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As intrigas palacianas do Oriente Médio que paralisam a região

Nunca antes um príncipe saudita concentrou tanto poder como Mohamed Bin Salman. Mas por seu caminho fez importantes inimigos, inclusive dentro da família real

Mohamed Bin Salman (MBS), de 32 anos, filho do rei Salman.
Mohamed Bin Salman (MBS), de 32 anos, filho do rei Salman.

Lutas palacianas, interesses cruzados, alianças inesperadas… As divisões internas das seis monarquias do golfo Pérsico e suas estratégias em relação aos Estados Unidos, Irã, Síria e Israel paralisaram a região. Este é um percurso pelas arestas de um conflito latente de consequências imprevisíveis.

É um clube muito restrito. Seus seis membros vestem mantos de pele de camelo bordados a ouro sobre impolutas túnicas brancas cuja confecção, assim como seus adornos, denotam sua origem. Embora em diferentes proporções, regem sobre um maná negro que assegura sua opulência e lhes permite ser generosos com seus súditos. Além disso, coordenam-se para manter o poder frente a adversários internos e externos. Só que depois de seu último conclave, a imagem de fraternidade projetada por Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Catar, Kwait e Omã foi pelos ares. A península arábica não é a terra imaginária de Westeros, mas as diferenças entre as petromonarquias quanto a como responder às mudanças sociais e políticas do século XXI dispararam um perigoso Game of Thrones. O último atrito explodiu em junho, quando, depois de um suposto discurso do emir do Catar, o xeque Tamim, Árabia Saudita e Emirados Árabes Unidos (EAU), ofendidos, cortaram relações, seguidos por seus acólitos Bahrein e Egito. Não serviram de nada as alegações catarianas sobre a inexistência de tal fala. O quarteto, como é conhecida a nova aliança, acusa Doha de promover o terrorismo ao dar apoio ao islã político e de simpatizar com o Irã.

Surpreende que países vizinhos, que compartilham laços históricos e familiares, tenham sido incapazes de solucionar seus desacordos. Ainda mais porque há poucos anos fantasiavam com uma eventual união no marco do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), o foro que agrupa os seis reinos da península arábica. Só que todas as tentativas de mediação fracassaram. Sua próxima reunião está indefinida. E a guerra de propaganda está em marcha.

A Casa Branca atribui a animosidade a “um assunto de família”. No entanto, vários analistas asseguram que Donald Trump, o novo inquilino do trono do império, desencadeou o enfrentamento quando se reuniu com os membros do clube em maio e os incentivou a agir de forma mais assertiva com os inimigos.

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Salman Bin Abdulaziz al Saud, de 81 anos, rei da Arábia Saudita. Sucedeu seu meio-irmão Abdalá depois de sua morte, em 2015. Nenhum analista conseguiu imaginar então que o novo monarca fosse dar o salto geracional que faltava para passar o trono dos filhos para os netos de Abdulaziz, fundador do reino. Ao escolher um de seus descendentes, foi além e rompeu a tradição de alternância entre os diferentes ramos da família real. Essas mudanças, executadas de forma escalonada, mas firme, sustentam a nova política saudita.

Os espessos muros dos palácios que abrigam essas versões árabes dos senhores de Lannister e de Baratheon vinham atenuando o ruído de cimitarras. Foi a chegada do rei Salman Bin Abdulaziz al Saud em 2015 que sacudiu a Arábia Saudita e toda a região. A autoridade que o monarca conferiu a seu filho favorito, o príncipe Mohamed Bin Salman, tornou esse herdeiro o verdadeiro poder por trás do trono. Em menos de dois anos conseguiu tirar da linha de sucessão seu tio Muqrin e seu influente primo Mohamed Bin Nayef. No início de novembro, o jovem MBS, como é conhecido, consolidou-se com um expurgo que, sob a forma de uma campanha anticorrupção, permitiu-lhe se livrar de cerca de duas centenas de altos funcionários e empresários, incluindo onze príncipes que poderiam questionar seus procedimentos.

