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As 10 melhores casas do século XX

De Le Corbusier a Niemeyer, um passeio arquitetônico por residências icônicas

Terraço da Villa Savoye (1929-1931), residência de Le Corbusier, em Poissy (França).
Terraço da Villa Savoye (1929-1931), residência de Le Corbusier, em Poissy (França).Jean-Christophe Ballot

Para os amantes da arquitetura e do design de interiores, algumas casas são uma verdadeira tentação. Não são monumentos, nem sequer museus ou casas-museu. São simplesmente autênticas obras de arte, adeptas do Modernismo ou herdeiras dos princípios deste grupo que transformou as formas de morar, construídas pelos melhores arquitetos do século passado. Valem uma visita por sua arquitetura original ou simplesmente por terem sido o lar de alguns dos melhores arquitetos do século XX.

01 A máquina de morar

Villa Savoye (Poissy, França)

Villa Savoye, de Le Corbusier, em Poissy (França).
Villa Savoye, de Le Corbusier, em Poissy (França).J. C. Ballot

Cinquenta anos após a morte de Le Corbusier, sua casa (1929-1931) continua sendo uma das construções mais importantes do século XX na França. O lema do arquiteto, "a casa é uma máquina de morar", é concretizada nesta obra rigorosa e severa, que expressou de forma magnífica os princípios renovadores do estilo internacional, seus "cinco pontos". Pela primeira vez, foram usados em uma residência privada elementos de design como espaços fluidos (o passeio arquitetônico, conceito que é uma das maiores contribuições de Le Corbusier), os telhados planos, as linhas simples e janelas alongadas que permitem desfrutar da paisagem; ainda hoje a casa é vanguardista. Uma visita obrigatória para arquitetos e para qualquer curioso.

02 O minimalismo ao extremo

Glass House (Connecticut, EUA)

Interior da Glass House, de Philip Johnson, em Connecticut (EUA).
Interior da Glass House, de Philip Johnson, em Connecticut (EUA).Eirik Johnson

A Glass House é uma casa reduzida à sua essência. Toda "pele e ossos", completamente transparente, mas minúscula e inesperadamente acolhedora, ao mesmo tempo representando a essência e subvertendo o conceito de uma casa. O minimalismo extremo do lar de Philip Johnson, em Connecticut, construído em 1949, simboliza o impulso do Modernismo Americano, mas sua principal característica é a capacidade de fazer parte de uma paisagem. Johnson estava apaixonado pela natureza “urbanizada” do Parc des Buttes-Chaumont, de Paris, pelos jardins neoclássicos ingleses e pelos prados de sua infância no Centro-Oeste dos EUA. Uma vez dentro da casa, rapidamente se torna evidente que a verdadeira estrela é a paisagem perfeita que a rodeia.

03 Artesanato local + funcionalismo = beleza

Casa Aalto (Helsinque, Finlândia)

Escada interior da Villa Necchi Campiglio, em Milão.
Escada interior da Villa Necchi Campiglio, em Milão.Alvar Aalto Museum / Maija Holma

Esta casa no bairro costeiro de Munkkiniemi, em Helsinque, que registrou um novo recorde de visitas em 2015, de 10.071 pessoas, foi a casa da família do casal de designers finlandeses Alvar e Aino Aalto desde 1936. É simples, iluminada, mas muito cálida, e serviu como protótipo de grande parte da obra posterior de Alvar Aalto. Nela são combinados elementos como o funcionalismo e o humanismo emergente, e a conscientização sobre o meio ambiente do arquiteto. O pragmatismo profundo do casal é refletido no closet, um extravagante armário de dupla face particularmente inovador por seu isolamento e orientação. Ao contrário de muitas outras obras-primas do início do Modernismo, tem muitos elementos decorativos que refletem e celebram a tradição artesanal finlandesa.

04 Efeito teatral

Villa Necchi Campiglio (Milão, Itália)

Escada interior da Villa Necchi Campiglio, em Milão.
Escada interior da Villa Necchi Campiglio, em Milão.FAI / Giorgio Majno

O racionalista Piero Portaluppi, recluso entre magnólias e muros altos, oferece um vislumbre do glamour obscuro de Milão no período pré-guerra. Os seus interiores teatrais misturam ideias originais e ambiciosamente inovadoras, com evocativos detalhes do cotidiano. Os armários guardam belos vestidos e casacos de pele, e os baús de viagem estão prontos. Uma coleção de arte do século XX igualmente evocativa adorna as paredes.

05 Espaço, luz, ferro e madeira

Villa Tugendhat (Brno, República Checa)

Jardim da Villa Tugendhat, de Mies van der Rohe, nos arredores de Brno (República Checa).
Jardim da Villa Tugendhat, de Mies van der Rohe, nos arredores de Brno (República Checa).David Zidlicky

A vila nos arredores de Brno, de 1930, projetada por Mies van der Rohe, é um hino ao espaço e à luz, na qual os muros foram completamente eliminados através da inovadora estrutura de ferro projetada pelo arquiteto. Não só a estrutura é revolucionária, mas também a ausência de decoração interior tradicional. Muitas das superfícies funcionais utilizam materiais nobres e naturais, tais como ônix translúcido que filtra a luz da parede da sala de estar. O mobiliário, projetado especialmente para a casa em colaboração com Lilly Reich, combina tubos de aço com madeiras raras e couro com cores de joias; sua característica cadeira Brno ainda é produzida atualmente.

