_
_
_
_
_

O que é o blockchain, o método que revoluciona as empresas

Bancos, empresas de telecomunicações, seguradoras e outros setores exploram as possibilidades de uma tecnologia que nasceu associada à bitcoin

Luis Doncel
Yaiza Rubio e Félix Brezo, da unidade de segurança cibernética da Telefónica
Yaiza Rubio e Félix Brezo, da unidade de segurança cibernética da TelefónicaJaime Villanueva

Como um escritório de advocacia poderia estabelecer um sistema automático para resolver conflitos nas transações online? E o que uma prefeitura deveria fazer para garantir que os cidadãos possam participar de consultas públicas e verificar em tempo real que seu voto foi computado corretamente? E uma grande empresa de telecomunicações para denunciar notícias falsas na Internet? Neste fim de semana, 28 pessoas distribuídas em sete grupos tentaram resolver estes e outros desafios no edifício da Telefónica, em Madri. E todas essas perguntas têm uma única resposta: o blockchain, tecnologia também conhecida como encadeamento de blocos.

“O blockchain é fundamental para o futuro dos bancos e outros setores”, segundo o BBVA

O blockchain é a ferramenta que nasceu em 2008 ligada à bitcoin, mas é muito mais do que isso. Independentemente do potencial dessa moeda digital – que acaba de superar a cotação de 9.000 dólares (cerca de 28.850 reais), levando lenha à fogueira do debate sobre uma possível bolha das criptodivisas –, cada vez mais as grandes empresas se interessam pelo encadeamento de blocos, um sistema que pode evitar processos e custos para setores tão diferentes como seguradoras, telecomunicações ou administrações públicas.

“O blockchain é fundamental não só para o futuro dos bancos, mas também para muitas outras indústrias. Para nós, significa uma maneira de ganhar eficiência e uma oportunidade de gerar novos produtos para nossos clientes, aproveitando a ruptura que essas tecnologias implicam”, explica Carlos Kuchkovsky, responsável de Tecnologia em Novos Negócios Digitais do BBVA.

Mais informações
A especulação chega às moedas digitais
Entenda porque o bitcoin se dividiu e agora vive seu momento de glória
Nem iene nem dólar, bitcoin

Não é só o BBVA. Os gigantes da Espanha, como Santander, CaixaBank, Repsol, Gas Natural Fenosa, Iberdrola e Telefónica apresentaram no mês passado o Alastria, o primeiro consórcio multissetoial baseado em blockchain, do qual participam cerca de 70 empresas. Essa plataforma também está aberta para pequenas empresas, universidades e outras entidades.

Mas o que é realmente o blockchain, a tecnologia de que muito se ouve falar, mas da qual muito pouco se sabe? O sistema desenvolvido por Satoshi Nakamoto possibilitou a distribuição de informações digitais através de um livro de registro descentralizado que armazena todas as operações realizadas e que não pode ser modificado por nenhum participante, o que garante que ninguém poderá manipulá-lo. O que começou sendo uma tecnologia que serviu de suporte para a bitcoin acabou se tornando algo muito maior. “Nossas propostas passam pela convergência com outras tecnologias que estão crescendo exponencialmente, o que permite um processamento muito mais barato e maior conectividade, como a inteligência artificial e a Internet das coisas. Há muita desconfiança em relação ao blockchain, mas permite intercambiar ativos de maneira muito mais segura e confiável do que até agora”, explica Kuchkovsky, do BBVA.

70 empresas acabam de criar o primeiro consórcio multissetorial para esse sistema

“Estamos diante de uma tecnologia muito poderosa que serve como registro contábil. Isso permite, por exemplo, usá-la em casos relacionados à cadeia de suprimentos. Se na entrega de um dispositivo for identificada uma peça defeituosa, podemos voltar na cadeia para detectar onde o erro aconteceu. E nenhum usuário pode alterar um único byte de informação de processos já realizados, porque tudo fica registrado de forma inalterável. Essa é a magia do blockchain”, dizem quase em uníssono Yaiza Rubio e Félix Brezo, jovens trabalhadores da ElevenPaths, unidade de segurança cibernética da Telefónica. “Tudo o que fazemos aqui também poderia ser feito sem o blockchain. Isto é apenas a desculpa para criar processos de forma mais eficiente”, explica José Luis Núñez, engenheiro do Grupo.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_