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Mohamed Bin Nayef (MBN), de 58 anos. Sobrinho do rei Salman e afastado da sucessão pela ascensão de MBS. Ele, que fora poderoso ministro do Interior (e estimado interlocutor dos EUA na luta contra o terrorismo) durou 16 meses como herdeiro designado. Apesar de imagens muito difundidas em que é visto jurando lealdade a seu jovem primo, imagina-se que a jogada não tenha sido bem digerida por ele nem pelo resto de seu influente ramo familiar. O jornal The New York Times noticiou que ele está preso num palácio.

A entrada em cena de MBS representou algo além de uma mudança de imagem na gerontocracia saudita. Com 32 anos de idade, a Mão do Rei entendeu que, numa época de baixos preços do petróleo, instabilidade regional e comunicação instantânea, precisa modernizar seu país se quiser chegar a reinar. Seu modelo está no vizinho Emirados Árabes Unidos, cujas bem-sucedidas cidades-Estado de Dubai e Abu Dabi são visitadas por milhões de sauditas a cada ano. (Dizem as más línguas que são atraídos por álcool e prostitutas, mas também atividades tão inocentes quanto ir ao cinema ou se sentar com a família numa varanda, algo até agora proscrito em seu país). O herdeiro saudita MBS conta com a cumplicidade do xeque Mohamed Bin Zayed al Nahyan, conhecido como MBZ, príncipe herdeiro de Abu Dabi e homem forte dos Emirados.

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Mohamed Bin Zayed al Nahyan (MBZ), de 56 anos. Governa de fato os Emirados Árabes Unidos (EAU), embora não tenha nenhum cargo oficial que não de vice-comandante supremo das Forças Armadas. Faz isso enquanto irmão e herdeiro do xeque Jalifa Bin Zayed al Nahyan, de 69 anos, formalmente emir de Abu Dabi e presidente dos EAU, mas afastado do poder desde que sofreu um derrame cerebral em janeiro de 2014. É atribuído a ele o maior envolvimento de seu país nos assuntos regionais.

“Tornou-se seu mentor e o ajudou a ficar conhecido em Washington”, assegura um embaixador europeu. Com ele compartilha a ideia de que o liberalismo autoritário (abertura econômica e social sem ceder o poder político) é a fórmula para conservar o trono quando o petróleo acabar.

À sintonia entre ambos os herdeiros se atribui a dimensão alcançada desta vez pela disputa com o Catar. Porque as diferenças não são novas. A Arábia Saudita, a primeira entre os pares, estava havia tempos incomodada com o desafio que o minúsculo emirado representava a sua ultraconservadora visão da ordem regional. E em 2013, quando o então emir catariano, o xeque Hamad Bin Khalifa al Thani, abdicou a favor de seu filho Tamim, houve rumores de que teria feito isso por pressão de seus parceiros, e não por motivos de saúde.

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Hamad Bin Khalifa al Thani, de 65 anos, emir emérito do Catar e pai do atual governante. Chegou ao poder graças a um golpe palaciano contra seu pai e se casou em terceiras núpcias com a filha de um opositor. Usou a enorme riqueza proporcionada pelos hidrocarbonetos para pôr seu país no mapa com o lançamento da rede Al Jazeera e uma ambiciosa política externa que ia muito além do que se esperava de um país de 11.500 quilômetros quadrados. As suspeitas que despertou não se apagaram com a cessão do trono a seu filho Tamim.

Os Al Thani são, como os governantes sauditas, os Al Saud, originários do Najd, o interior da península arábica onde surgiu a austera versão do islã conhecida como wahabismo. Só que os catarianos promoveram uma variante mais flexível dessa doutrina. Diferentemente da Arábia Saudita, o Catar não tem uma polícia religiosa que vigie a moral pública de seus habitantes ou feche os estabelecimentos comercias na hora das orações; também não proíbe que as mulheres dirijam. Mesmo assim, não se trata de um confronto entre autoritarismo e democracia, e sim de dois enfoques distintos sobre como perpetuar o poder dinástico e de escolha de diferentes aliados.