06 Fantasia oriental

Dar Sebastian (Hammamet, Túnis)

Pátio e piscina do centro cultural Dar Sebastian, em Hammamet (Túnis).
Pátio e piscina do centro cultural Dar Sebastian, em Hammamet (Túnis).Habib M’henni

Wright e Elsa Schiaparelli elogiaram esta fantasia oriental racionalista à beira-mar, idealizada pelo milionário romeno George Sebastian, entre 1920 e 1932. Os seus espaços amplos e atraentes hospedaram artistas, celebridades, líderes mundiais e sessões fotográficas no século XX. Pouco resta do mobiliário original, e seus luxuosos interiores estão desgastados, mas a piscina central, sua abóbada de arestas e o banheiro de festa — espelhos e um banheiro para quatro ao estilo batistério — ainda são formidáveis.

07 Um estúdio boêmio na Califórnia

Case Study House 8 (Pacific Palisades)

Estúdio de Charles e Ray Eames, na Califórnia.
Estúdio de Charles e Ray Eames, na Califórnia.Carol M. Highsmith / GETTY

A casa-estúdio de Charles e Ray Eames, de 1949, é tipicamente californiana. Simples, localizada em um prado entre eucaliptos no Pacific Palisades, perto de Los Angeles, aberta ao sol e à brisa do mar, e símbolo de sua missão de democratizar o design em meados do século do XX. Inteligentes métodos de construção maximizaram o volume com materiais mínimos, a maior parte pré-fabricados. Os quartos foram concebidos, intuitivamente, para múltiplas utilidades. Parte lar boêmio, parte laboratório de seus experimentos estéticos e de funcionalidade, a estrutura é inspiradora e permite espreitar a vida diária dos Eames.

08 A fuga do ângulo reto

Casa Das Canoas (São Conrado, Brasil)

Piscina da Casa das Canoas, de Oscar Niemeyer, no Rio de Janeiro.
Piscina da Casa das Canoas, de Oscar Niemeyer, no Rio de Janeiro.Rick Ligthelm

Oscar Niemeyer, o melhor arquiteto brasileiro, projetou esta casa na floresta tropical, em 1951. É muito moderna e totalmente adequada ao seu tempo e lugar. Niemeyer ignorou a arquitetura da "regra e do ângulo reto" e buscou inspiração na plasticidade do concreto e no meio ambiente mais próximo: "suas praias brancas, suas enormes montanhas, suas antigas igrejas barrocas e belas mulheres bronzeadas". Seu erotismo tropical é uma desordem de curvas, lacunas e incursões surpresa na própria paisagem; uma rocha traça uma escada para o chão e sobe para formar parte da piscina ao ar livre.

09 A casa de vidro com patas

Casa Rose Seidler (Sydney)

Casa Rose Seidler, em Sydney.
Casa Rose Seidler, em Sydney.Nicholas Watt

Harry Seidler, um refugiado austríaco formado por Breuer e Gropius, projetou esta casa para seus pais no final dos anos quarenta. Aninhada entre arbustos nos bairros ricos do norte de Sydney, a casa "de vidro com patas" de Seidler ajudou a moldar a arquitetura futura da Austrália. De fato é um tributo a seus professores europeus, mas também uma reinvenção da antítese dos princípios da Bauhaus, uma reformulação inteligente das casas tradicionais da costa da Austrália. Uma forma esquelética suspensa ancorada na paisagem através de uma longa rampa, paredes de arenito e venezianas, enquanto os interiores claros e abertos estão decorados com mobiliário original e eletrodomésticos originais dos anos cinquenta.

10 Modernismo à japonesa

Casa de Kunio Maekawa (Tóquio)

Casa de Kunio Maekawa, em Tóquio.
Casa de Kunio Maekawa, em Tóquio.Satoshi Ohki

A pioneira casa de Kunio Maekawa, com novo endereço e agora parte do Museu de Arquitetura ao Ar Livre de Edo – Tóquio, é um maravilhoso exemplo do fértil diálogo entre a estética tradicional japonesa e filosofias do modernismo europeu. Construída em 1942, seu tamanho diminuto, simplicidade contida e uso inteligente de colunas interiores devem alguma coisa ao tempo que o arquiteto passou no estúdio de Le Corbusier (trabalhou na Villa Savoye), juntamente com as restrições relativas aos materiais em tempo de guerra; mas também são típicos do espírito inovador e da capacidade que Maekawa tem de criar espaços luminosos, mas íntimos. O mobiliário original, desenhado pelo arquiteto especificamente para a casa, e os pertences pessoais restaurados permanecem no local. Também representam uma mistura evocativa de linhas racionalistas e tradição artesanal japonesa.

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