Tempestade de dívida à vista
Se o endividamento privado não for controlado nos países emergentes, há risco de recessão
Seria um erro muito grave subestimar a complexidade da atual situação econômica global. A interação de fatores de incerteza (a crise chinesa, a decisão sobre as taxas de juros nos Estados Unidos, a persistente fraqueza da recuperação nas áreas do euro, dólar e iene e a fraqueza dos países emergentes) lança algo mais do que dúvidas razoáveis sobre a orientação nos mercados. A desaceleração chinesa tem e terá graves consequências sobre o comércio mundial e começam a aparecer sinais de que novas turbulências financeiras se aproximam. O Fundo Monetário Internacional (FMI) apresentou na quarta-feira esses temores “com caráter preventivo” e há pouca dúvida de que eles têm fundamento.
A mancha negra, que suscita as inquietudes da cúpula de Lima, é o endividamento das empresas dos países emergentes. O relatório do FMI calcula esse endividamento em cerca de 3 trilhões de dólares (cerca de 11,6 trilhões de reais). A desaceleração em Brasil, Rússia, China, Turquia e Argentina faz desse volume de dívida uma bomba-relógio para os mercados de capitais. Esta é a razão pela qual o Federal Reserve deve adiar a subida das taxas de juros até que estas não representem uma ameaça direta para o crescimento dos países mencionados e indireta para a Europa. A crise bancária e empresarial provocada pela desaceleração poderia propagar-se rapidamente sob a forma de uma nova crise da dívida soberana, colocando a economia global em uma nova recessão.
O foco da preocupação é a China. O FMI calcula o excesso de dívida da China em cerca de 25% acima do nível que seria razoável em relação aos fundamentos da economia do país. Mas o pior é que seus governantes não têm mostrado ser capazes de lidar com uma situação potencialmente perigosa. Apesar de suas reservas excederem sua dívida, uma desaceleração persistente da economia e uma destruição maciça de emprego podem desembocar, se não for encontrado um novo padrão de crescimento, em uma crise política.
Os avisos são inúteis se não forem ouvidos. Mas também é verdade que será difícil reduzir a dívida privada com taxas de crescimento em baixa, petróleo mais barato e uma mudança na formação dos fluxos de capitais. Por isso é o momento de perguntar se os países emergentes podem atender a advertência apenas com seus recursos.
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