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Editoriais
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Aviso aos navegantes

Centro de Pesquisas Sociológicas confirma que novas eleições não ajudariam a governabilidade

Pablo Iglesias durante uma coletiva de imprensa no Congresso
Pablo Iglesias durante uma coletiva de imprensa no CongressoBernardo Perez (EL PAÍS)
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O índice de janeiro do Centro de Pesquisas Sociológicas (CIS, na sigla em espanhol) confirma o que adverte a maioria dos analistas: eleições antecipadas não aliviariam o panorama político nem ajudariam a governabilidade na Espanha. A pesquisa, divulgada na quarta-feira (realizada entre 2 e 11 de janeiro), é um verdadeiro aviso aos navegantes, especialmente aos partidos que acreditam que novas eleições os fariam ganhar votos e permitiriam que formassem Governo. A realidade é que os atuais equilíbrios ficariam mais ou menos inalterados, com a única novidade de que o Podemos e seus aliados poderiam superar em votos o PSOE.

É verdade que o trabalho de campo foi realizado apenas três semanas depois das eleições gerais, quando ainda não tinham sido iniciados os contatos com o Rei para uma possível posse; mas os dados coincidem basicamente com outras pesquisas — da Metroscopia para o EL PAÍS em 18 de janeiro — e confirmam a fragmentação das forças políticas no Parlamento.

No atual panorama, parece que dois partidos optaram por forçar novas eleições, com a esperança de ganhar posições no tabuleiro parlamentar. O Partido Popular declinou sua responsabilidade como partido mais votado e está torcendo pelo fracasso do PSOE para se apresentar como única alternativa estável. E o Podemos, que com sua irrupção extemporânea e agressiva no calendário de negociações torna pouco menos que impossível um acordo de governo com o PSOE. O PP e o Podemos são, em tese, os que obteriam melhores resultados em novas eleições.

É difícil prever os resultados da pesquisa nestes dias em que o PSOE se viu diante da responsabilidade de tentar formar Governo. Os especialistas afirmam que os eleitores podem premiar os que mais se esforçarem em buscar uma solução que facilite uma posse. Em outras palavras: se houver novas eleições, ganhará mais o partido que mais tiver feito para evitá-las.

Em todo caso, a pesquisa também envia um recado muito claro a Pedro Sánchez: alerta-o de que a estratégia de Pablo Iglesias para garantir a hegemonia da esquerda na Espanha está dando resultados. Já acabou com Esquerda Unida e agora ameaça desbancar o PSOE, o que quase conseguiu em 20 de dezembro.

Esse aviso deve servir ao secretário-geral dos socialistas, que nesta quinta-feira se reúne com o líder do Podemos, para que tenha muito clara sua estratégia de negociação. Seria um erro deixar-se arrastar pelos cantos de sereia de Iglesias e pelas belas palavras de um governo progressista e não valorizar sua posição ideológica de centro-esquerda. Um espaço que, além do mais, é majoritário entre os espanhóis.

Sánchez deve firmar a centro-esquerda frente ao populismo, as propostas frente à demagogia e o reformismo frente ao liquidacionismo. O Podemos tem todo o direito de fazer seu jogo, mas o PSOE tem o dever de defender esse espaço político que o definiu como partido e lhe permitiu levar a cabo as maiores reformas da Espanha democrática.

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