Cinco vídeos que contestam a versão da PM sobre a manifestação em São Paulo

Imagens mostram uso desproporcional da força. Polícia diz que agiu para "proteger vidas"

"A Polícia Militar só se fez presente para proteger vidas", disse o coronel Dimitrios Fyskatoris, na segunda-feira, em uma entrevista coletiva para falar sobre a atuação da PM na manifestação de domingo contra o presidente Michel Temer.

Bomba de gás atirada no Largo da Batata em São Paulo.SEBASTIAO MOREIRA (EFE)

O coronel afirmou que não "reconhece nenhum excesso" por parte da polícia e que os agentes agiram para conter um tumulto. A reportagem do EL PAÍS não presenciou tumulto, assim como outros meios de comunicação. Vídeos, como o abaixo, mostram a atuação da PM quando a manifestação já havia praticamente se dispersado.

Manifestantes e jornalistas sofreram com o enfeito das bombas de gás lacrimogêneo. "A nossa tropa foi recebida, como vem sendo recebida sistematicamente, com resistência ativa e passiva", disse o coronel, que a descreveu como "austeridade com gesto e palavras e arremesso de latas, pedras e garrafas contra a tropa"

Bares e o comércio nas proximidades do Largo da Batata, onde o ato foi encerrado, sentiram os efeitos dos gases, como mostra as imagens abaixo registradas no vídeo feito por Adriano Choque, para a Mídia Ninja. "Eventualmente podem haver denúncias de desvio de conduta. Todos esses desvios são objetos de apuração rigorosa", disse o coronel.

"Do incidente que houve ontem, controlado e sem nenhum ferido, quantas vidas nós salvamos? Quanto nós impedimos de qualquer risco de vidas que estavam lá?", disse Fyskatoris.

O Ministério Público Federal anunciou nesta terça-feira que abrirá um inquérito para apurar as denúncias de violações dos direitos humanos nas últimas manifestações em São Paulo e no Rio de Janeiro. A procuradoria informou, em nota, que irá coletar informações, imagens e áudios das próximas manifestações e da conduta da polícia durante os protestos.

A abertura desse procedimento atende às representações envidas pelo grupo Tortura Nunca Mais e pelo Sindicato dos Advogados de São Paulo denunciando as violações.

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