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Os 11 melhores números musicais do cinema do século XXI

Os momentos mais gloriosos de um gênero que vive nas nuvens. E não só por causa de ‘La La Land’

Meryl Streep e suas amigas fazendo-nos dançar com as canções de Abba em 'Mamma Mia! O filme' (2008).
Meryl Streep e suas amigas fazendo-nos dançar com as canções de Abba em 'Mamma Mia! O filme' (2008).

O cinema musical está na moda. Retificamos: o cinema musical está na moda desde o início do século XXI e, agora, com a estreia de La La Land, vai arrasar, transformando as plateias de meio mundo em uma aula de sapateado. Desde o início dos anos 2000, vários musicais estrearam na telona. Selecionamos os 11 melhores números desses filmes.

Nosso foco foi a qualidade dos números musicais. O filme pode até não ser grande coisa, mas a cena selecionada compensa qualquer falha.

Começamos, em ordem crescente...

11. Zac Efron e Vanessa Hudgens em ‘High School Musical 2’ (2007)

Canção: What Time Is It

Bem-vindos à época pré-milennial em que se mantinha a ilusão made in Disney de que os adolescentes eram um punhado de jovens inocentes que viam a vida cor de chiclete rosa. Os protagonistas são Vanessa Hudgens e Zac Efron. O grande final do primeiro High School Musical, ao ritmo de We’re all in This Together, foi bom. Mas é que o início da continuação (dirigida por Kenny Ortega), ao ritmo de What Time Is It, em animada celebração da felicidade estival, com o elenco fazendo malabarismos com uma bola de basquete, foi simplesmente apoteótico.

10. Christina Aguilera em ‘Burlesque’ (2010)

Canção: Guy What Takes His Time

Cher, Christina Aguilera, Alan Cumming pré-The Good Wife… aquilo não era um filme, era uma parada do orgulho gay. Contam as más línguas que o projeto de Burlesque (dirigido por Steve Antin) foi um presente de um produtor apaixonado a seu namorado… que quase acabou com a produtora por causa da fraca bilheteria. O fato é que se trata de um monumento ao kitsch tão legítimo como risível em que sobressai Christina Aguilera brincando de Ambição Loira. A jovial manipulação dos leques de plumas nessa cena nos parece das mais sugestivas.

9. Meryl Streep em ‘Mamma Mia! O filme’ (2008)

A canção: Dancing Queen, Abba.

Em um gênero normalmente reservado a jovens com a flexibilidade da ginasta Simone Biles, ver Meryl Streep e suas colegas Christine Baranski e Julie Walters se divertindo, fazendo brincadeiras sobre baseados, agitando os cabelos em pleno êxtase air guitar, e cantando Dancing Queen de Abba com um enorme coro feminino, é motivo de regozijo. Streep salvou do desastre a adaptação desse musical (dirigido por Phyllida Lloyd) com as canções do grupo sueco mais famoso da história.

8. Keira Knightley em ‘Begin again’ (2013)

Canção: Tell Me If You Wanna Go Home

Em meio a todo esse glitter, tanto em Once como em Begin Again, o diretor John Carney fez outro tipo de musical. É um musical low cost em que os personagens não realizam coreografias impossíveis nem cantam ao som da Filarmônica de Londres. É a versão indie do gênero. Begin Again narra as desventuras de uma jovem abandonada pelo namorado que se tornou famoso. Esta interpretação de Knightley nas ruas de Nova York é adorável. Mais tarde, o diretor John Carney queixou-se amargamente da pouca dedicação de sua estrela. Mesmo assim, ela nos parece ótima. Não é à toa que a atriz é casada com o músico James Righton, líder do Klaxons.

7. Ryan Gosling e Emma Stone em ‘La La Land’ (2017)

Canção: Lovely Night Dance

La La Land (dirigida por Damien Chazelle) é um filme irregular desde a primeira cena, um plano sequência tão primorosamente filmado como esteticamente discutível (o que é isso? um anúncio de margarina?). O mesmo ocorre com a trilha sonora, de Justin Hurwitz, que está muito longe de ser um sucesso estrondoso. Apesar disso, alcança notas irresistíveis quando Ryan Gosling e Emma Stone se encontram na tela, muito especialmente nesta after party com as colinas de Hollywood como cenário, em que os atores se candidatam a sucessores de Fred Astaire e Ginger Rogers. O casal esbanja química nessa cena. Sem falar que Ryan Gosling tem a melhor cruzada de pernas desde Sharon Stone em Basic Instinct.

