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FMI prevê para este ano a maior recessão desde a Grande Depressão de 1929

A diretora-gerente do Fundo, Kristalina Georgieva, traça um panorama ainda mais sombrio que o de duas semanas atrás

Pablo Guimón
A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, em imagem de arquivo.
A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, em imagem de arquivo.Reuters
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O mundo enfrenta “uma crise como nenhuma outra”. A pandemia do coronavírus “alterou a ordem econômica e social na velocidade de um raio”, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), e provocará um impacto na economia global que será o maior desde a Grande Depressão dos anos trinta do século passado. A diretora-gerente do Fundo, Kristalina Georgieva, traçou um cenário ainda mais obscuro que o previsto há apenas duas semanas.

Alguns meses atrás, recordou Georgieva numa mensagem difundida pela Internet, o FMI esperava para este ano um crescimento positivo da renda per capita em 160 dos 189 países membros. “Hoje, este número se inverteu: projetamos que mais de 170 países terão crescimento negativo este ano”, afirma. Continua havendo “uma extraordinária incerteza” sobre a profundidade e a duração da crise, advertiu, mas já existe algo claro: “O crescimento global se tornará bruscamente negativo em 2020, e antecipamos as piores consequências econômicas desde a Grande Depressão.”

A “previsão lúgubre”, disse a economista, aplica-se tanto às economias em desenvolvimento como às avançadas. “Mas, assim como a crise sanitária golpeia sobretudo os mais vulneráveis, a crise econômica também golpeará com mais força os países vulneráveis”, afirmou.

“Os mercados emergentes e as nações de baixa renda, por toda a África, a América Latina e boa parte da Ásia, correm alto risco”, prosseguiu Georgieva. “Estimamos que as necessidades brutas de financiamento externo para mercados emergentes e países em desenvolvimento chegarão a dois trilhões de dólares, e eles só podem cobrir uma parte disto por si sós. Precisam de ajuda urgente.”

Segundo a diretora do Fundo, é “alentador” que os Governos tenham passado à ação, injetando estímulos fiscais de cerca de oito trilhões de dólares (cerca de 40 trilhões de reais), e considera que tem havido uma “coordenação significativa”. Georgieva resumiu as prioridades a partir de agora em quatro pontos: primeiro, continuar com as medidas de contenção e apoio aos sistemas de saúde; segundo, proteger as pessoas e empresas afetadas com medidas fiscais e financeiras; terceiro, reduzir o estresse no sistema financeiro e evitar o contágio; e quarto, enquanto se avança na fase de contenção, planejar a recuperação.

Assim, explicou a economista, se a pandemia for dissipada na segunda metade do ano, a previsão de referência do Fundo é a de “uma recuperação parcial em 2021”. Mas ela ressaltou que continua havendo “uma tremenda incerteza” e que há muitos fatores, incluindo a duração da pandemia, que poderiam piorar as projeções.

“Estes são tempos para os quais o FMI foi criado”, declarou Georgieva. Segundo ela, o Fundo coloca a serviço de seus membros sua capacidade de empréstimos de um trilhão de dólares (cinco trilhões de reais). Além disso, duplicou seus fundos de financiamento de emergência para 100 bilhões de dólares (500 bilhões de reais) a fim de atender os pedidos feitos por mais de 90 países. Na semana que vem, o FMI e o Banco Mundial realizarão, de maneira virtual, devido à pandemia, suas reuniões de primavera para abordar as medidas que devem ser tomadas de imediato. Elas determinarão, concluiu Georgieva, “a velocidade e a fortaleza da recuperação”.

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