Desde que atingiu o poder num golpe palaciano contra seu próprio pai, em 1995, Hamad quebrou as regras não escritas do clube. Empenhado em pôr no mapa o Catar, e graças ao fato de ter a segunda maior reserva de gás do mundo, o xeque fundou a rede de televisão Al Jazeera, iniciou uma política externar independente e muitas vezes arriscada e até se pronunciou a favor da democracia, anátema no círculo de monarquias absolutas a que pertencia, embora não tenha levado isso a cabo.

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Tamim Bin Hamad al Thani, de 37 anos, emir do Catar. Segundo filho varão do xeque Hamad com sua esposa favorita, a midiática xeque Mozah, sucedeu seu pai depois que ele tomou a não usual decisão de abdicar, em 2013. Tornou-se o monarca mais jovem da península arábica e o primeiro a ter nascido depois de seu próprio país. Contar com reservas de gás entre as maiores do mundo não lhe evitou problemas com seus vizinhos. Tem fama de pragmático, mas lhe falta o carisma de seu progenitor.

No geral, os desacordos têm relação sobretudo com a sobrevivência. São fruto do colapso da ordem árabe, que, depois de décadas de declínio, foi cristalizado nas fracassadas revoltas populares de 2011. O medo de um contágio da primavera árabe levou as monarquias do Golfo não apenas a cerrar fileiras em defesa de sua estabilidade e prosperidade como também a se conjurar para apoiar uma contrarrevolução, especialmente depois que no Bahrein se reativou o velho litígio entre a família real (sunita) e a maioria da população (xiita). Ao mesmo tempo, tornaram-se gestoras dos assuntos regionais, desde a resposta árabe ao acordo nuclear com o Irã até os conflitos que se estendiam da Líbia ao Iêmen, passando pela Síria.

Os petrodólares, que ainda fluíam em abundância, puseram-se a serviço de dois reis de fora do Conselho de Cooperação do Golfo, os da Jordânia e do Marrocos, para prevenir o efeito dominó. No caso do Egito, houve uma aposta clara pelo golpe de Estado do general Abdelfatah al Sisi frente a Mohamed Morsi, membro da Irmandade Muçulmana. Somente o Catar se opôs a essa mudança no trono dos faraós e se alinhou com seu primeiro presidente eleito democraticamente. Os catarianos se descolaram assim da defesa do status quo de sauditas e emiratianos.

“Da perspectiva de Riad e Abu Dabi, qualquer presença da Irmandade, ou apoio a ela no Golfo, constitui um perigo, porque esse grupo oferece um modelo alternativo de governo islâmico à monarquia hereditária”, explica Christopher Davidson, professor da Universidade de Durham e autor de After the Sheikhs (depois dos xeiques, em tradução livre), livro que revisa essas lutas pelo de poder. Enquanto o Catar vê na aliança com a Irmandade Muçulmana uma forma de frear a Arábia Saudita, o Reino do Deserto e seus aliados a consideram uma ameaça como a que em 1979 representou a revolução iraniana. Pouco importa que as ideologias subjacentes pertençam a dois ramos opostos do islã. Enquanto o Irã defende o xiismo, confissão professada por apenas uma décima parte dos muçulmanos, o islamismo da Irmandade Muçulmana surge da variante sunita (dominante), seguida também pela maioria dos governantes árabes.

Disso resultou os Emirados terem afastado os receios históricos em relação à Arábia Saudita e terem apoiado a intervenção militar no Iêmen em 2015. Na crise com o Catar, alguns observadores acrescentam como causa de sua alienação de Riad a crescente importância pretendida por Doha, com sua aposta em se tornar centro aéreo regional, com seus museus e seu empenho em ter a Copa do Mundo de 2022.

