendo que suas medidas são baseadas na ciência e não em posições políticas, levou para a coletiva desta segunda-feira alguns especialistas que apresentaram dados sobre a importância do isolamento social no controle da pandemia. Além desses especialistas, estava presente o médico David Uip, coordenador do centro de contingência do coronavírus em São Paulo, e que estava afastado do trabalho desde 23 de março, quando testou positivo para a Covid-19. Curado, o médico afirmou que seus sintomas o impediram de ficar até mesmo em pé. “Foram duas semanas difíceis e de sofrimento”, disse. Ele foi tratado, dentre outros profissionais, pelo cardiologista Roberto Kalil, que, no último dia 30, também foi diagnosticado com a Covid-19.
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