12 fotosComo o Brasil de Dilma chegou até aqui em imagensDesde o dia da posse da presidenta em 2015, um terremoto tomou o país que encara agora um processo de impeachmentCarla JiménezSão Paulo - 15 abr. 2016 - 21:53BRTWhatsappFacebookTwitterLinkedinBlueskyLink de cópiaDilma e Temer no dia da pose em Brasília.Lula Marques/ Fotos PúblicasUm mês após a eleição da presidenta Dilma, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) é eleito presidente da Câmara, onde liderou as maiores derrotas do Governo, estabelecendo um clima de guerra que se arrastou por todo o ano. O PT tentou emplacar outro candidato, o deputado Arlindo Chinaglia, revelando uma tentativa do Governo de se afastar do partido que compunha a sua base. Cunha integrava a ala do PMDB favorável ao fim da aliança com o PT. Profundo conhecedor do regimento interno, Cunha comandou a Câmara de modo obstinado, colocando em pauta projetos de interesse dos empresários, como a lei da terceirização, e polêmicos, como o que dificulta o acesso de pílula do dia seguinte na rede pública. Evangélico, Cunha sempre exalta seu lado religioso nas redes sociais. Começou a ganhar a antipatia nacional quando a Lava Jato trouxe à tona contas no exterior, e a compra de um Porshe, por exemplo, pela empresa Jesus.com, que está em seu nome.L.Tomaz (Fotos Públicas)No dia 8 de março de 2015, em comemoração ao dia da mulher, a presidenta fez um pronunciamento em rádio e TV que quase não foi ouvido em bairros de classe média em São Paulo. O mau humor contra seu Governo foi manifestado em forma de panelaços, uma forma de protesto nova para o Brasil, até então pouco dado aos debates políticos. Brasileiros foram às janelas de suas casas bater panelas, estimulados por líderes de movimentos de rua anti-PT que sugeriram o panelaço para mostrar a união dos descontentes contra Dilma. O tarifaço de luz, aumento da gasolina e os cortes de gastos no Governo mostravam que a presidenta estava mudando o discurso de campanha e a população não perdoou a 'traição'.Reprodução (Agência Pública)Depois de anunciar aumento de tarifas e um ajuste fiscal para colocar as contas em ordem, o país entrou em combustão, com manifestações contrárias à presidenta Dilma. No dia 15 de março uma catarse popular surpreendeu o Governo Dilma com milhares de brasileiros convocados por movimentos anti-PT em quase todos os Estados do país. Somadas às notícias sobre a corrupção do partido, a presidenta começou a ser pressionada nas ruas. Os gritos de 'Fora Dilma' prenunciavam a efervescência pelo impeachment que evoluiu ao longo do ano em novos protestos multitudinários que se repetiram em abril, agosto e dezembro. A polarização cresceu chegando à hostilidade pública de pessoas ligadas ao Governo ou de figuras públicas que tivessem se oposto à rejeição ao PT.Paulo Pinto (Fotos Públicas)Sérgio Moro em Curitiba.rodolfo buhrer/ reutersA Lava Jato expôs a trama de corrupção na Petrobras, e levou à cadeia dezenas de executivos da companhia. Em abril, a operação prendeu o então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, acusado de recolher propina junto a uma diretoria da petroleira. Além deles, outros nomes do partido foram implicados na investigação. No dia 6 de março, a Procuradoria Geral da República divulgou a lista de políticos suspeitos de de beneficiar do esquema. A maioria do PT e de integrantes da sua base aliada, PMDB e PP. A exposição diária de notícias sobre a participação da partido da presidenta na trama corrupta foi deteriorando a imagem do Governo Dilma.M. Camargo (Fotos Públicas)Em junho, a Lava Jato levou para a prisão preventiva o empresário Marcelo Odebrecht, um dos mais poderosos do país, por suspeita de liderar um cartel de empreiteiras que irrigava a corrupção na Petrobras. Responsável pelas grandes obras do Governo do PT em infraestrutura, Odebrecht teve ligação estreita com o poder público inclusive nas investidas no exterior. Cuba, Equador, Colômbia e Peru são alguns dos países onde a empreiteira atua. Algumas obras saíram de acordos feitos pelos Governos do PT em outros países, caso do porto