“Seleção brasileira tem muita habilidade e pouca técnica”, diz Tostão
Centroavante da seleção do Tri analisa a seleção de Dunga e do futebol brasileiro


“O futebol brasileiro vive um momento de pessimismo total. A eliminação na Copa do Mundo e na Copa América afetou muito”, argumenta o ex-jogador Tostão, hoje comentarista esportivo. A seleção comandada pelo técnico Dunga, que começa nesta quinta-feira sua caminhada rumo à Copa da Rússia-18 enfrentando o Chile em Santiago, está na mira. “Há muita incerteza sobre o papel que o Brasil pode desempenhar nestas eliminatórias. A Argentina tem uma equipe muito forte, o Chile e a Colômbia melhoraram muito, e o Uruguai é sempre complicado nas partidas decisivas. Além disso, Venezuela, Equador e Peru não são equipes fáceis de bater”, diz o ex-centroavante, campeão mundial em 1970, ao EL PAÍS. “O torcedor tem medo de que aconteça uma catástrofe e que o Brasil não se classifique para a Rússia. Não acho que seja possível, mas o futebol brasileiro mudou sua maneira de jogar.”
“Está sendo dado muito valor à estratégia e pouco ao jogo coletivo. Há muitos passes longos e poucos passes de pé em pé”, diz Tostão, companheiro de Pelé na seleção do Tri. “Hoje em dia surgem jogadores com muita habilidade, mas pouca técnica; muita velocidade, mas pouca lucidez.” Para ele, no entanto, há uma exceção. “O Brasil gera dois ou três jogadores muito bons por posição, o problema é que não cria jogadores de futebol excepcionais. Tem um que é: Neymar. Ele é a exceção, e no Barcelona está aprendendo a jogar um futebol associativo”, afirma. Porém, o camisa 11 do Barça não poderá estar na estreia contra o Chile, pois está suspenso.
O pedigree da camisa canarinha não favorece os atletas de Dunga. “Os jogadores não são capazes de assumir riscos e estão muito preocupados com o que o técnico manda. A história desta seleção é muito grande e pesa para os jogadores. Isso ficou evidente na última Copa”, conclui Tostão.