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Treze clubes de futebol criam uma Liga paralela no Brasil

Liga Sul-Minas-Rio, que ainda não possui o apoio da CBF, quer criar um torneio em 2016 Equipes como Flamengo, Fluminense, Cruzeiro e Grêmio formam parte do projeto

Felipe Betim
Everton, jogador do Grêmio, durante a partida contra o Goiás pelo Campeonato Brasileiro no dia 6 de setembro.
Everton, jogador do Grêmio, durante a partida contra o Goiás pelo Campeonato Brasileiro no dia 6 de setembro.Lucas Uebel (Grêmio FBPA / Fotos Públicas)

O Brasil tem uma nova Liga de futebol, criada a margem da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Se chama Liga Sul-Minas-Rio, na qual fazem parte, por enquanto, 13 times de futebol de cinco Estados do país: Flamengo, Fluminense, Cruzeiro, Atlético Mineiro, Grêmio, Internacional, Atlético Paranaense, Coritiba, Joinville, Avaí, Figueirense Chapecoense y Criciúma (este último da segunda divisão). Os 12 clubes que estão na primeira divisão representam mais da metade dos que estão nesta categoria (20 no total). As declarações dos dirigentes envolvidos na operação são contraditórias, mas tudo indica que a criação dessa nova Liga responde ao desejo de criar outro modelo de organização e gestão dos campeonatos.

A curto prazo, a nova entidade pretende colocar um torneio no primeiro semestre de 2016. “Temos que nos adaptar aos campeonatos estaduais”, explicou Delfim Pádua Peixoto, máximo dirigente da Federação Catarinense de Futebol. Suas normas ainda não foram definidas, mas está previsto que 10 equipes participem (duas de cada Estado, e as melhores colocadas no ranking da CBF) em oito datas.

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O presidente da nova entidade será Gilvan de Pinho Tavares, também presidente do Cruzeiro. A criação da Liga já era esperada entre os dirigentes do futebol brasileiro e não é um consenso. O presidente da Federação gaúcha, por exemplo, se mostrou contra o projeto. Já Walter Feldman, secretário-geral da CBF, disse semanas antes ao Globo Esporte: "Não estimulamos nem criticamos, apenas observamos”. No entanto, os clubes fundadores da nova Liga esperam que máxima entidade do futebol brasileiro respalde o novo projeto, segundo confirmou ao EL PAÍS o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello.

O novo torneio nascerá como o terceiro mais importante do país, atrás do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil, ambos organizados pela CBF. Ainda não está claro quais são os objetivos a longo prazo do projeto. Tavares, presidente da nova Liga, explicou ao Globo Esporte que a criação do grupo é um “passo gigantesco” para que os próprios clubes organizem o Campeonato Brasileiro no futuro. “É assim no mundo aí fora onde o futebol deu certo. É assim na Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha. Tem que copiar o que deu certo. A gente está atrasado. O futebol brasileiro, o argentino, comparado aos europeus, estão muito atrasados em relação a isso. As nossas administrações, os nossos campeonatos, não chegam perto. A gente arrecada infinitamente menos porque não temos a mesma organização. Vamos alertar os outros clubes sobre a necessidade de dar esse passo”, disse.

Já Bandeira de Mello, presidente do Flamengo, explicou ao EL PAÍS por telefone que a organização do principal torneio do país não foi discutida. No entanto, através de uma nota, o clube afirmou anteriormente que a nova liga "representa um importante avanço nas relações entre as agremiações e reforça a necessidade de que os clubes, os verdadeiros promotores do esporte, tenham maior relevância e autoridade na discussão dos rumos do futebol brasileiro".

A intenção dos fundadores dessa nova Liga é que seu torneio conviva com os torneios estaduais, mas tanto o Fluminense com o Flamengo possuem outros objetivos: priorizar o campeonato Sul-Minas-Rio e não se apresentar com o time titular no campeonato carioca. “Temos uma questão a mais, que é o fato de que estamos rompidos com a federação [de Futebol do Estado do Rio de Janeiro] e não vamos disputar o carioca com o time principal a menos que ela vire ao avesso”, explicou Bandeira de Mello. “O objetivo da nova liga é introduzir no calendário uma alternativa mais atrativa e mais rentável que os campeonatos estaduais, para os quatro primeiros meses do ano. Não interfere em nada que a CBF esteja fazendo. Acho bastante possível que a entidade incorpore esse torneio novo no calendário de 2016. Não necessariamente será o embrião para uma nova liga nacional, o que queremos é realizar esse novo torneio”, assegurou. Os direitos de transmissão na TV ainda estão sendo negociados, disse.

O dirigente da Federação Catarinense também negou que a nova entidade seja o “embrião de uma nova Liga nacional”. Mas admitiu que não está de acordo com várias decisões da CBF e animou outros clubes de se juntarem ao projeto, principalmente os de São Paulo. "A princípio, seria Sul-Minas, mas houve o interesse desses clubes. Sobre os paulistas, nada impede que eles tenham interesse de participar. Para 2016, acho que é difícil, mas, para o próximo ano, seria até importante a participação deles”, explicou à ESPN.

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