_
_
_
_
_
Editorial
Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

Gaza não é o Hamas

O escândalo da ONG que deu dinheiro ao Hamas não pode justificar a perseguição de Netanyahu a essas organizações

Comerciantes palestinos de Gaza protestam.
Comerciantes palestinos de Gaza protestam.MAHMUD HAMS (AFP)

O suposto desvio de 50 milhões de dólares que o responsável pelas finanças de uma ONG em Gaza entregou à organização Hamas prejudica gravemente o trabalho que várias organizações realizam em favor da população da Faixa. A Word Vision é uma instituição que trabalha há décadas na Cisjordânia e em Gaza, e neste último território atende cerca de 40.000 crianças. O caso, no entanto, não pode dar asas à política de perseguição que o Governo de Benjamin Netanyahu está realizando contra as ONGs que prestam assistência à população palestina. A situação objetiva em Gaza torna indispensável a ajuda humanitária e são as organizações e os voluntários de todo o mundo que a tornam possível. Persegui-los é fazer o jogo do Hamas, adepto do quanto pior melhor no que se refere à situação em Gaza.

Mais informações
Israel começa doutrina de punições e prêmios coletivos na Cisjordânia
'Os justos de Israel', por Mario Vargas Llosa
Israel anuncia medidas “ofensivas” depois do atentado em Tel Aviv

É imprescindível destacar o papel desempenhado pelo Hamas nesse escândalo. A organização impõe ferreamente sua lei em Gaza desde 2007, quando expulsou do território –do qual Israel já havia retirado completamente em 2005– os representantes da Autoridade Palestina e impôs um governo de caráter islamista que reprime com extrema dureza a dissidência tanto política quanto social. E não apenas isso. Nenhuma organização que trabalha em Gaza pode fazê-lo contra o critério do Hamas, ou simplesmente sem a sua permissão. É evidente que a acusação contra um funcionário da World Vision em Gaza é muito prejudicial, mas isso não tira os méritos dos que ali atuam por motivos humanitários ajudando uma população civil vítima de um conflito prolongado que exige uma solução.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_