_
_
_
_

Mayra González: “As empresas com mulheres são mais rentáveis”

Esta mexicana de 39 anos é a primeira mulher a dirigir uma filial da Nissan no mundo

Mayra González, presidente da Nissan México.Vídeo: Alba Mora
Elena Reina
Mais informações
Mulheres que investem em mulheres
Mães empreendem para ganhar a vida mais perto dos filhos

Mayra González, de 39 anos, vivia olhando de soslaio para o elevador. Em um edifício corporativo da Cidade do México com mais de 600 funcionários sempre foi Mayra, das poucas mulheres que davam ordens. Esta manhã se senta no último andar, o décimo, reservado durante décadas para homens bem vestidos que sempre eram lembrados pelo sobrenome. Ela é a primeira mulher a dirigir uma filial da Nissan no mundo. E a mais jovem.

Em um país onde as mulheres mais poderosas ocupam sua posição de liderança em decorrência de herança, como María Asunción Aramburuzabala e Eva Gonda Rivera, González rompeu todos os padrões. Começou aos 20 anos vendendo carros, por acaso. “Estava estudando e pedi a meu pai que me comprasse um carro. Ele me disse que se queria um carro teria que trabalhar, por isso procurei algo com que conciliar meus estudos de marketing e entrei em uma distribuidora de automóveis”, conta a executiva em um sóbrio e escuro escritório que diz pretender modernizar.

O mais difícil depois de dirigir sozinha 22 horas até o norte do país não era chegar bem, mas que alguém desse atenção a uma mulher jovem

Com o dinheiro que ganhava vendendo carros pagou os estudos e foi subindo pouco a pouco no setor. “Aprendi desde muito pequena que a informação é poder, tinha de preparar-me bem para que me levassem a sério. Afinal, era uma menina”, lembra. E reconhece que não foi fácil: “Quando tinha de dirigir 22 horas até o norte do país para encontrar-me com um distribuidor, o problema não era que uma moça jovem estivesse no volante sozinha por tanto tempo, com tudo o que isso implica neste país. O difícil era que quando chegasse ali alguém me desse atenção”.

De vendedora de carros chegou a vice-presidenta de vendas da Nissan. O último trampolim antes da liderança da empresa. Hoje tem sob seu comando mais de 15.000 empregados. É também a primeira mulher a dirigir uma fábrica de veículos no México, onde essa indústria representa 6% do PIB. Com mais de 15 anos na multinacional, confessa que, apesar do cargo, terá de continuar demonstrando que merece estar ali: “O bom deste negócio é que não é subjetivo. Os resultados são o que são. Mayra González é minha marca. Dirijo uma operação líder no México, por isso terão de levar isso a sério aí fora”.

González fala com firmeza e segurança. E não deixa de sorrir no final de cada frase que articula como uma sentença. “É muito curioso, porque nós, mulheres, temos que provar que merecemos nosso cargo. Sempre se diz: 'Esta garota é muito boa porque conseguiu isto'. De um homem com frequência se pensa: “'Parece que é muito bom, que tem talento”, conta, mais relaxada.

Não me interessa a apresentação do talento, mas o próprio talento. Isso é o que tem de definir o número de mulheres em uma empresa

Como primeira diretora da filial diz que tem a grande responsabilidade de tornar o caminho mais fácil para as mulheres. Tem a intenção de manter a licença maternidade de seis meses e de incentivar medidas de coach para elas. Mas não concorda com a política de cotas. “Para contratar alguém não olho se é homem ou mulher. Tanto faz se é europeu, afro-americano ou latino. Não me interessa a apresentação do talento, mas o próprio talento. Isso é o que tem de definir o número de mulheres em uma empresa”, explica.

Em seus cartões de visita se lê: “Presidente”. Não quis mudar a palavra. Considera que o posto que ocupa “não tem gênero”, embora admita que ser a presidenta significa uma vantagem para a empresa: “Quando se inclui mulheres nos cargos de direção ou de tomada de decisões há até mais 44% de rentabilidade porque há melhor clima laboral, mais oportunidades de desenvolvimento. Também para a sociedade. O que elas ganham sempre é investido mais em educação, em alimentação e em estilo de vida. É um pensamento de negócios contar conosco. As empresas com mulheres são mais fortes”.

"Sempre nos falam do teto de vidro. Mas muitas se esquecem que é de vidro, que pode ser quebrado. Não é de concreto”, afirma. E do décimo e último piso do edifício corporativo insiste: “As indústrias não pertencem aos homens. Muitas de nós estão rompendo esse paradigma. É preciso atirar-se na piscina. É preciso subir no elevador”.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_