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Causo Seidi Bissau

Uma escolinha para os meninos carentes em Guiné-Bissau

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Um treinador monta escola de futebol para crianças sem recursos. Uma centena deles comparece diariamente desde o início, há seis meses, e o idealizador da iniciativa já sonha em ampliá-la, porque "o talento pode estar em qualquer lugar"

  • Uma centena de garotos e um grupo de crianças sem recursos vão a cada dia, após o almoço, ao campo de terra no centro de Bissau, capital da Guiné-Bissau, para treinar e jogar futebol.
    1Uma centena de garotos e um grupo de crianças sem recursos vão a cada dia, após o almoço, ao campo de terra no centro de Bissau, capital da Guiné-Bissau, para treinar e jogar futebol.
  • Ao outro lado do campo, onde uma árvore proporciona uma sombra generosa, saltam faíscas de onde operários cortam e soldam metais. Estão construindo traves para gol.
    2Ao outro lado do campo, onde uma árvore proporciona uma sombra generosa, saltam faíscas de onde operários cortam e soldam metais. Estão construindo traves para gol.
  • São 15h no bairro onde antigamente viviam os colonos portugueses em Bissau. Em um campo de terra fina, como a de uma praia paradisíaca, mas de cor avermelhada, uma centena de meninos e crianças treina sua destreza com a bola. Faz muito calor, mas a temperatura infernal e a instabilidade do terreno não são as únicas adversidades.
    3São 15h no bairro onde antigamente viviam os colonos portugueses em Bissau. Em um campo de terra fina, como a de uma praia paradisíaca, mas de cor avermelhada, uma centena de meninos e crianças treina sua destreza com a bola. Faz muito calor, mas a temperatura infernal e a instabilidade do terreno não são as únicas adversidades.
  • As camisetas do Real Madrid abundam no campo. Causo Seidi, impulsionador desta escola de futebol para crianças sem recursos, é torcedor da merengue e abastece os meninos com equipamento do clube.
    4As camisetas do Real Madrid abundam no campo. Causo Seidi, impulsionador desta escola de futebol para crianças sem recursos, é torcedor da merengue e abastece os meninos com equipamento do clube.
  • A pobreza infantil está muito dissenminada na Guiné-Bissau. Segundo o Índice de Pobreza Multidimensional de Unicef, 75% dos menores de 18 anos sofre mais de três privações graves, como não ter acesso a saneamento ou uma casa com teto e chão pavimentado. Mais de 77% com menos de 14 foram vítimas de violência familiar e de trabalho infantil.
    5A pobreza infantil está muito dissenminada na Guiné-Bissau. Segundo o Índice de Pobreza Multidimensional de Unicef, 75% dos menores de 18 anos sofre mais de três privações graves, como não ter acesso a saneamento ou uma casa com teto e chão pavimentado. Mais de 77% com menos de 14 foram vítimas de violência familiar e de trabalho infantil.
  • “Este é um país pobre e não há apoio para as crianças. Se enfadam em casa, aqui são livres para se divertir e acho que isso reduz a criminalidade infantil”, analisa Seidi.
    6“Este é um país pobre e não há apoio para as crianças. Se enfadam em casa, aqui são livres para se divertir e acho que isso reduz a criminalidade infantil”, analisa Seidi.
  • “Comecei como estas crianças, na rua, sem sapatos, sem nada”, explica Causo Seidi em inglês, idioma que aprendeu na década em que residiu na Inglaterra.
    7“Comecei como estas crianças, na rua, sem sapatos, sem nada”, explica Causo Seidi em inglês, idioma que aprendeu na década em que residiu na Inglaterra.
  • Muitas das crianças não calçam chuteiras adequadas para a prática esportiva, e outros vão descalços mesmo. Mas jogam, riem, divertem-se. A alternativa seria a rua.
    8Muitas das crianças não calçam chuteiras adequadas para a prática esportiva, e outros vão descalços mesmo. Mas jogam, riem, divertem-se. A alternativa seria a rua.
