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El acento
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O direito das crianças ao lazer... e a crescer sem carências

Um estudo mostra que as crianças brincam menos e já não sonham em ser astronautas, e sim ricas e famosas

Milagros Pérez Oliva
Crianças jogam futebol na Guatemala nesta quinta-feira.
Crianças jogam futebol na Guatemala nesta quinta-feira.Esteban Biba (EFE)

Coincidindo com o Dia Internacional dos Direitos da Infância, foram apresentados diversos trabalhos que mostram as mudanças, nem sempre para melhor, que afetam a vida das crianças. Um deles, realizado pelo Instituto Tecnológico do Produto Infantil e do Lazer, compara o que sonham e brincam as crianças de hoje em relação às dos anos 1990. E o que se descobriu é que as crianças têm agora menos lazer e estão mais sobrecarregadas por deveres e atividades extracurriculares do que as de 25 anos atrás. Não é o primeiro estudo que alerta sobre o estresse infantil e a falta de tempo para brincar, o que tem consequências importantes em sua formação. A brincadeira é um elemento indispensável para uma infância feliz e um importante instrumento de socialização.

As crianças de hoje não só dedicam menos tempo para brincar como também, quando brincam, a maioria não o faz com outras crianças no parque, na rua ou na praça, mas em casa e muitas vezes sozinha. E já não brincam tanto com brinquedos, mas com aparelhos eletrônicos, entre os quais predomina o jogo individual com a máquina. É verdade que estes jogos potencializam as habilidades motoras e a rapidez de raciocínio, mas não deixa de ser uma forma de brincar solitária, o que não contribui para o amadurecimento da personalidade. Quando uma criança brinca com outras crianças, ela entra em contato com a realidade e tem de enfrentar situações às vezes difíceis, como uma disputa ou um conflito com outra criança, às vezes gratificantes, como fazer um novo amigo. Tudo isso a obriga a interagir com as demais e lhe oferece a possibilidade de experimentar situações que são uma excelente aprendizagem.

Uma criança que brinca sozinha em casa só pode aspirar a bater papo com os amigos na Rede. Não é pouco. Mas não é suficiente. Este tipo de relações à distância pode fazer vibrar e sofrer tanto quanto as presenciais, mas também permite escapar das situações indesejadas com um simples clique e desenvolver condutas de evasão que não ajudam a amadurecer. Talvez por falta de relações reais e tangíveis, as crianças de hoje tendem a ter mais fantasias. E entre essas fantasias está a de o que querem ser quando crescerem, algo em que também se observam mudanças. Se há 25 anos queriam ser professores ou astronautas, agora querem ser ricos e famosos. Seus modelos são os atletas profissionais, cantores e famosos que aparecem na televisão como grandes exemplos de sucesso. São sonhos destinados a chocar-se com a realidade, porque não pode haver tantos Messi nem tantos Ronaldo quanto a quantidade de crianças que sonham em sê-lo.

As Nações Unidas nos lembram que as crianças têm direito a uma infância gratificante e saudável. Isso inclui poder brincar e se divertir, mas também ter uma condição de vida que atenda as necessidades básicas.

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