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O ‘erro 53’ que destrói o seu iPhone 6

O erro 53 acontece após o telefone ter sido consertado por um fornecedor não oficial

Demonstração do funcionamento do iPhone 6.
Beatriz Guillén
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A Apple avisa sobre uma nova atualização. O usuário aceita. Em muitos casos, até instintivamente. Enquanto o sistema está sendo restaurado, aparece uma mensagem que interrompe o processo: "O iPhone não pôde ser restaurado. Erro desconhecido (53)". A falha ocorre apenas no iPhone 6, quando é atualizado com a versão mais recente do sistema operacional da Apple, o iOS 9, e deixa o dispositivo completamente inutilizável. Ainda não foi descoberta uma maneira para fazer o aparelho voltar a funcionar, e os dados são irrecuperáveis.

O problema afeta o botão principal e o sistema de identificação de impressão digital, o Touch ID, quando o telefone foi consertado por um fornecedor não oficial. A Apple não ofereceu nenhuma solução e argumenta que esta é uma forma de proteger a segurança de seus clientes.

"Durante uma atualização ou restauração, seu dispositivo iOS verifica se o sensor Touch ID coincide com outros componentes do dispositivo. Essa verificação mantém o dispositivo protegido. Quando o iOS encontra um módulo de Touch ID inesperado ou não identificado, a verificação falha. Por exemplo, uma substituição de tela não autorizada ou realizada de forma incorreta poderia causar um erro na verificação”, informou a Apple no site da empresa.

Passos sugeridos pela Apple

  1. Certifique-se de estar com a versão mais recente do iTunes.
  2. Force a reinicialização do aparelho.
  3. Tente restaurar o aparelho novamente.
  4. Se ainda aparecer o erro 53 ao tentar restaurar o aparelho, entre em contato com o suporte técnico da Apple. Se a restauração não for finalizada e aparecer um código de erro diferente, busque informações sobre o que fazer.

A gigante de tecnologia norte-americana argumenta que o erro só ocorre quando o dispositivo foi consertado ou operado por um fornecedor não oficial. As peças de reposição nas lojas de suporte da Apple podem custar três vezes mais do que a de um fornecedor externo. Por essa razão, usuários, advogados e a Comissão Australiana de Direitos do Consumidor estão contestando a empresa por esta não ter alertado sobre os problemas causados pela atualização e por permitir deliberadamente a "destruição" do telefone.

Juristas e Austrália contra a Apple

No Reino Unido, alguns advogados classificaram como “insensatez” a política da Apple de "matar" os iPhones de usuários por meio de uma atualização, que poderia ser potencialmente interpretada como uma violação à Lei de Prejuízo criminal, de 1971. A lei faz referência a um ataque deliberadamente destinado a destruir a propriedade de outro.

O escritório de advocacia PCVA, com sede em Seattle (EUA), disse que acredita que a medida da Apple viola várias leis de proteção ao consumidor nos Estados Unidos.

"Que alguém me explique onde diz na lei do consumidor que o vendedor tem direito de inutilizar um hardware que você acaba de comprar", reclama um cliente

"Acreditamos que a Apple possa estar forçando seus clientes a usar obrigatoriamente as lojas oficiais de conserto. Imagine que você compre um carro, e um gerador é trocado por um mecânico local no seu bairro. De acordo com a estratégia da Apple, seu carro não voltaria a funcionar porque você o levou a uma loja não oficial. Intencionalmente, deixam seu carro inutilizado. Isso não pode ser", disse a empresa de advocacia em seu site.

Na Austrália, o comitê que supervisiona os direitos dos consumidores e da concorrência já iniciou uma investigação para averiguar se a Apple violou os direitos dos clientes.

Deste erro surgem histórias como a de Antonio Olmos, um repórter do jornal britânico The Guardian, que deixou cair seu iPhone 6 enquanto cobria a chegada de refugiados à Europa. "Na Macedônia, não há lojas oficiais da Apple, e precisava do celular para trabalhar. Levei-o para ser consertado e funcionava perfeitamente", diz Olmos. No entanto, quando atualizou o sistema, apareceu o temido erro 53.

De volta a Londres, o repórter foi a uma loja da Apple, onde confirmaram que seu celular estava morto e que não podiam fazer nada por ele. Exceto pagar 270 libras (cerca de 1.600 reais) por um novo. "É inacreditável. Como uma empresa pode deliberadamente inutilizar seus produtos com uma atualização e nem mesmo avisar seus clientes?", pergunta Olmos.

O caso do jornalista não é o único; reclamações de usuários que perderam o iPhone devido ao erro 53 superam mais de 1.000 pessoas, de acordo com o The Guardian. A resposta da Apple não satisfez esses usuários, que gastaram centenas de euros na compra do telefone. "Que alguém me explique onde diz na lei do consumidor que o vendedor tem o direito de inutilizar um hardware que você acabou de comprar", reclama um usuário em um fórum do The Guardian.

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