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Bolsas da Gucci como oferenda aos mortos chineses

Empresa tenta impedir a venda de cópias de papelão de seus artigos destinados aos mortos

A empresa de moda e acessórios de luxo Gucci não aprova a venda de cópias de seus produtos em nenhuma situação, nem mesmo quando se trata de imitações de papelão que serão queimadas para prestar homenagem aos mortos. Mas a marca italiana precisou se desculpar publicamente por ter pedido a vários comerciantes de Hong Kong que retirassem as reproduções de papel de seus produtos por infringirem os direitos de sua marca registrada.

Bolsas e sapatos de imitação da Gucci.
Bolsas e sapatos de imitação da Gucci.Kin Cheung (AP)
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Na China, as pessoas prestam homenagem aos seus antepassados com oferendas. No norte do país é comum que se queime dinheiro falso e comida, mas no sul, e especialmente em Hong Kong, as famílias queimam réplicas – algumas muito trabalhadas – de sapatos, maços de cigarro, carros, celulares e qualquer outro artigo que acreditam que seus mortos possam precisar no além. As cópias de artigos de luxo se tornaram populares nos últimos anos, de modo que não faltam os carros esportivos, as mansões com piscina e os acessórios das grandes marcas.

A demanda dessas reproduções tem seu auge durante a festividade Qingming – o equivalente ao Dia de Todos os Santos – que em 2016 foi comemorada em 4 de abril, mas as funerárias têm esses artigos durante todo o ano. A missiva da marca em questão pedia aos comerciantes que deixassem de vender as falsificações de papelão da Gucci e até lhes pedia informação sobre seus fornecedores, que, segundo a imprensa local, vêm majoritariamente da província de Cantão, próxima à ex-colônia britânica.

Algumas imitações das bolsas e sapatos Gucci, feitas de papel.
Algumas imitações das bolsas e sapatos Gucci, feitas de papel.Kin Cheung (AP)

Alguns vendedores tomaram como uma brincadeira, mas outros moradores de Hong Kong viram nessa advertência uma intromissão aos seus costumes, ainda mais levando em consideração que essas lojas também vendem artigos de outras marcas de luxo que não se queixaram. A empresa decidiu então voltar atrás: “Lamentamos qualquer mal-entendido que possa ter sido causado e pedimos sinceras desculpas a qualquer pessoa que possa ter se ofendido por nossos atos”, disse a empresa em um comunicado, informa a France Presse. A Gucci afirmou que enviou as cartas “como parte dos esforços para proteger sua propriedade intelectual” e que de forma nenhuma pretendeu interferir nas tradições funerárias dos habitantes de Hong Kong, pelos quais tem “o maior respeito”. A marca disse que não tomaria nenhuma ação legal e não pediria compensações apesar das bolsas e sapatos de papelão levarem estampado seu conhecido logotipo.

A estratégia da marca para evitar a comercialização das réplicas de papelão foi amplamente comentada nas redes sociais. “Talvez a Gucci deva lançar sua própria linha de produtos feitos de papel para tal finalidade”, sugeriu um usuário no Twitter. “Será que a Gucci está pensando em abrir uma loja no além?”, brincou outro.

Venda de produtos feitos de papel em Hong Kong.
Venda de produtos feitos de papel em Hong Kong.Kin Cheung (AP)

A polêmica é o último episódio da intensa campanha da Gucci contra as falsificações na China. No ano passado sua empresa matriz, o conglomerado francês Kering (proprietário de outras marcas como a Balenciaga e a Puma), realizou ações legais contra o gigante do comércio eletrônico chinês Alibaba porque em sua opinião permitia a comercialização de cópias de seus produtos em seus portais. Nesta semana a empresa italiana anunciou sua saída da Coalizão internacional Anti-Falsificações (IACC) porque a organização permitiu a entrada da Alibaba no grupo.

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