8 fotosRoda de conversa e oração das transEncontro é organizado pelo Ministério Séforas, braço da igreja inclusiva Congregação Cristã Nova Esperança 15 jul. 2016 - 18:34BRTWhatsappFacebookTwitterLinkedinLink de cópiaEm um sobrado debaixo do elevado Minhocão, no centro da cidade, competindo com o barulho dos carros que passam praticamente na altura das janelas de vidro pixadas pelo lado de fora, Jacque se levanta e dá a mão ao grupo de cerca de 20 trans, gays e travestis. “Obrigado, Senhor, por ter nos reunido aqui hoje. Obrigado, Jesus Cristo, pelo milagre de nos ter deixado viver, porque ser trans e estar viva é um verdadeiro milagre”, prega.Bruno Fujii“Quando não são assassinadas, geralmente acontece alguma outra fatalidade”, disse a ativista Rafaela Damasceno em entrevista recente à Agencia Brasil. Quem participa do encontro com Jacque sabe bem disso. Não à toa, depois da curta oração, é hora de falar, desabafar, em uma conversa conduzida por um psicólogo voluntário.Bruno FujiiO papo começa com um desabafo da Evelyn, de 45 anos, que diz estar tendo muita dificuldade para colocar seu nome social – o feminino – em seus documentos. Todas concordam que, apesar de estar na lei, essa é uma luta diária. “O que a gente ouve o dia todo é ‘não’”, dizem.Bruno Fujii“Eu sou evangélica e quando ia à igreja, o pastor olhava pra mim e chamava o ‘irmão Fábio’ para orar lá na frente. Quem é o irmão Fábio? Ah, é! Sou eu. Como pode? Olha pra mim: peito, bunda e cabelo comprido!”, diz Samanta.Bruno Fujii“Esse encontro não é um culto evangélico fundamentalista, não esperamos converter ninguém, nem impor nada. Isso aqui é uma porta de entrada para a possibilidade de uma vida mais digna. A parte espiritual existe, mas só se aprofunda quem quer”, diz Jacque. Ao menos cinco das participantes daquela noite dizem ser espíritas ou de religiões afro-brasileiras e não ter interesse imediato no cristianismo.Bruno FujiiDebaixo do Minhocão, entre República e Santa Cecília, um dos trechos mais degradados do centro de São Paulo, a localização da sede da CCNE acaba dizendo muito sobre quem vai aos encontros do Séforas.Bruno Fujii“Igrejas não deixam de ser igrejas, de ter dogmas, e a monogamia e o discurso contrário a prostituição são duas coisas muito enraizadas, inclusive nas congregações inclusivas”, diz Natividade.Bruno FujiiDivulgado em 2015, um levantamento feito pela ONG Transgender Europe diz que o Brasil é o país que mais mata travestis e transexuais no mundo. Por aqui, a expectativa de vida dessa população é de apenas 35 anos.Bruno Fujii