Com Rohani, o Irã não retrocede
Sua vitória é positiva, mas são milhões os iranianos que desejam muito mais liberdade
A reeleição do moderado Hassan Rohani como presidente do Irã é uma notícia positiva que permite observar com certo otimismo a continuidade do processo de abertura para o mundo que Rohani começou em 2013. Há que se destacar que o vencedor das eleições realizadas na sexta-feira, dia 19 de maio, é o personagem que, por parte do Irã, esteve por atrás do histórico acordo nuclear com a comunidade internacional firmado em 2015 e que permitiu encaminhar uma situação —o desenvolvimento nuclear do país— que ameaçava se tornar um possível conflito bélico regional.
Esta vitória é particularmente significativa porque Rohani —com 58% dos votos em uma eleição com vários candidatos— obteve uma vantagem de 19 pontos em relação ao ultraconservador Ebrahim Raisi, defensor de um retrocesso social e político que teria radicalizado ainda mais o Irã. Rohani obteve o mandato popular —o Irã tem uma população muito jovem que, em sua maioria, não conheceu outro regime além da República Islâmica— para modernizar a sociedade e a economia. Dois desafios para os quais o governante iraniano deverá necessariamente levar em conta a resistência aguerrida dos ultraconservadores, que na sexta-feira obtiveram 38% dos votos.
De qualquer maneira, a denominação de reformista do atual Governo de Teerã não pode nos levar a enganos sobre a situação real no Irã: uma teocracia sem liberdades políticas, na qual o adultério é castigado com a lapidação e a homossexualidade com a forca, e cujo sistema —que em 2009 reprimiu sangrentamente a chamada Revolução Verde— é presidido por um líder supremo eleito em caráter vitalício por um reduzido grupo de chefes religiosos que na prática transforma sua vontade em lei. A vitória de Rohani é positiva porque não representa um nefasto passo atrás. Mas são milhões os iranianos que desejam muito mais liberdade.
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