Caos se apodera de Washington na sessão para confirmar vitória de Joe Biden
Dezenas de simpatizantes do presidente invadem o Capitólio enquanto os legisladores confirmavam a vitória de Joe Biden
O caos se apoderou de Washington na quarta-feira quando o Congresso se dispunha a confirmar o democrata Joe Biden como próximo presidente, uma formalidade que normalmente ocorre sem maiores problemas e que neste 6 de janeiro de 2021 ficará escrito nos livros de história. Milhares de seguidores de Donald Trump, atiçados por suas acusações infundadas de fraude eleitoral, cercaram o Capitólio e ultrapassaram violentamente os cordões policiais, provocando confrontos dentro do edifício. A sessão foi suspensa, o vice-presidente, Mike Pence, evacuado, a cidade decretou toque de recolher e o mundo viu uma imagem incomum dos Estados Unidos, o país que se orgulha de ser a maior democracia do mundo.
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Milhares de seguidores de Trump se concentraram no começo da manhã diante da Casa Branca, onde esperavam para escutar as palavras do presidente em final de mandato, que ainda insiste nas acusações infundadas de fraude e atiça seu público contra o resultado eleitoral.
O centro da cidade foi tomado pelos sons de sirenes, enquanto a televisão começava a mostrar imagens de seguidores trumpistas, com seus bonés vermelhos com o lema Make America Great Again, no interior do edifício. Fora, entre as colunas, uma multidão ondeava desafiante as bandeiras, uma imagem impressionante na que se orgulha de ser a maior democracia do mundo. Já com a situação descontrolada, o próprio Trump pediu calma aos seus seguidores para que protestem pacificamente.
“Nunca nos renderemos, nunca reconheceremos [a vitória de Biden]”, enfatizou antes o magnata nova-iorquino diante da multidão pela manhã. Após sua fala, os trumpistas percorreram a longa Avenida Constituição em direção ao Capitólio, onde a Câmara de Representantes e o Senado se reuniam conjuntamente para contar os votos enviados por cada Estado, uma formalidade antes da posse de Biden. Ao chegar ao imponente edifício, saíram faíscas.
“Não houve transparência, as irregularidades não foram vistas, os votos supostamente depositados por pessoas falecidas. Se Trump realmente perdeu, eu aceito, mas não sabemos”, se queixou no começo da manhã John Kayne, de 29 anos, que dirigiu por 14 horas de Iowa para participar da manifestação.
Ao ouvir que nenhum tribunal dos Estados Unidos encontrou prova de fraude suficiente para mudar o resultado eleitoral; que as autoridades locais ―muitas delas, republicanas― também certificaram a realização das eleições; e que o Departamento de Justiça também não observou irregularidades, respondeu que “ninguém quis se envolver nisso, por alguma razão, política ou de segurança”. “Nós somos os únicos que continuamos aqui”, disse.