A Romênia enfrenta uma grave escassez de moradias sociais. A elitização do centro da cidade e a devolução de propriedades privadas confiscadas durante a era comunista expulsam os inquilinos com poucos recursos. "Todos os anos milhares de pessoas são deslocadas, e no futuro elas serão mais. A acessibilidade econômica da moradia tem que se tornar uma prioridade política. Caso contrário, o que vemos hoje será nada mais do que o princípio da favelização da Roménia", denuncia Adrian Dohoratu, ativista do direito à habitação e atualmente membro do Parlamento.
Os problemas de escassez devem-se em parte à lei de restituição (10/2001), que embora pareça ter apenas efeitos localizados, tem sido muito destrutiva, produzindo ondas de despejos, gentrificações, aumentos no valor dos aluguéis e transformações habitacionais em outros projetos com fins lucrativos. Essa lei foi apoiada pelo discurso anticomunista dominante, que afirma que o regime socialista prejudicou os proprietários entre guerras quando nacionalizaram suas propriedades, e que eles e seus herdeiros têm o direito legítimo de recuperá-los, independentemente do que possa acontecer aos inquilinos que atualmente moram neles. Os vizinhos que agora são afetados por despejos geralmente pertencem a grupos sociais vulneráveis. Os despejos quase não recebem atenção da mídia e as pessoas despejadas são pouco apoiadas pelas autoridades e pela opinião pública, porque o direito à propriedade prevalece sobre o dos inquilinos e porque as pessoas pertencentes a grupos sociais vulneráveis estão sujeitas a um estigma social invisível.