Morre Robert Vaughn, último ator vivo de ‘Sete Homens e Um Destino’

O ator nova-iorquino, que lutava contra uma leucemia, faleceu aos 83 anos de idade

Vaughn como Napoleon Solo
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Existe um Robert Vaughn para cada geração. Aquele que encarnava um pistoleiro em Sete Homens e Um Destino (1960). O que protagonizou o espião Napoleon Solo na série O agente da Uncle (1964-1968). O senador Park de Inferno na Torre (1974). O vilão de Superman III (1983)... Vaughn (Nova York, 1932) começou a trabalhar na televisão em 1955, e, seis décadas depois, ainda este ano, chegou a participar de dois filmes. Por isso, apesar de ter perdido a batalha contra uma leucemia, na sexta-feira, 11 dias antes de fazer 84 anos, deixará para sempre sua marca na história da dramaturgia.

Robert Vaughn atende fãs em 2014eduardo muñoz (reuters)

Seu penteado e savoir affaire eram parte de um físico que administrou com certo talento, e que lhe rendeu uma indicação ao Oscar por seu papel de veterano de guerra alcoólatra em O Moço de Filadélfia (1959), e um Globo de Ouro como melhor ator coadjuvante por Sete Homens e Um Destino (Vaughn era o único integrante do elenco que continuava vivo). Ele mesmo contou em sua autobiografia, lançada em 2008, Robert Vaughn: A Fortunate Life (Robert Vaughn: Uma Vida Afortunada, em tradução livre): "consegui esticar meus 15 minutos de fama e transformá-los em 50 anos de boa fortuna".

Vaughn se alternou entre o cinema e televisão toda a sua carreira. Filho de um ator de rádio e de uma atriz, que se divorciaram quando ele era um pequeno, Vaughn teve que deixar Nova York e se mudar para Minneapolis junto com a sua mãe, para viver com seus avós. Apaixonado por teatro, aos cinco anos já sabia de memória o famoso monólogo de 'Ser ou não ser', de Hamlet, ensinado por sua mãe, que o ajudava a conseguir pequenos papéis em séries radiofônicas.

Na juventude, se mudou para a Califórnia, onde se dividia entre estudar atuação, na Los Angeles City College, e buscar pequenos papéis: em 1956, quando já levava um ano trabalhando, conseguiu uma singela participação, que sequer aparecia nos créditos, em Os Dez Mandamentos. À noite, saía de bar em bar: assim se tornou namorado de Natalie Wood e amigo de James Coburn. Quando terminou a faculdade, assinou um contrato com o estúdio Columbia, realizou serviço militar, e, depois de muita televisão, conseguiu sua primeira indicação ao Oscar e ser selecionado para o elenco de Sete Homens e Um Destino.

Trailer de 'The man of UNCLE'.

Apesar de sua fama ter crescido, Vaughn não conseguiu se afastar dos sets de televisão, que, em realidade, lhe deram o maior êxito de sua carreira: O Agente da UNCLE, a série da emissora NBC em que dois espiões, o americano Napoleon Solo (Robert Vaughn) e o soviético Illya Kuryanki (David McCallum), trabalhavam para uma agência secreta internacional, no contexto da Guerra Fria. Era uma versão mais bem-humorada de James Bond, da qual Ian Fleming chegou a ser conselheiro. No auge de sua carreira, Vaughn chegou a receber até 70.000 cartas de fãs por mês.

Trailer de 'The magnificent seven'.

No entanto, apenas atuar deixava Vaughn “entediado”. Ele tinha muito mais interesse por viagens e política: amigo de Robert F. Kennedy, deu diversos discursos contra a Guerra do Vietnam - foi o primeiro ator a fazer isso -, e foi membro, durante muitos anos, do partido Democrata. Concluiu um Ph.D em Comunicação, em 1970, na Universidade do Sul da Califórnia, com a tese Only Victims: A Study of Show Business Blacklisting, que se publicou como livro em 1972 e falava sobre a perseguição sofrida pelos comunistas em Hollywood .

Além dos trabalhos mencionados, Vaughn participou de produções como Bullit (1968), Lei e Ordem, Washington: Behind Closed Doors (pela qual ganhou um Emmy), Assassinato por Escrito (1984), Esquadrão Classe A, Columbo, O Golpe, Mercenários das Galáxias (1980), S.O.B. Nos Bastidores de Hollywood (1981), e Sem Trapaça Não Tem Graça (1998).

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