Governo Maduro adia de novo as eleições regionais venezuelanas

Eleições estavam prevista para junho deste ano

Nicolás Maduro, em Caracas.REUTERS

Não houve uma declaração oficial, mas funciona do mesmo jeito. A presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, Tania de Amelio, revelou em entrevista à cadeia local Unión Radio aquilo que a oposição temia: as eleições regionais, marcadas para junho deste ano, não serão realizadas na data combinada. A boa ou má notícia, segundo a ótica de quem ouviu essa afirmação, implica que a escolha de novos governadores, que deveria ter sido realizada até o fim de 2016, foi prorrogada mais uma vez, com o detalhe de que não se sabe mais quando isso ocorrerá, se é que ocorrerá.

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Embora não tenha falado diretamente sobre as eleições regionais, o presidente Nicolás Maduro, diante do empenho da oposição para convocar em 2016 um referendo revogatório de seu mandato, afirmou que a prioridade do país era recuperar a economia e não a organização de eleições. Esse posicionamento se mantém como norte da atuação do chavismo neste começo de ano.

Múltiplos obstáculos

Os inúmeros obstáculos impostos pelo Governo a fim de evitar que a oposição participe de eleições e conquiste boa parte dos 23 governos regionais do país parecem indicar que ele só aceitará a disputa pelas urnas quando estiver seguro de sua própria vitória. Segundo a pesquisa mais recente do instituto Datanalisis, 95% dos venezuelanos consideram a situação atual do país ruim ou muito ruim.

Amelio procurou enfatizar a ideia de que o CNE é um órgão que garante os direitos dos eleitores apoiando-se em uma decisão do Tribunal Supremo de Justiça, que também segue rigorosamente a linha do Executivo, que determina que haja uma renovação dos partidos que não participaram com sua própria marca nos dois últimos pleitos. Segundo o critério da presidente do órgão, o adiamento das eleições regionais diz respeito a uma questão de igualdade de oportunidades. Esse processo terá início no próximo dia 18 de fevereiro e durará cerca de dois meses e meio, ao que se somarão as semanas destinadas aos recursos. Estima-se que o país esteja com todas as suas formações políticas atualizadas até o fim de junho.

São enormes as semelhanças desse processo com aquele que acabou por eleger Daniel Ortega como presidente da Nicarágua. A MUD, que congrega os partido de oposição, está na dependência de uma sentença do Supremo que poderia torná-la ilegal caso o órgão venha a considerar que ela utilizou assinaturas falsas para tentar convocar o referendo contra Maduro.

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