Não basta mais a diplomacia de xeques com a qual a Arábia Saudita, a vigésima economia do mundo, manejava as crises regionais a partir da barreira ou sob o guarda-chuva do grande aliado norte-americano. Agora, as mudanças na política externa de Washington e o declínio do Cairo e de Damasco obrigam à ação. A debilidade árabe, somada às intervenções militares norte-americanas no Afeganistão e no Iraque, ofereceu uma oportunidade de ouro a seu rival histórico, o Irã.

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Ali Khamenei, de 78 anos, líder supremo do Irã. Lidera a rejeição à presença dos EUA no Oriente Médio. Eleito de forma vitalícia por uma assembleia de notáveis, sucedeu o carismático Khomeini, fundador da República Islâmica. Como os monarcas árabes do outro lado do Golfo, aos quais atribui falta de história e cultura, é financiado com o petróleo. Como eles, apoiou algumas revoltas árabes (Bahrein), mas não outras (Síria), justificando como um “despertar islâmico” essas frustradas tentativas de se livrar da tirania.

Pela primeira vez desde o início do século XX, o Irã expande sua influência militar e política à região que sempre considerou sua órbita natural, como disse o analista egípcio Tarek Osman. Ou seja, exercendo ingerência, através de forças afins locais, em todos os países onde existem comunidades xiitas: desde o Levante mediterrâneo até a Península Arábica, passando pelo Iraque.

Para os sauditas e seus aliados, essa política intervencionista está desestabilizando o Oriente Médio. A gota d’água foi o acordo que as grandes potências, com os EUA na liderança, fecharam com Teerã sobre seu programa nuclear. A enorme desconfiança em relação à República Islâmica ficou em evidência com o WikiLeaks, o vazamento de dezenas de milhares de mensagens diplomáticas norte-americanas em 2010. “Uma guerra convencional agora seria preferível a um Irã nuclear”, chega a dizer MBZ, o herdeiro dos Emirados. Os monarcas árabes entendem que a saída do presidente não é suficiente para mudar o comportamento iraniano. Dada a primazia política do líder supremo, seria preciso uma mudança de regime, algo fora do seu alcance, salvo se pudessem convencer Washington.

Se os EUA de Barack Obama apostaram no diálogo com Teerã e reduziram a tensão, hoje o atual ocupante da Casa Branca rejeita o acordo nuclear e desconfia do Irã tanto quanto os iranianos desconfiam dos EUA. Os falcões árabes se sentiram fortalecidos com a linha dura de Trump e não perdem a chance de jogar mais lenha na fogueira.

Uma vez mais, nem todos estão de acordo. Naqueles dias de tensão nuclear, o Catar se ofereceu como mediador. Mas Riad, Abu Dhabi e Cairo consideravam que Doha era um flanco vulnerável para se tentar uma frente comum em relação ao Irã. Embora tenha apoiado a intervenção saudita para reprimir a revolta no Bahrein, e mais tarde tenha participado simbolicamente da guerra no Iêmen, o Catar (e, de forma mais discreta, Omã e Kuwait) sempre manteve uma atitude muito menos militante em relação ao vizinho do outro lado do Golfo Pérsico.

Começou uma corrida armamentista que dá suculentos benefícios aos EUA e à Rússia

Assim, sem dragões que os ajudem a conquistar o Trono de Ferro, as rivalidades desencadearam uma corrida armamentista que proporciona grandes benefícios aos EUA e à Rússia. Os países do Conselho de Cooperação do Golfo, com a exceção do Bahrein, incrementaram de maneira significativa suas compras de armas nos últimos anos. No período 2012-2016, a Arábia Saudita e os Emirados se transformaram no segundo e no terceiro maiores importadores mundiais em termos absolutos, segundo dados do Instituto Internacional de Pesquisas da Paz de Estocolmo (Sipri). As aquisições iranianas de armamentos diminuíram, em parte porque o país é alvo de um embargo parcial da ONU, mas também porque tenta desenvolver uma indústria local. Seu programa de mísseis desperta enormes suspeitas dentro e fora da região.