  • É comum ver os garotos trabalhando a partir dos 10 anos. Os muçulmanos às vezes são enviados a escolas corânicas (na Guiné-Bissau e em Senegal) onde são obrigados a mendigar e sofrem maus tratos. Acabam se convertendo em crianças talibãs.
    9É comum ver os garotos trabalhando a partir dos 10 anos. Os muçulmanos às vezes são enviados a escolas corânicas (na Guiné-Bissau e em Senegal) onde são obrigados a mendigar e sofrem maus tratos. Acabam se convertendo em crianças talibãs.
  • Seidi sonha com ampliar seu projeto às zonas rurais do país porque "o talento pode estar em qualquer lugar".
    10Seidi sonha com ampliar seu projeto às zonas rurais do país porque "o talento pode estar em qualquer lugar".
  • Alberto Ndi, de 14 anos, é a esperança de Seidi. Nele o treinador enxerga uma futura estrela. “Joga na Ou15, a seleção nacional”, diz o orgulhoso treinador. “Costumava jogar em uma rua estreita há três meses, até me ofereceram vir aqui e aceitei”, explica tímido o garoto. “Quero ser como Messi”.
    11Alberto Ndi, de 14 anos, é a esperança de Seidi. Nele o treinador enxerga uma futura estrela. “Joga na Ou15, a seleção nacional”, diz o orgulhoso treinador. “Costumava jogar em uma rua estreita há três meses, até me ofereceram vir aqui e aceitei”, explica tímido o garoto. “Quero ser como Messi”.
  • Também há garotas no campo treinando, embora posem como modelos fotográficas assim que a câmera lhe foca.
    12Também há garotas no campo treinando, embora posem como modelos fotográficas assim que a câmera lhe foca.
  • Seidi planeja a criação de uma equipe de garotas, mas ainda está em busca de financiamento. Já tem até esboçado o logotipo e o nome do time: Chitas Futebol Feminino.
    13Seidi planeja a criação de uma equipe de garotas, mas ainda está em busca de financiamento. Já tem até esboçado o logotipo e o nome do time: Chitas Futebol Feminino.
  • Quase todas as crianças se vestem de branco, com o equipamento do clube para que Seidi torce, o Real Madrid. O treinador, muçulmano, também diz fazer um trabalho de sensibilização para que seus colegas de religião deixem de proibir as garotas de jogar. "O futebol, o esporte, é bom para elas; pode mudar suas vidas", assegura.
    14Quase todas as crianças se vestem de branco, com o equipamento do clube para que Seidi torce, o Real Madrid. O treinador, muçulmano, também diz fazer um trabalho de sensibilização para que seus colegas de religião deixem de proibir as garotas de jogar. "O futebol, o esporte, é bom para elas; pode mudar suas vidas", assegura.
  • A venda de traves fabricadas no campo ajuda Seidi a financiar sua escola de futebol. Por enquanto, ele as comercializa apenas na Guiné-Bissau, mas não descarta começar a exportar.
    15A venda de traves fabricadas no campo ajuda Seidi a financiar sua escola de futebol. Por enquanto, ele as comercializa apenas na Guiné-Bissau, mas não descarta começar a exportar.
  • Alguns meninos comparecem descalços ao treinamento. Seidi assegura que lhes ajuda com equipamento, e inclusive para pagar por sua educação e comida, entre outras despesas básicas.
    16Alguns meninos comparecem descalços ao treinamento. Seidi assegura que lhes ajuda com equipamento, e inclusive para pagar por sua educação e comida, entre outras despesas básicas.
  • "Estão jogando”, Seidi agita os braços assinalando de um lado a outro. E ele enxerga mais do que isso. “Se você olhar bem para estas crianças da rua, [perceberá que] alguns chegarão à equipe nacional”.
    17"Estão jogando”, Seidi agita os braços assinalando de um lado a outro. E ele enxerga mais do que isso. “Se você olhar bem para estas crianças da rua, [perceberá que] alguns chegarão à equipe nacional”.
  • Nilton Ye, de 32 anos, é um dos oito treinadores voluntários da escola de Seidi. Está encantado com as crianças e, sem emprego, não duvidou em aceitar o trabalho.
    18Nilton Ye, de 32 anos, é um dos oito treinadores voluntários da escola de Seidi. Está encantado com as crianças e, sem emprego, não duvidou em aceitar o trabalho.