6. John Cameron Mitchell em ‘Hedwig and the Angry Inch’ (2001)

Canção: Wig In A Box

John Cameron Mitchell, diretor, roteirista e ator, conseguiu captar a essência da Nova York do Studio 54 e de Andy Warhol para se apresentar como o mais talentoso herdeiro do cinema da Factory. O filme canta a triste história de Hedwig, que tem sua vida transformada depois de uma vaginoplastia e vai trabalhar em uma loja de frutos do mar. Wig In A Box não só é o tema mais épico, como também utiliza o pouco habitual recurso de quebrar a quarta parede, como em um vídeo musical do mestre Michel Gondry.

5. Anne Hathaway em ‘Les Miserables’ (2012)

Canção: I Dreamed A Dream

Como no caso de Chicago, tratava-se aqui de adaptar um daqueles mitos da Broadway, neste caso de Boublil e Schöenberg, e criar um filme dirigido por Tom Hooper. Tinha de ser uma batalha de machos australianos entre Hugh Jackman e Russell Crowe, mas quem se saiu melhor foi Anne Hathaway como Fantine, interpretando I Dreamed A Dream de uma tacada só. Uma proeza de atuação reservada a poucos. Seu esforço foi recompensado com um Oscar.

4. John Travolta em ‘Hairspray’ (2007)

Canção: You Can’t Stop The Beat

Triplo mortal carpado: o mito do cinema trash John Waters realizou um filme musical em 1988 que, convenientemente edulcorada, transformou-se em espetáculo teatral e, por sua vez, em um novo filme, de 2007, dirigido por Adam Shankman. Obviamente, o poderio irreverente da homenagem aos dias de rock e laquê foi praticamente anulado, exceto por uma coisa… E essa coisa foi um John Travolta que retornou ao gênero musical que o tornou famoso, mas com uma mudança: travestido como a peituda Edna (personagem interpretado na versão de John Waters pela mítica Divine), sepultando definitivamente o playboy Tony Manero de Embalos de Sábado à Noite. Um atrevimento genial que aponta para temas como a loucura em que dizem que Travolta está mergulhado desde que se converteu à cientologia, a alopecia severa e os rumores sobre sua sexualidade.

3. Catherine Zeta-Jones em ‘Chicago’ (2002)

Canção: I Can’t Do It Alone

O diretor Rob Marshall concorreu a rei do musical do século XXI com este filme em que adapta para a telona um dos grandes sucessos da Broadway, do mestre dos mestres Bob Fosse. O principal atrativo, como não se cansou de repetir a publicidade, era que o trio de protagonistas (Renée Zellweger, Catherine Zeta-Jones e Richard Gere) dançava e cantava em seus números. O filme arrasou no Oscar daquele ano e foi o primeiro musical a ganhar a estatueta de Melhor Filme desde Oliver, em 1968. Isso não impediu que os insaciáveis fãs dos musicais voltassem a repetir seu eterno discurso vitimista de marginalizados pela indústria. Catherine Zeta-Jones ganhou uma mais que merecida estatueta, prova disso é o exercício atlético sobre plataformas que realizou nesse número.

2. Chen Shiang-chyi em ‘O Sabor da Melancia’ (2005)

Canção: Sixteen Tons

O diretor taiwanês Tsai Ming-Liang ganhou o Urso de Ouro no Festival de Berlim de 2005 com um dos musicais mais estranhos de que se tem notícia, com números absolutamente delirantes como este protagonizado por um homem disfarçado de pênis (sim, você leu certo). Depois de uma descrição dessas, para que falar do deslumbrante cromatismo inspirado em Jacques Demy ou dos elegantes movimentos de câmera? Mas sublinhamos, por via das dúvidas.

E a melhor: 1. Björk e Catherine Deneuve em ‘Dançando no Escuro’ (2000)

A canção: Cvalda, Björk.

A conjunção de duas personalidades fortíssimas, o polêmico diretor Lars von Trier e a extravagante cantora Björk, rendeu o musical mais moderno já filmado. Há quem prefira o número I’ve Seen It All com seus bailados no trem mas, para nós, pelo ritmo, pela poética futurista e pela homenagem a Tempos Modernos, de Chaplin, esta sequência é a mais sensacional. Além disso, aparece Catherine Deneuve e isso é, simplesmente, insuperável.

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