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Centenas de monstros nas ruas e um cadáver: o fenômeno ‘Pókemon Go’

O novo app da Nintendo utiliza a realidade aumentada para espalhar Pokemons pelas ruas da cidade

Duas palavras tomaram conta das ruas de várias cidades e as redes sociais no mundo inteiro. Pokemon Go é um jogo que usa a realidade aumentada, que se serve das câmeras dos nossos celulares e tablets para sobrepor ao nosso entorno real elementos de videogames e fazer-nos ver, por exemplo, na palma de nossa mão, os Pokemon, bichos da série mais memorável para quem foi criança nos anos noventa. O fenômeno japonês dos “monstrinhos de bolso” engloba uma dezena de videogames (alguns deles sendo os mais rentáveis do mundo), séries, filmes, quadrinhos e todo o merchandising que se possa imaginar. Depois de 20 anos causando furor entre os jovens e nostalgia, mais tarde, nas mesmas pessoas, a coleção de Pokemon chega a 800 exemplares.

Assim, agora, este novo aplicativo transporta a eterna caça dos literalmente para as ruas: qualquer pessoa que tenha um smartphone pode criar um personagem que anda pela nossa cidade e vai caçando esses simpáticos monstros pelas ruas que ele encontra na tela do celular. Eliminam-se, dessa forma, os mundos inventados, realizando-se o sonho de toda uma geração de tentar pegá-los no mundo real. Um sono bastante popular, haja visto que, segundo a consultoria Similar Web, somente nesta segunda-feira, o Pokemon Go já foi instalado em mais smartphones com Android do que o Tinder, o onipresente aplicativo de encontros.

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Embora ainda não esteja disponível oficialmente no mundo todo, mas apenas nos EUA, Nova Zelândia e Austrália, vários usuários brasileiros já puderam utilizá-lo, pois ele tem aparecido, sumido e reaparecido, como de surpresa, nas lojas do Android e da Apple, de forma intermitente, desde a última terça-feira, dia 5. Outros usuários de Android conseguiram acesso a ele por meio de um site alternativo, o APK Mirror. Também de acordo com a SimilarWeb, o Brasil é o segundo país do mundo que mais tem baixado o aplicativo.

O exército de mestres de Pokemon nas ruas registra vários testemunhos nada comuns que já apareceram nas redes sociais neste fim de semana. É o caso de uma jovem que procurava um Pokemon de água e acabou encontrando um cadáver flutuando em um rio perto de sua casa em Wyoming. Ou um sujeito que afirma ter caçado um Pidgeotto enquanto sua mulher dava à luz. Há também o caso do homem pegou um outro depois que um policial o obrigou a descer de seu carro. E tem mais: a polícia de O’Fallon (Missouri) publicou no Facebook um alerta aos moradores para que tivessem cuidado com ladrões, já que estes haviam percebido que os usuários do Pokemon Go andam ainda mais distraídos do que o normal.

Este fenômeno social em torno de um videogame não está tão distante daquilo que aconteceu nos anos 90 em muitas escolas do mundo inteiro: as crianças se reuniam nos pátios e jogavam com os Game Boy os primeiros títulos da bem-sucedida saga, a tal ponto que muitas associações de pais e mestres proibiram que os consoles fossem levados para dentro das salas de aula. Se achávamos que os videogames eram algo isolado, que torna a pessoa reclusa, transportando-a para mundos virtuais alheios ao contato com outros seres vivos, a indústria parece se esforçar para demonstrar o contrário: o conteúdo social em jogos como Pokemon Go é indiscutível, pois a única forma de pegar os Pokemon é saindo para a rua e ir atrás dos pontos estratégicos.

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