A velha inimizade entre Riad e Teerã é herdeira do enfrentamento histórico entre árabes e persas, nutrindo-se das diferenças religiosas entre sunitas e xiitas. Trata-se, porém, de meros envoltórios ideológicos para uma luta pela liderança geopolítica que se intensificou a partir de 2011, quando a República Islâmica interveio a favor do regime de Damasco frente à revolta popular. Esse apoio e a ajuda da Rússia impediram que Bashar al-Assad perdesse o trono republicano que herdou do pai, tal como desejavam (e financiavam) os sauditas e seus aliados.

Quando se tentou frear o Irã, a Arábia Saudita não teve problema em se aliar com os islamistas, seja no Bahrein, no Iêmen ou, de forma mais evidente, na Síria. Defendeu o status quo em Manama e no Cairo (sem sucesso), mas não em Trípoli e Damasco. As diferenças étnicas e religiosas são insuficientes para explicar os conflitos. Os interesses entrecruzados que permeiam essa luta pelo poder dão margem a aliados inesperados.

No Iraque, por exemplo, EUA e Irã, sem relações diplomáticas há quatro décadas, acabaram sendo os principais pilares do sistema de governo implementado após a queda de Saddam Hussein, enquanto as monarquias do Golfo abandonaram o país na esteira dos sauditas. (Riad, que andava irritada porque Washington tinha entregado Bagdá aos iranianos, agora tenta regressar). Embora os aliados locais de Teerã tenham combatido a ocupação norte-americana, ambos apoiaram os sucessivos Governos iraquianos após a retirada do Exército dos EUA.

O medo da primavera árabe levou estas monarquias a apoiar uma contrarrevolução

Mas é sobretudo na Síria onde as contradições regionais são mais evidentes. Lá, o Irã e os EUA estavam em trincheiras opostas. O Catar e a Turquia, que no Egito e na Líbia se alinhavam frente à Arábia Saudita e aos Emirados, compartilhavam com eles o objetivo geral de derrubar o regime de Damasco (ainda que nem sempre apoiando os mesmos grupos) até a ascensão dos curdos sírios, quando Ancara começou a temer um contágio dentro de suas fronteiras, e a Arábia Saudita chegou a um entendimento com a Rússia.

“A exclusão [por parte de seus vizinhos] levou o Catar aos braços dos iranianos”, adverte Daud Abdullah, diretor do portal de notícias Middle East Monitor, próximo dos islamistas. Em sua opinião, “essa estratégia desembocou numa reorganização geopolítica na região: de um lado, Irã, Turquia e Catar; de outro, Egito, Arábia Saudita e os países do Golfo”. Ele também acrescenta nesse campo Israel, o inimigo dos árabes por antonomásia. “Embora não seja comentado, é um assunto fundamental”, afirma.

Foi somente contra a ameaça do Estado Islâmico que todos os países da zona atenderam, em maior ou menor medida, ao pedido de Washington. Agora, ante a derrota militar desse grupo (outra coisa é a sobrevivência da sua ideologia), ressurgem as desavenças serenadas para combatê-lo. Ao mesmo tempo, com a queda dos preços do petróleo, as monarquias do Golfo estão perdendo sua principal (e, para alguns, a única) fonte de poder. O entorno não é promissor. Nos países que se livraram da guerra, predomina o autoritarismo. Nos que sofreram a destruição material e moral de um conflito armado, subsiste a cultura da vingança. E todos carecem de uma sociedade civil forte.

Ninguém tem uma bola de cristal para prever o futuro, mas os observadores consultados concordam que, sem um acordo entre o Irã e a Arábia Saudita, a paz e a estabilidade serão muito difíceis. Enquanto isso, uma nova queda dos preços do petróleo poderia limitar os recursos que ambos os países podem destinar a aventuras bélicas, mas também exacerbar seu senso de vulnerabilidade, lançando-os ao abismo.

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