Dúvida sobre veracidade do ataque a Bolsonaro movimenta as redes sociais
Crime gera 3,2 milhões de menções no Twitter, de acordo com relatório da FGV Lula foi o ator político de maior associação ao ataque, citado por conta dos tiros que sua caravana sofreu
Em apenas 16 horas, o ataque ao candidato Jair Bolsonaro (PSL) se tornou o evento brasileiro de maior repercussão no Twitter desde as eleições de 2014. As referências ao crime tiveram 3,2 milhões de menções na rede social das 16h de quinta-feira até as 10h desta sexta-feira, segundo dados coletados pela Diretoria de Análise de Políticas Públicas (DAPP) da FGV.
Por volta das 16h40, logo depois da divulgação de que o candidato havia sido alvejado por facadas, o evento provocou uma média de 11.800 postagens por minuto. Fora do Brasil, já são 48.400 tuítes em inglês sobre Bolsonaro, a maioria dos Estados Unidos (14.000). Em espanhol, somam-se 91.900 tuítes, originados sobretudo da Argentina (21.100) e da Venezuela (16.500).
Segundo o levantamento, dentre os tuítes de maior compartilhamento permanecem em evidência publicações que abordam se, de fato, houve um ataque a Bolsonaro ou se o dano provocado pela facada foi grave como parece. "São postagens que satirizam o candidato do PSL e atingiram mais de 20.000 retuítes desde quinta, mas não continuam com a mesma velocidade de repercussão", afirma a instituição.
No mapa abaixo, destaca-se o grupo laranja, que gerou a maior parte das interações nas redes, agregando 40,5% dos perfis. É o que a FGV DAPP chama de "fake facada". São internautas que questionam a veracidade do ataque a Bolsonaro, ironizando as críticas da direita quanto à falta de empatia da esquerda. O mapa foi feito com base na análise de 1.702.949 tuítes entre as 18h30 de quinta (06) e as 9h de sexta (07).
Principais atores políticos
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o ator político de maior associação ao ataque ao militar reformado, segundo os dados coletados. Com 185.900 menções no Twitter, o petista foi citado por conta dos tiros que sua caravana sofreu quando passava pelo Sul do Brasil, em março.
"Perfis falam dos ataques a ambos como exemplos da agressividade que marca os debates políticos na atualidade e do colapso da manutenção institucional na condução do processo eleitoral", afirma a FGV DAPP. Enquanto internautas contrários ao ex-presidente enfatizavam seu papel central na alta rejeição de Bolsonaro, ressaltando que o PT teria responsabilidade pelo ocorrido, internautas mais alinhados com a esquerda relacionavam o esfaqueamento com a fala recente do candidato, sobre “metralhar a petralhada”, durante campanha no Acre.
A vereadora Marielle Franco também é intensamente citada no debate do Twitter (106.100) por conta de correlações entre o esfaqueamento e o assassinato da vereadora, que aconteceu em março, e o posicionamento de Bolsonaro a respeito de sua morte. Na época, o deputado preferiu não comentar sobre a morte da vereadora: “No ano passado teve enterro de uns 20 PMs, nenhum dos presidenciáveis foi e só eu estou apanhando agora por não falar nada sobre a morte dela”, afirmou Bolsonaro em entrevista na época ao Broadcast Político no plenário da Câmara.
De acordo com análise da FGV, “essas publicações vêm, majoritariamente, de grupos contrários ao deputado federal e que manifestam rejeição ao discurso de ódio, ressaltando a escalada de violência no país, de forma geral, contra personagens públicos.
Guilherme Boulos, presidenciável mais associado
Guilherme Boulos, assim como seu partido PSOL, foi o candidato mais associado ao debate sobre o ataque a Bolsonaro, com 44.600 publicações. Isso aconteceu porque Adélio Bispo de Oliveira, o homem que assumiu ter esfaqueado Bolsonaro, foi filiado ao PSOL.
O candidato do PDT, Ciro Gomes, foi o segundo presidenciável de maior associação ao incidente, destacado em 33.400 postagens. Ciro e João Amoêdo (NOVO) foram os dois presidenciáveis cujas declarações de repúdio obtiveram maior número de retuítes e curtidas. As publicações de Ciro tiveram 12.100 retuítes e 67.200 curtidas; já as de Amoêdo somaram 9.900 retuítes e 50.700 curtidas.
A ex-presidenta Dilma Rousseff também recebeu um volume expressivo de referências no debate. Primeiramente, a partir de uma publicação do pastor Silas Malafaia, que afirmava que o suspeito de esfaquear o candidato atuaria na campanha de Dilma ao Senado em Minas Gerais —a campanha da ex-presidenta afirmou que entrará com uma medida judicial contra ele. O comentário da candidata petista sobre o esfaqueamento de Bolsonaro —"quando se planta ódio você colhe tempestade"— também provocou reações. Ela foi duramente criticada por perfis tanto à direita quanto à esquerda por relativizar o incidente e "culpar a vítima".
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