Vitórias na quadra e no vôlei de praia masculino e feminino puxam avanço do Brasil em Tóquio
O ginasta Arthur Nory e a esgrimista Nathalie Moellhausen tinham chances de medalha, mas caíram na primeira fase. Seleção feminina de futebol empatou e encaminhou a classificação
Oficialmente abertos com a cerimônia na capital japonesa, os Jogos Olímpicos Tóquio 2020 trouxeram uma série de provas para o Brasil que movimentaram a noite, madrugada e manhã desta sexta-feira (23) para sábado (24). A seleção brasileira de vôlei masculino estreou nesta sexta com vitória sobre a Tunísia por 3 a 0. O time comandado pelo treinador Renan Dal Zotto manteve bem o jogo, embora tenha demorado para engrenar. Venceu por uma diferença pequena nos primeiros dois sets (25 a 22 e 25 a 20) os tunisianos, tidos como os mais fracos da chave do Brasil. Só no terceiro set a equipe se encontrou, vencendo por 25 a 15. Wallace liderou a pontuação, com 11 pontos marcados, seguido por Douglas Souza, que marcou 10 pontos depois de sair do banco de reservas.
O jogo firmou a volta de Renan ao comando da seleção após passar mais de dois meses internado em decorrência da covid-19. O ex-jogador já viveu na pele o desafio olímpico pelo Brasil nos Jogos de Los Angeles, quando o Brasil ficou em segundo lugar no pódio. Abriu caminho para que o país adotasse o vôlei quase como um segundo esporte nacional, depois do futebol. Renan fez parte da geração de prata do vôlei nos anos 80, que abriu o caminho para a geração de ouro do vôlei brasileiro. O Brasil já conquistou três pratas em Jogos Olímpicos, e três ouros, o último no Rio de Janeiro em 2016.
É com essa pressão que o time capitaneado por Bruninho, filho do ex-treinador da seleção Bernardinho, busca um inédito bicampeonato. Seria o terceiro ouro do vôlei masculino brasileiro em Olimpíadas nas últimas cinco edições. O Brasil volta às quadras na próxima segunda-feira, às 9h45 (horário de Brasília), contra a Argentina. Ainda encara Estados Unidos, França e Rússia na primeira fase.
Os bons resultados da quadra se repetiram na areia. Primeiro, a dupla Alison e Álvaro venceu os argentinos Julian Azaad e Nicolas Capogrosso por 2 sets a 0 (parciais de 21 a 16 e 21 a 17). Alison busca a segunda medalha de ouro olímpica, já que foi campeão em 2016 ao lado de Bruno Schmidt.
Também o vôlei feminino, com as duplas Agatha e Duda passaram pelas argentinas. As brasileiras são favoritas ao ouro na modalidade e estrearam com vitória por 2 a 0 (21 a 19 e 21 a 11) sobre Ana Gallay e Fernanda Pereyra. As duas duplas avançaram para a próxima fase, programada para a madrugada de terça-feira, e deixam os brasileiros com água na boca com as esperanças de medalha no esporte.
Ginástica confirma quatro vagas nas finais, mas Nory é eliminado
Uma das maiores surpresas da participação brasileira em Tóquio aconteceu já no primeiro dia da ginástica artística. Arthur Nory, que é campeão mundial nas barras fixas, ficou fora da final individual do aparelho. O ginasta ficou apenas em 11º lugar com a apresentação na madrugada deste sábado, enquanto oito atletas se classificaram para a decisão. Em 2015, Nory protagonizou um episódio de racismo contra o colega de esporte, Angelo Assumpção. Após a eliminação precoce, o ginasta desabafou pelos xingamentos que recebe até hoje nas redes sociais. “Eu tive muito medo, fiquei muito acuado para tudo. Eu estou abrindo meu coração de verdade. Tudo o que aconteceu na minha história desde o episódio de racismo de 2015, que vem à tona sempre que eu apareço. Então é um processo de amadurecimento diário, de entender e melhorar”, disse em entrevista à TV Globo. “Venho tomando muita paulada agora e não vou mais me esconder. A gente tem que buscar esses erros e melhorar. Assim como no esporte. Mas, no esporte, essa chance é só de quatro em quatro anos”, lamentou.
Por outro lado, os brasileiros conquistaram quatro vagas nas finais da ginástica. Na prova individual geral, garantiram presença Caio Souza e Diogo Soares. Caio também estará na final do salto. E Arthur Zanetti se garantiu na briga por medalhas na prova de argolas. Zanetti busca ser o primeiro atleta da modalidade a conquistar três medalhas olímpicas. Ele foi ouro em 2012, prata em 2016 e está novamente cotado para o pódio. As finais estão marcadas para a manhã de quarta-feira (28).
