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Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

Um primeiro passo

Acordos entre Rajoy e Rivera abrem uma via para sair do impasse

Um “pequeno primeiro passo de uma longa caminhada” é, segundo Mariano Rajoy, o que aconteceu ontem em seu encontro com o líder do Cidadãos, Albert Rivera, com o objetivo de chegar a um possível acordo para a posse do primeiro-ministro em exercício. Um passo especialmente significativo por acontecer um dia após o desânimo geral que causou o encontro entre Rajoy e o secretário-geral dos socialistas, Pedro Sánchez, embora a caminhada será longa e difícil; mas o líder do PP não poderia esperar outra coisa. Os ventos da ausência de negociações plantados na etapa de maioria absoluta agora colhem algumas tempestades. Os sinais de mudança são positivos, mas precisamos de mais, de Rajoy e do PP.

O líder de Cidadãos, Albert Rivera.
O líder de Cidadãos, Albert Rivera.Mariscal (EFE)
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Os interlocutores de ontem concordaram em considerar que o primeiro objetivo é evitar a repetição de novas eleições. Essa primeira prioridade (na expressão de Rajoy) envolve atuar de forma coerente com o objetivo. Mas há outra prioridade comum: negociar as questões de interesse geral mais urgentes: a crise catalã e o orçamento. E fazer isso antes e depois da posse.

Sobre a Catalunha, Rivera propôs um pacto de Estado na defesa da unidade e soberania da Espanha que não exclua uma reforma constitucional consensual e que respeite as regras do jogo. Proposta que, de acordo com Rivera, Rajoy disse “olhar com bons olhos”. A disposição de Cidadãos de participar nas negociações do orçamento, com contatos entre os especialistas dos dois partidos, também é interpretada por Rajoy como um sinal de esperança de que é possível chegar a um acordo para a posse. Há urgência em que exista um Governo porque sem ele não pode haver Orçamento, que deve estar pronto até outubro. Mas para que haja Governo deve haver posse, e para que isso prospere, é necessário um pacto entre partidos. Rajoy quis enfatizar a abertura de um canal permanente de comunicação e negociação para a posse que pode acabar sendo a coisa mais importante da reunião.

Rivera disse novamente que seu partido foi o único que se moveu. Mas se esse movimento vai se manter nos termos atuais (abstenção na segunda votação) será insuficiente; e não se trata de ver quem cumpriu melhor ou pior, mas de agir de forma eficaz para alcançar o objetivo prioritário de evitar uma terceira eleição: precisamente porque se o PSOE continuar com o “não” haverá novas eleições, o movimento eficaz seria que Cidadãos passasse da abstenção ao apoio, o que aproximaria a soma de PP + Cidadãos da maioria absoluta. Isso levaria, por sua vez, o PSOE na direção da abstenção, como argumentaram alguns líderes socialistas.

Rivera se comprometeu ontem a falar com Sánchez para convencê-lo a facilitar a formação de um Governo. Uma melhor comunicação entre seus partidos seria conveniente para acabar com esse cabo de guerra (vou fazer isso quando você fizer aquilo) que muitas vezes termina com ninguém fazendo nada.

Ontem não houve grandes acordos, mas Rivera disse que “nesse momento não há alternativa à candidatura de Rajoy”; isso significou uma abertura que em algum momento, talvez, possa ser o primeiro passo para evitar o que ninguém queria, mas todos favoreciam.

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