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Aleksander Ceferin, eleito novo presidente de da UEFA

Esloveno, de 48 anos, vence Michel Van Praag na primeira votação e quebra todos os padrões do antigo regime

Aleksander Ceferin, no Congresso da UEFA.Foto: reuters_live | Vídeo: REUTERS / REUTERS-QUALITY
Ladislao J. Moñino

O esloveno Aleksander Ceferin já é o novo presidente da UEFA, depois de obter 42 votos contra os 13 do holandês Michel Van Praag, seu único adversário, na primeira votação do Congresso Extraordinário que a UEFA realiza em Atenas.

Em julho passado, no Comitê Executivo da UEFA realizado antes da final da Eurocopa, Ángel María Villar percebeu que algo estava mudando no processo de sucessão para a presidência da entidade que tentou presidir. Sua intenção naquela reunião era sair eleito como o candidato da organização, com o apoio do executivo. Villar se deparou com a recusa de alguns membros do comitê, que já apontavam o esloveno Ceferin como favorito. As sucessões quase dinásticas, típicas do antigo regime instalado na FIFA e na UEFA, começaram a entrar em colapso naquele dia em Paris. Em Atenas, esses ares renovadores acabaram se confirmando com a esmagadora vitória de Ceferin.

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A ampla margem de votos para este advogado esloveno, de 48 anos, rompe com o sistema instalado durante tantos anos. Ceferin não é membro do Comitê Executivo, por isso é visto como alguém que chega para governar o sistema vindo fora. A desqualificação de Michel Platini pelo Comitê de Ética, devido aos 1,8 milhão de euros (cerca de 6,8 milhões de reais) recebidos do também punido Joseph Blatter, levou a um clima de regeneração e de certa limpeza na UEFA. “Ceferin não está intoxicado, não faz parte da velha guarda que agora está tão malvista depois dos escândalos da FIFA. Não haverá grandes mudanças, porque a UEFA é uma organização mais respeitada do que a FIFA e muito mais sólida economicamente”, alerta um membro do organismo europeu.

Villar, que pertence a essa velha guarda, desde aquele dia de julho sentiu que suas chances eram mínimas diante da força de uma candidatura mais renovadora e apoiada pelo próprio presidente da FIFA, Gianni Infantino. Ceferin nega esse apoio e culpa a campanha do holandês van Praag, que não retirou sua candidatura, apesar de também ter claro que não tinha nada a fazer. Esse apoio, caso hajam provas suficientes, pode custar a Infantino uma investigação por parte do Comitê de Ética da FIFA, porque, devido à sua condição de presidente da entidade máxima do futebol mundial, deve permanecer neutro.

A escolha de Ceferin também significa entregar a cadeira presidencial da UEFA a um dirigente de uma federação pequena e de pouco peso e tradição na vitrine internacional. A instituição já teve um presidente italiano (Artemio Franchi), dois franceses (Jacques Georges e Michel Platini), um sueco (Lennart Johansson), um dinamarquês (Ebbe Schwarzt) e um suíço (Gustav Wiederkher). Na sombra, alemães, espanhóis e britânicos também fizeram fortes lobbies de poder com posições na secretaria geral ou nas vice-presidências, além da presença no aparelho burocrático, agora vinculado a Ceferin. A atenção aos países mais modestos tem sido parte de sua campanha. Ele criticou o modelo da nova Champions, que a partir de 2018 irá garantir a presença de quatro clubes das grandes ligas (Espanha, Alemanha, Inglaterra e Itália), embora sua margem de manobra seja limitada apesar das promessas. “Esse acordo foi votado pelo Comitê Executivo, e ele não vai poder se opor tendo acabado de chegar. Precisava fazer um sinal aos países menores, mas vai ser muito complicado romper com esse novo modelo”, diz uma fonte da UEFA.

A idade do novo presidente também representa uma importante mudança no retrato robô do presidente da UEFA. Van Praag e Villar tentaram desacreditá-lo por sua inexperiência. “Tenho 48 anos, não sou tão jovem.” Ceferin não quis se apresentar como o candidato do Leste Europeu, algo que, para ele, o teria prejudicado. Também deixou escapar mais de uma vez que o dinheiro não é um problema para ele e que não precisa do cargo. Ceferin comanda um dos escritórios de advocacia de maior prestígio de seu país, com cerca de 50 advogados sob sua direção.

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