de Mariel, em Cuba. A relação estreita de Odebrecht com Lula despertou suspeitas de tráfico de influências do ex-presidente para beneficiar a empreteira. Em contrapartida, Odebrecht ofereceria 'mimos' a Lula como obras no sítio de Atibaia, frequentado pela sua família, que hoje é alvo de investigação da Justiça.AEEduardo Cunha.L. Marques / Fotos PúblicasNa sequência da descoberta de suas contas no exterior, o presidente Eduardo Cunha recebeu em setembro um grupo de juristas, e de deputados da oposição e movimentos anti-PT que apresentaram um pedido de impeachment da presidenta pela adoção de pedaladas fiscais para justificar as contas públicas. Cabia a Cunha acatá-lo ou arquivá-lo, como fez com tantos outros pedidos do gênero que havia recebido antes. À medida que o Conselho de Ética avançava e que o deputado buscava apoio para evitar o andamento de seu processo de cassação, o pedido de impeachment ficou na gaveta. No dia 2 dezembro, os deputados do PT do Conselho avisaram que votariam contra Cunha. Como ato contínuo, o deputado acatou o pedido de impeachment da presidenta.W. Dias (Fotos Públicas)Cinco dias após o pedido de impeachment que abriu um flanco no Governo Dilma, uma carta escrita pelo vice-presidente, Michel Temer, veio a público com uma lista de queixas dele à falta de espaço no Governo. Tratava-se de uma carta de cunho pessoal, segundo ele, em que reiterava a lealdade institucional sob a função do vice. “Entretanto, sempre tive ciência da absoluta desconfiança da senhora e do seu entorno em relação a mim e ao PMDB. Desconfiança incompatível com o que fizemos para manter o apoio pessoal e partidário ao seu governo”, afirmava a missiva. Segundo Temer, trechos da carta teriam sido vazados por integrantes do Governo e por isso decidiu torná-la pública. O episódio foi contornado pelo Planalto, mas tornou-se um documento que comprova a frágil relação vivida pela presidenta com seu vice, que agora pode assumir seu cargo caso seja afastada.M. Camargo (Fotos Públicas)O ex-presidente Lula ganhou os holofotes em 2016 ao entrar na mira da Lava Jato. Um apartamento triplex no Guarujá e um sítio em Atibaia teriam recebido benfeitorias de empreiteiras do esquema da Petrobras, como OAS e Odebrecht. A Justiça investiga se os 'mimos' seriam em troca do favorecimento de negócios na Petrobras. Acuado, o ex-presidente expressou sua irritação com o que chamou de perseguição, e teria pressionado pela queda do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em fevereiro, porque ele não colocaria limites à investigação. A partir dali, viveu um inferno particular, que passou pela condução coercitiva no dia 4 de março à Polícia Federal, e a divulgação de conversas privadas inclusive com a presidenta no dia 16. Lula teve telefones grampeados a mando do Juiz Sérgio Moro, um expediente criticado inclusive por membros do Supremo. Na véspera, o PT pressionou a presidenta para convidar o ex-presidente a assumir a Casa Civil. Mas nas conversas divulgadas pela PF ficou claro que se assumisse o cargo seria uma chance de fugir do foco de Sergio Moro. Lula foi tema diário dos noticiários, o que aumentou o sentimento anti-PT inflamando a última manifestação de rua no dia 13 de março, e a pressão pelo impeachment da presidenta Dilma.Nelson Almeida/ AFPOs 513 deputados do Congresso ganharam o protagonismo nacional depois que o impeachment foi deflagrado. À medida que as notícias negativas ao PT avançavam, a maré anti-Dilma cresceu. No início de março os oposicionistas anunciaram que iriam obstruir as votações na Câmara até que o processo de impeachment fosse instaurado. Aos poucos a base do Congresso foi se esfacelando, culminando com o desembarque do PT no dia 29 de março. Nas semanas seguintes, o Governo tentou manter os outros partidos base a seu lado, mas foi perdendo aliados à medida que o calendário do impeachment foi se definindo. Dilma chega às vésperas da votação na Câmara com mais de 342 deputados – os dois terços necessários para aprovar a sua saída – anunciando que votarão a favor do impeachment.L. Bernardo Jr. (Fotos Públicas)