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Como mudar o que o Google sabe sobre você

A empresa afirma que quer dar aos usuários o controle para apagar buscas e deixar de armazenar dados

Portal do buscador Google.Vídeo: ERIC GAILLARD (REUTERS) / EL PAÍS VÍDEO
Beatriz Guillén
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O Google sabe tudo sobre você. Onde você esteve, qual foi a última música que escutou no YouTube ou em que destino de férias está interessado. O buscador mais potente e utilizado do mundo registra cada palavra digitada. Seus servidores armazenam milhões de dados de usuários em tempo real. Mas agora a empresa afirma que quer ceder parte desse imenso controle aos usuários, possibilitando que eles escolham as informações que querem compartilhar. São dadas duas opções: a de apagar as buscas já feitas e a de não armazenar as buscas futuras. Para isso, o Google criou a ferramenta “Minha Atividade”, com a qual pode ser administrado o histórico de todos os serviços do Google, como YouTube, Maps, Chrome e Voice. O objetivo: melhorar a confiança que os usuários têm na empresa.

É possível comprovar se a informação continua armazenada nos servidores ou se foi mesmo eliminada? “Não, mas é uma questão de confiança”, responde Google

Em um edifico cinza nos arredores de Munique (Alemanha) fica a equipe de 400 engenheiros que cuida da segurança e privacidade da grande empresa de tecnologia. São seis andares de escritórios onde a equipe aposta num serviço que já considera um exercício de transparência. “É claro que tivemos de fazer um grande investimento, mas vale a pena porque significa ganhar a confiança dos usuários − e quanto mais gente confia, mais usuários o Google obtém”, reflete Wieland Holfelder, chefe da equipe de engenheiros de Munique.

Eles explicam orgulhosos uma ferramenta que criaram para “dar uma resposta a todas essas pessoas que queriam saber quais dados o Google guardava sobre elas”, explica Holfelder. O processo para conhecer a resposta é simples. O usuário deve entrar em “Minha Conta” − o espaço pessoal onde pode fazer login e ajustar as configurações de segurança − e escolher “Minha Atividade”.

Poder ver os dados que armazenamos significa ganhar a confiança dos usuários − e quanto mais gente confia, mais usuários o Google obtém

A primeira olhada assusta. Ali está o que você digitou há um minuto ou há um ano, o vídeo que lhe enviaram, a imagem que você viu. Tudo ficou registrado. Mas você pode apagar. É possível eliminar cada busca de forma individual ou por períodos de tempo: hoje, na última semana, no último ano ou tudo que está armazenado. Com um clique você pode fazer todos os seus dados sumirem.

É possível comprovar se a informação continua armazenada nos servidores ou se foi realmente eliminada? “Não, mas é uma questão de confiança. Se você apaga, tem de confiar que apagamos de verdade”, responde Holfelder. De novo, a confiança. Deveríamos confiar em vocês? “É claro, os dados estão mais seguros conosco.”

Impossível não deixar rastro

Estamos em uma época na qual é impossível não deixar rastro: não podemos evitar que sejam registrados dados sobre nós e nossos gostos, sobre as páginas ou a música que buscamos e até sobre onde estamos. Diante disso, parece lógico que nos ofereçam a opção de apagar esses dados. Não só com as já famosas petições à União Europeia sobre o direito ao esquecimento, mas também de uma forma mais fácil e rápida. Entretanto, só o Google oferece uma ferramenta tão simples assim para eliminar os dados armazenados sobre os usuários.

Chegará o momento em que o usuário terá todo o controle sobre seus dados

Por que as empresas custam tanto a mostrar o que sabem de nós? “Acredito que as companhias estão começando a perceber que isso é muito importante, porque as pessoas já consideram que têm de ter esse controle sobre seus dados”, responde Holfelder, que antes trabalhou para a Mercedes-Benz e considera que a ferramenta “Minha Atividade” pode servir de modelo para outras grandes empresas. Chegará o momento em que os cidadãos terão controle total sobre seus dados? “Sem dúvida, tenho certeza. Se o usuário não tiver o controle de determinadas coisas, perde a confiança; e há muitos benefícios para uma empresa que tem a confiança de seus clientes.”

Deixar de armazenar as buscas

A outra opção que a empresa propõe é deixar de armazenar os históricos. Isso não significa que vá ser apagado o que já está armazenado, e sim que não serão feitos novos registros. Com um só botão você pode desativar: o registro do histórico de suas atividades (suas buscas), de suas localizações, dos comandos por voz e das reproduções do YouTube. O sistema alerta sobre o que você perderá: o Google já não poderá lhe oferecer o trajeto mais curto para sua casa de forma automática, e você também não verá sugestões de músicas relacionadas com aquelas que costuma ouvir.

A empresa não informa quantos usuários optaram por apagar o que foi armazenado ou por cancelar novos registros de dados, mas o espaço “Minha Conta” é usado a cada ano por um bilhão de pessoas para gerenciar suas configurações.

Sem segurança não há privacidade

“Sem segurança é impossível haver privacidade”, afirma Andreas Türk, chefe de produto da equipe de Identidade, Segurança e Privacidade em Munique. Esse é um quesito no qual somos reprovados. A senha mais utilizada do mundo continua sendo 12345. O Google, que depende tanto da segurança, alerta sobre o pouco esforço dos usuários nesse sentido quando usam redes nas quais são armazenadas tantas informações pessoais quanto em nossas próprias casas. “Cerca de 95% dos ciberataques podem ser prevenidos com uma simples configuração de privacidade”, explica Wieland Holfelder.

Cerca de 95% dos ciberataques podem ser prevenidos com uma simples configuração da privacidade

Por que não nos preocupamos com isso? “Não é que os usuários não se importem, é que as pessoas não sabem o que têm de fazer para se proteger. Essa é nossa responsabilidade: tornar as configurações de privacidade e segurança visíveis e fáceis de entender. As pessoas precisam saber que existem ferramentas fáceis para administrar isso”, assinala Holfelder. Sua equipe propõe: senhas fortes (compostas por números, letras e sinais gráficos), dupla autenticação (com o envio de uma mensagem para o celular, por exemplo) e um administrador de senhas na nuvem para gerir todos esses longos códigos de acesso a cada um dos sites.

Na Espanha, segundo uma pesquisa feita com 2.000 jovens entre 13 e 30 anos, 48% dos integrantes da geração do milênio (nascida nas décadas de 1980 e 1990) utilizam a mesma senha na maioria de suas contas e 61% fazem isso porque têm dificuldade de memorizar diferentes senhas. Mas isso não é recomendável. “Se alguém invadir uma conta, poderá entrar em todas”, explica Türk.

Apesar de todas essas medidas de proteção, os especialistas reconhecem que as senhas são a parte mais frágil do acesso à internet. Como explica o chefe da equipe de segurança: “Chegará o fim das senhas, mas será um processo muito longo e difícil. É algo que a indústria em conjunto precisa adotar”.

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