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Moedas latino-americanas sofrem pela volatilidade chinesa e pelo Fed

Real e peso colombiano têm os menores valores em mais de uma década

Ignacio Fariza
Real sofre desvalorização ante ao dólar americano.
Real sofre desvalorização ante ao dólar americano. Rafael Neddermeyer (Fotos Públicas)

As moedas das principais economias emergentes aumentaram nos últimos dias sua particular desvalorização frente ao dólar e as divisas latino-americanas não são uma exceção. A volatilidade das Bolsas da China, que na quarta-feira recuperaram parte do terreno perdido na segunda, abriu um novo rombo na cotação dessas moedas, já reduzida pela expectativa da elevação dos juros nos EUA e a queda do preço das matérias-primas. No último ano, o real caiu 33% em relação à moeda de referência mundial, o peso mexicano caiu 19%, o peso argentino 10% e o peso colombiano, 35%.

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A segunda derrubada séria dos mercados chineses em menos de dois meses e a proximidade, cada vez maior, da elevação dos juros do Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano, fazem vítimas a muitoa de quilômetros de distância: as divisas latino-americanas. Em uma pauta comum a todas as economias emergentes, as moedas das quatro economias líderes da região – Brasil, México, Argentina e Colômbia –, caíram nessa semana aos valores mínimos das últimas décadas. E o sol peruano e o peso chileno, dois países igualmente significativos por sua exposição ao vai e vem das matérias-primas e, especialmente, às indústrias de extração acumulam grandes quedas anuais de 13% e de 15%.

Ainda que a fragilidade da divisa de um país não seja necessariamente uma notícia ruim para seu setor produtivo – age como catalisador das exportações, ao deixá-las mais competitivas –, também coloca em risco a entrada de capitais, vital para a sustentação da maioria das economias latino-americanas, encarece as dívidas contraídas em moeda estrangeira e, definitivamente, pode acarretar um importante risco para seu crescimento a médio e longo prazo.

Adam Slater, analista da Oxford Economics, atribui a mais recente queda das cotações das moedas à instabilidade das Bolsas do gigante asiático – que na sessão de segunda-feira recuperaram parte do terreno perdido após subir aproximadamente 4% graças ao contínuo envio de liquidez e a manutenção do plano de compras impulsionado pelas autoridades chinesas –, mas coloca a importância de outras causas que já vinham cotando os mercados. “Existem vários fatores entrelaçados que explicam a queda: a baixa dos preços das matérias-primas produzidas pela região, entre elas o petróleo, o ferro e o cobre; a diminuição das entradas de capitais e o forte encarecimento do dólar”, explica por e-mail.

Stephen Jen, veterano economista do FMI e especialista em divisas, mostra a importância de uma mais do que provável normalização dos juros nos EUA a partir de setembro, que marcaria a pauta para outros bancos centrais. “Na última década, a América Latina, como o restante do mundo, se endividou em dólares pensando que este iria continuar caindo. Por isso uma elevação dos juros seria tão perigosa para a região”, frisa.

Sobre as divisas, tanto Slater como Jen colocam o peso mexicano no olho do furacão e, sobretudo, o real, as duas maiores moedas da América Latina. As causas desse crescente temor dos analistas: seus respectivos déficits em conta corrente, de 3,2% e de 4,4%. “Se precisar escolher, acredito que o Brasil poderá ser o grande problema”, conclui Jen.

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