EUA dizem ter destruído e danificado 20% da capacidade aérea do regime sírio

Casa Branca adverte sobre mais ações: “Se lançarem bombas sobre inocentes, terão uma resposta”

Sobrevivente de um ataque químico, de 2013, caminha na região de DamascoBASSAM KHABIEH (REUTERS)

O ataque-surpresa lançado pelos Estados Unidos na madrugada de sexta-feira passada (noite de quinta no Brasil) contra o regime sírio afetou 20% da capacidade aérea operacional do Governo de Bashar al-Assad, que a Casa Branca responsabiliza pelo uso de armas químicas contra a população civil, segundo dados do Pentágono. “A avaliação do Departamento de Defesa é que o ataque provocou danos ou a destruição de depósitos de munição e combustíveis, capacidade de defesa aérea e 20% de todos os aviões sírios operacionais”, afirmou o secretário de Defesa dos EUA, Jim Mattis. “O Governo da Síria perdeu a capacidade de abastecer ou restabelecer o armamento” da base aérea de Shayrat, completou.

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A Administração de Donald Trump decidiu o bombardeio após a matança com armas químicas, numa guinada no que até agora havia sido a política exterior do novo presidente (priorizar os interesses domésticos e evitar ao máximo envolver os EUA em conflitos bélicos alheios). Nesta segunda, o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, lançou mensagens ambíguas. “A doutrina continua sendo ‘América primeiro’”, disse. Mas lembrou – tal como fez na última sexta a embaixadora norte-americana nas Nações Unidas, Nikki Haley – que os EUA estão abertos a mais ações. Foi assim que Spicer definiu a situação: “Se lançarem gás sobre um bebê ou bombas de barril sobre pessoas inocentes, terão uma resposta.”

O presidente sírio nega estar por trás do ataque com armas químicas aos próprios cidadãos, culpando os terroristas pela tragédia. A Rússia e o Irã, que apoiam Assad, pediram uma investigação sobre a origem do ataque que parece ter mudado diretrizes na nova Administração dos EUA. A questão é se a saída de Assad do poder será ou não a nova prioridade de Washington, como deram a entender autoridades norte-americanas em declarações após o ataque. “Não se pode pensar numa Síria estável e em paz com Assad no poder”, disse o porta-voz da Casa Branca, recordando, contudo, que a prioridade é o terrorismo do autoproclamado Estado Islâmico (EI). “A principal ameaça enfrentada pelos EUA nessa região é o EI”, afirmou.

O Governo de Barack Obama também era contrário a Assad, mas o via como uma espécie de mal menor numa região atingida reiteradamente pelo terrorismo. Na quinta, depois de seis anos de conflito e 320.000 mortos, os EUA atacaram o regime pela primeira vez. Obama aventou fazer isso em 2013 mas desistiu, considerando suficiente o compromisso de destruição das armas químicas.

Com o bombardeio à base aérea do Governo sírio, Trump conseguiu a primeira grande vitória política desde que chegou à Casa Branca, pois obteve apoio dos dois partidos – Republicano e Democrata – e de boa parte da comunidade internacional. Mas uma escalada de violência poderia deixá-lo em apuros. Uma pesquisa realizada pela rede CBS mostrou, na segunda-feira, que 57% dos norte-americanos aprovam a decisão do bombardeio por parte dos EUA, mas só 25% acreditam que Trump possa continuar com essas ações sem a chancela do Congresso. E apenas 18% são favoráveis a uma implicação militar profunda.

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