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Editoriais
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Argentina, no mundo

Macri mostra na Espanha um projeto sério para a recuperação de seu país

O presidente da Argentina, Mauricio Macri, no foro Investir na Argentina organizado pelo PAIS.
O presidente da Argentina, Mauricio Macri, no foro Investir na Argentina organizado pelo PAIS.Samuel Sanchez (EL PAÍS)

A visita de Mauricio Macri à Espanha confirmou uma profunda mudança de mentalidade na presidência da Argentina sobre qual deve ser o papel do país sul-americano no mundo e sua maneira de entender as relações bilaterais e internacionais em geral. Que a chegada de Macri à Espanha tenha coincidido com um forte realce do protocolo elaborado para a recepção de chefes de Estado estrangeiros contribuiu, sem dúvida, para ressaltar o novo clima de entendimento entre os dois países. Podemos afirmar que as relações entraram em um caminho de normalidade, cooperação e defesa dos interesses comuns que nunca deveria ter sido abandonado.

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Macri tem o grande mérito de ter tomado as rédeas do seu país com uma inquestionável dose de realismo. Em vez de recorrer a uma retórica política tão vazia quanto ineficaz e de usar a seu favor as estruturas montadas pelos Governos anteriores para falsificar os dados econômicos, o presidente colocou seu Governo e a sociedade frente à dura realidade dos esforços necessários para que a Argentina volte a desfrutar de um bem-estar e uma situação econômica de acordo com sua inquestionável capacidade. O presidente da Argentina –suas intervenções na Espanha demonstraram – não esconde que ainda será necessário fazer sacrifícios importantes para entrar em uma dinâmica positiva. Macri considera, com razão, que sua eleição é uma ruptura com o discurso vitimista que sistematicamente culpava os outros por qualquer dificuldade que a Argentina estivesse sofrendo e não aceitava nenhuma crítica. Como o presidente argentino destacou no encontro organizado ontem pelo EL PAÍS: "Não é que as dificuldades acabaram, mas agora deixamos de lado a intolerância e colocamos a verdade sobre a mesa".

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Nesse aspecto, é impossível não destacar o compromisso do presidente argentino com a segurança jurídica – fórmula cuja simples menção irritava profundamente os dois anteriores Governos argentinos – e com a necessidade de que a Argentina se abra para o mundo tanto em termos econômicos quanto geoestratégicos. O investimento estrangeiro é algo necessário em todas as economias do mundo, incluindo as mais desenvolvidas. Demonizá-lo leva apenas ao autoestrangulamento econômico que gera pobreza. Não se trata de "vender o país", como demagogicamente repetia o Governo anterior a Macri, mas aproveitar as oportunidades criadas pela abertura – ainda mais em uma época de globalização – para gerar riqueza que tenha como beneficiária em primeiro lugar a sociedade argentina.

Da mesma forma, é notável a seriedade com que a Argentina assumiu sua posição no mundo e voltou ao seu lugar natural: o grupo de nações que respeita a democracia, defende os direitos humanos e acredita que as liberdades civis não são negociáveis em nome de nenhuma ideologia. O povo venezuelano tem, sem dúvida nenhuma, um grande aliado no Governo de Macri, que se manifestou a favor da democracia em toda a América do Sul.

O retorno da Argentina ao mundo é uma boa notícia para todos, dentro e fora do país e, especialmente, para a Espanha.

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