Agüero mostra displicência e perde espaço para Gabriel Jesus no Manchester City
Argentino não reage à perda de importância e vê o jovem brasileiro se adaptar cedo à sua posição
Os treinamentos com partidas de cinco contra cinco fazem parte da rotina de recuperação depois de jogos nas equipes de Pep Guardiola. Em meados de janeiro, o elenco do Manchester City contabilizava mais de 20 práticas de cinco contra cinco. Em todos estes treinos Sergio Agüero não marcou nem um só gol. Do banco de reservas, o atacante argentino, que vive má fase, vê brilhar a estrela do brasileiro Gabriel Jesus, recém-chegado à Inglaterra que marcou três gols em menos de um mês em seu novo time.
Há jogadores que jogam para viver e há aqueles que vivem para jogar. Quem trabalhou com Cristiano Ronaldo, assim como com Leo Messi, conta que eles são incapazes de terminarem felizes um treinamento sem terem ficado em primeiro e marcado gols. No dia que não se sentem decisivos, muda o humor. Deixam de falar, se esquecem de cumprimentar os companheiros, ou atormentam os colegas e treinadores com reclamações. Agüero jamais se incomoda. Tem um caráter gentil e seu humor não depende do rendimento. Os colegas apreciam sua personalidade porque gera um bom clima. Mas, na hora de competir, muitos prefeririam poder contar com alguém menos cordial. Os mais experientes do City começam a olhar com preocupação a placidez improdutiva com a qual Agüero consome as rodadas que decidem campeonatos.
“Agüero”, advertem no vestiário do City, “é goleador, sempre fará uma média de 28 gols por temporada”. Nesta, soma 18 gols em todas as competições. Mas suas vítimas foram Sunderland, Stoke City, West Brom, West Ham, Middlesbrough, Swansea, Burnley e Steaua Bucareste (ROM). Nenhum rival direto. Nem mesmo um só gol nos sete jogos que disputou contra Barcelona, Manchester United, Chelsea, Tottenham e Liverpool.
A tentativa de Guardiola
Agüero foi titular mas não marcou no Goodison Park, contra o Everton, na última vez que o City sofreu uma derrota, em meados de janeiro. Nem mesmo a goleada (4-0) modificou sua atitude no campo. Se ofereceu pouco, caminhou muito e dosou ao máximo as movimentações às costas da defesa para se desmarcar. Recentemente, Guardiola completou 46 anos e, para celebrar o aniversário, convidou todo o elenco a ir ao cinema. Foram ver La La Land. Na noite seguinte o treinador se aventurou num ritual que já praticou com Messi, Henry e Ibrahimovic, com bons resultados: convidou Agüero para jantar. Sentaram-se à mesa do Salvi’s, um restaurante italiano em frente à esplanada de Deansgate, no centro de Manchester. O propósito foi estimular o argentino, lhe advertindo de que se trata de uma peça valiosíssima à equipe. Não resultou. Dois dias depois, seu ar displicente se manteve inalterável durante o empate contra o Tottenham (2-2), jogo que marcou a estreia do brasileiro Gabriel Jesus, ex-Palmeiras. Gabriel atuou por pouco mais de dez minutos, que foram suficientes para agradar o treinador espanhol.
Nas vésperas da viagem a Londres para jogar com o Crystal Palace, Agüero avisou que sofria lesões musculares e não esteve na convocação. Sterling, Gabriel Jesus e Sané formaram o trio ofensivo. Se impuseram na vitória por 3 a 0 contra o Palace, na goleada por 4 a 0 diante do West Ham - ambas fora de casa - e, finalmente, no triunfo por 2 a 1 contra o Swansea. Em quatro jogos, o recém-chegado Gabriel marcou três gols e deu duas assistências. Agüero não voltou à titularidade. Do banco, observou os acontecimentos sem aparente mudança no comportamento. No sábado passado, pela primeira vez em meses, manifestou-se na imprensa dizendo que já não estava convencido de sua importância no time: “O clube decidirá se tenho lugar ou não…”.
Sergio Agüero sente que seus treinadores e seus colegas de equipe perderam a fé nele e vê como o clube se prepara para superar a excessiva dependência de seus gols. Nos pôsteres promocionais que o City pendura por toda cidade de Manchester a figura de Gabriel Jesus fica cada vez mais visível.
Sterling, Sané e Jesus, uma alternativa mais vibrante
Pep Guardiola esfrega as mãos diante da cumplicidade espontânea de Raheem Sterling (22 anos), Leroy Sané (21) e o recém-chegado Gabriel Jesus (19). O ataque mais jovem das oitavas de final da Champions League é um trio de balas. Rápidos e com vontade de se unirem, fizeram três jogos desde que se tornaram titulares, e marcaram nove gols, apresentando uma velocidade que o ataque do Manchester City não mostra quando Sergio Agüero joga.
Agüero é o ídolo máximo da torcida do City. Os torcedores não esquecem seu gol decisivo contra o Queens Park Rangers (3-2), no dia em que conquistaram a Premier League em 2012. Foi o primeiro título da liga que o clube conquistou em 44 anos, e a façanha é vista como o auge de um projeto de longo fôlego. O reconhecimento contratual tem estado à altura. O atacante argentino tem seis temporadas com um salário de mais de dez milhões de euros. Sua atitude é a própria de um homem que se encontra acomodado. Até agora não teve concorrência em um elenco com poucos finalizadores de categoria. Sua forma de jogar às vezes contribui a afogar a equipe no funil das defesas adversárias.
Na perseguição pela finalização instantânea, ou seja, assim que recebe a bola, Agüero pode ter limitado o potencial de seus colegas. Sem sua participação, Jesus, Sané e Sterling buscam o passe mais que o chute imediato. Multiplicam as conexões, ocupam os espaços e chegam mais ao gol.
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