Seleção feminina joga bem, empata e encaminha classificação
A seleção brasileira feminina empatou por 3 a 3 contra a Holanda na manhã deste sábado, em Miyagi, no que foi o maior desafio do time de Pia Sundhage até aqui. As holandesas são tidas como favoritas ao pódio olímpico por serem as atuais vice-campeãs do mundo. O resultado aproxima a equipe capitaneada por Marta e Formiga da classificação para as quartas de final, já que o Brasil estreou vencendo a China por 5 a 0 e agora pega a equipe mais fraca da chave, a Zâmbia. O próximo compromisso do Brasil feminino é nesta terça, às 8h30 (horário de Brasília).
O jogo contra a Holanda começou complicado para as brasileiras, com Miedema abrindo o placar logo aos 2 minutos. Debinha empatou, mas Miedema voltou a deixar as holandesas na frente no início do segundo tempo. A reação foi imediata: Marta voltou a igualar o placar comprando pênalti, marcado com auxílio do VAR. Ludmila, aproveitando o vacilo da defesa, virou para 3 a 2 aos 32 minutos da etapa final. Mas, antes de acabar, Janssen marcou um golaço de falta e fechou o empate em 3 a 3.
Frustrações no judô, esgrima, tênis e handebol
O judô é um dos esportes que mais deu medalhas ao Brasil na história olímpica, mas começou com duas eliminações na madrugada deste sábado. Eric Takabatake perdeu na segunda rodada da categoria até 60kg para o sul-coreano Kim Won-Jin, enquanto Gabriela Chibana perdeu para a atleta do Kosovo, Distria Krasniqi, na modalidade até 48kg. Nenhum dos dois tem mais chance de medalha.
Nathalie Moellhausen era uma das mais cotadas para chegar ao pódio na esgrima feminina, mas deu azar no torneio e caiu logo de cara contra a italiana Rossella Fiamingo. A italiana é campeã mundial e medalhista de prata em 2016. Nathalie perdeu por 10 a 9 na prorrogação e deu adeus à Olimpíada na sua primeira luta. “Esse foi o melhor combate que fiz com ela. Perder por um toque assim, tendo entendido a estratégia e o jeito de jogar, é uma pena”, lamentou a brasileira.
As expectativas eram menores no tênis, onde o Brasil não era favorito em nenhum confronto. Mas a dupla Laura Pigossi e Luisa Stefani conseguiu vencer, avançando à segunda rodada ao enfrentar as favoritas canadenses Gabriela Dabrowski e Sharon Fichman. A vitória foi por 2 sets a 0, com parciais de 7-6 e 6-4 para as brasileiras. Na próxima fase, que ainda não tem data definida, aguardam a dupla vencedora do confronto entre Karolina Pliskova e Marketa Vondrousova (República Tcheca) e Ying-Ying Duan e Saisai Zheng (China).
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Clique aquiJoão Menezes, número 217 do mundo, encarou o croata Marin Cilic, número 36. Mesmo assim, Menezes surpreendeu e vendeu muito caro uma derrota por 2 sets a 1. O brasileiro foi derrotado somente no tie break, última e decisiva parte do set de desempate. O compatriota Thiago Monteiro caiu para o alemão Jan Struff na primeira rodada, e a dupla Marcelo Melo e Marcelo Demoliner perdeu para uma dupla croata.
Por sua vez, a seleção de handebol masculino estreou perdendo por 27 a 24 para a Noruega, uma derrota esperada. O Brasil segue no torneio e enfrenta a França na noite de domingo (25) em outro duelo muito complicado.
123 casos de covid-19
O comitê organizador dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 anunciou neste sábado que 123 pessoas relacionadas às Olimpíadas testaram positivo para a covid-19 desde o início de julho. De ontem para hoje, foram detectados 17 casos, sendo um atleta, um inquilino da Vila Olímpica e 15 trabalhadores. A realização dos Jogos ocasionou protestos da população japonesa desde o início do ano, inclusive nos arredores do estádio olímpico de Tóquio durante a cerimônia de abertura nesta sexta-feira. O país registrou 826.000 contágios e 15.000 mortos desde o início da pandemia, mas vive um recrudescimento de casos com 4.000 confirmados no dia da abertura olímpica. (Europa Press)
O dia de competições no Japão acaba com a China liderando o quadro de medalhas, com três ouros. É a primeira vez que os Estados Unidos não ganham uma medalha de ouro no primeiro dia de competições desde 1972, na Olimpíada de Munique.
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