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Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

Um apelo a nossos líderes

A crise dos refugiados marca o presente e o futuro da Europa. Treze jornais se unem para exigir medidas que possam enfrentar a tragédia

Um cartaz dá as boas-vindas aos refugiados durante um jogo de futebol na Alemanha.
Um cartaz dá as boas-vindas aos refugiados durante um jogo de futebol na Alemanha.Daniel Bockwoldt (AP)

A Europa enfrenta a pior crise de refugiados desde a II Guerra Mundial. No quinto ano do conflito sírio, aumenta o número de pessoas deslocadas que chegam a nosso continente em busca de proteção e ajuda. E cada vez são mais os que morrem na tentativa desesperada de fugir da guerra e da perseguição. No entanto, com o passar dos meses, vemos que a Europa não fez o suficiente, e o que fez foi tarde demais. A catástrofe que estamos vivendo afeta os refugiados, mas a falta de decisão deixou exposta também uma grave crise política.

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Apesar do nosso passado turbulento, hoje a Europa deve demonstrar que é um continente unido, construído sobre os princípios de solidariedade, igualdade e liberdade.

Em 14 de setembro, os ministros dos Estados membros da UE se reunirão em Bruxelas para encontrar soluções negociadas para a crise. Hoje, os principais jornais da Europa fazem um apelo conjunto aos nossos líderes para que aproveitem essa oportunidade e tomem medidas decisivas para enfrentar essa tragédia humana e evitar a perda de mais vidas.

Exigimos que nossos líderes políticos:

– Estabeleçam métodos simples, seguros e práticos para que os refugiados peçam asilo na Europa sem necessidade de arriscar suas vidas para vir para cá. Essa é a melhor maneira de acabar com o tráfico de pessoas e reduzir o número de vítimas.

– Que mostrem sinais de solidariedade com os países vizinhos da União Europeia, a primeira etapa dos refugiados e migrantes, através do financiamento e organização de um sistema de recepção seguro, digno e coordenado às portas da Europa, no qual esteja incluída uma avaliação rápida e imparcial dos pedidos de asilo.

– A suspensão do acordo de Dublin, que obriga os solicitantes de asilo a retornar ao seu ponto de entrada, enquanto continuarem chegando à Europa essa quantidade de refugiados.

– Que apoiem uma distribuição mais justa dos refugiados entre os Estados membros da UE. Todos os países europeus devem participar de um programa de assentamento de refugiados mais ambicioso do que o visto até agora. O Alto Comissário da ONU para Refugiados, António Guterres, sugeriu que a Europa receba 200.000 pessoas. Esse número deve ser o ponto de partida de qualquer discussão.

– Que aumentem a assistência financeira e humanitária às nações do Oriente Médio afetadas pelo conflito sírio. O pacote de ajuda não deve abranger apenas as necessidades imediatas de alimentos, água e suprimentos médicos, mas garantir que a Europa se comprometa a ajudar a reconstruir as comunidades locais no longo prazo e que, portanto, ofereça aos povos da região a esperança e a oportunidade de ter um futuro melhor e mais seguro em seus próprios países.

– Que pressionem mais outros atores internacionais fundamentais, como Irã, Rússia, Arábia Saudita, Turquia e Estados Unidos, para que façam o máximo esforço para reunir as partes do conflito sírio nas negociações de paz lideradas pela Organização das Nações Unidas.

Nossos líderes devem ser corajosos e lúcidos para superar esse teste que a nossa civilização europeia comum está enfrentando. Devemos agir e precisa ser agora.

Subscrevem este editorial:

EL PAÍS, Espanha; Die Zeit, Alemanha; La Repubblica, Itália; Libération, França; The Independent , Reino Unido; i, Reino Unido; Kathimerini, Grécia; Népszabadság, Hungria; Denník N, Eslováquia; Gazeta Wyborcza, Polônia; Aftonbladet, Suécia; Information, Dinamarca; Morgenbladet, Norueguesa.

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