Telefónica e Tim anunciam ter interesse na compra da rede móvel da brasileira Oi
Aquisição reforçaria a liderança da multinacional espanhola através da Vivo
As filiais no Brasil da espanhola Telefónica e da italiana Tim anunciaram nesta quarta-feira seu interesse em comprar, de maneira conjunta, o negócio de telefonia móvel do grupo brasileiro Oi, que está em recuperação judicial desde 2016, segundo um comunicado ao mercado divulgado em São Paulo pelas duas empresas.
“Telefônica Brasil e Tim manifestaram ao Bank of America Merrill Lynch, assessor financeiro do Grupo Oi, seu interesse em iniciar tratativas com vistas a uma potencial aquisição, em conjunto, do negócio móvel do grupo Oi, no todo ou em parte”, assinalaram.
A Oi é a quarta maior operadora do mercado brasileiro, depois da Vivo (Telefónica), Tim e Claro (América Móvil), com uma cota de 16,2% e 37 milhões de clientes de telefonia móvel. No entanto, a empresa atravessa há quatro anos uma grave crise, que freia seu futuro sozinha. Os ativos móveis do Oi são avaliados, ao todo, em cerca de 18 bilhões de reais, segundo meios financeiros.
A Oi recorreu à Lei de Falências em 2016 para poder continuar operando e, desde então, procurou reorganizar com seus credores o pagamento de uma dívida por 65 bilhões de reais.
A Telefônica Brasil, que opera no país com a marca Vivo, é líder do mercado brasileiro de telefonia móvel, com uma participação de quase 33%, enquanto a Tim Brasil ocupa o terceiro lugar, com uma participação do 23,7%.
A subsidiária da multinacional espanhola afirmou na nota que a transação, se concretizada, “criará valor” para seus acionistas e clientes através de “maior crescimento, geração de eficiências operacionais e melhorias na qualidade do serviço”, acrescentando: “Além disso, contribuirá para o desenvolvimento e competitividade do setor de telecomunicações brasileiro”.
A Tim Brasil se pronunciou nos mesmos termos e assinalou que uma eventual conclusão do negócio também reforçará a “capacidade de investimentos” no mercado brasileiro de telecomunicações.
Sem compromisso
A Oi, por sua vez, afirmou em um comunicado que o movimento está alinhado com a “implementação de seu plano estratégico de transformação de suas operações”. Segundo a operadora, este interesse inicial da Telefônica Brasil e da Tim confirma “a premissa da companhia de que há interesse do mercado em suas operações móveis”. No entanto, ressaltou que “não há nenhum compromisso da Oi”, nem das empresas interessadas, para a “realização de tal compra”.
“Embora possa haver uma evolução de sua análise no futuro para um potencial processo de negociação formal, neste momento a Oi continua analisando todas as alternativas existentes que podem dar mais eficiência à realização de seu plano estratégico”, assinalou.
Dentro do plano de reestruturação com o qual se comprometeu, a Oi pretende se concentrar no negócio de fibra óptica e outros de maior valor agregado.
A Telefônica Brasil já tinha manifestado em outubro que estava disposta a avaliar uma eventual compra de ativos da Oi. A matriz espanhola, comandada por José María Álvarez-Pallete, atravessa seu pior momento na Bolsa. Suas ações são cotadas a menos de 5 euros (26,4 reais) e perderam 40% de seu valor desde o início do ano. No entanto, na sessão desta quarta-feira chegou a subir quase 5%, e fechou em alta de 0,18%.