_
_
_
_
Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

Precariedade salarial

Além de aumentar o salário mínimo é preciso um pacto para elevar os salários

Mariano Rajoy, presidente do Governo espanhol.
Mariano Rajoy, presidente do Governo espanhol.AFP

O crescimento da economia, superior a 3% neste ano, não se traduziu em um aumento compatível dos salários. Esse é um fato inconteste que tem consequências tanto imediatas (queda do bem-estar social) como no longo prazo, pois compromete o crescimento futuro. A evolução das rendas salariais apresenta hoje comportamentos anômalos; o fato de os novos contratados em 2016 receberem, por mês, uma média de 100 euros (380 reais) a menos do que um recém-aposentado (1.230 euros contra 1.332 respectivamente) evidencia um grave problema na contratação e no equilíbrio entre salários, cotações e prestações para os futuros aposentados. E dispara o alarme sobre as graves distorções do mercado trabalhista na Espanha.

A recuperação da economia foi obtida pelo procedimento de reduzir os salários (principalmente os mais baixos e os dos jovens), precarizar o emprego e favorecer uma produtividade baixíssima que gera empregos de baixa qualidade sem valor agregado; mas chega um momento em que a política de desvalorização salarial se torna um risco para a própria recuperação. O fato de as aposentadorias futuras serem menos dispendiosas porque as parcelas correspondentes a cotações mais baixas são menores não é nem uma solução nem um consolo. Pelo menos desde 2015, o Governo, que tanto comemora a volta da economia espanhola ao caminho do crescimento, deveria ter incentivado uma política de rendas compatível com o crescimento: aumentos salariais nas empresas e mercados com benefícios consistentes. Ainda não é tarde, mas as decisões hoje devem ser inequívocas e convincentes.

Mais informações
Quando trabalhar já não salva da pobreza
20% da população espanhola se afasta da classe média devido ao emprego precário

O presidente do Governo anunciou nesta segunda-feira que em 2018 haverá uma alta de 4% no salário mínimo. É uma decisão acertada, porque é um impulso na direção correta — embora alguns digam que a ascensão trará mais incerteza ao emprego e mais contratações precárias —, por duas razões fundamentais. A primeira, porque o Governo manda a mensagem de que é a favor de uma alta salarial; a segunda, porque durante a crise a diferença entre o salário bruto mensal médio e o salário mínimo interprofissional não parou de crescer: a diferença passou de 943 euros em 2007 para 1.052 euros em 2016.

Contudo, a alta anunciada fica curta em mais de um sentido. Deveria ser maior, é óbvio, mas o principal problema é que também se precisa de um pacto social, impulsionado politicamente pelo Governo, para aumentar os salários em convênio de forma estável durante os próximos anos. O Executivo tem recursos para impulsioná-lo, se assim o desejar, por mais que a negociação seja entre os agentes sociais. Ao mesmo tempo, terá que atuar tanto para frear a precarização dos contratos como para proceder a uma reforma profunda do sistema de aposentadorias; reforma que se eterniza sem resultados apesar dos inequívocos sinais de crise do financiamento. A economia espanhola necessita urgentemente de uma nova política salarial; e já a necessitava dois anos atrás.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_