Argentina entedia até enjoar
Seleção desperdiça sua enorme superioridade ante a Jamaica e termina em 1 x 0
A Argentina resolveu sem brilho nenhum seu compromisso com a Jamaica, país convidado ao torneio, e terminou, inclusive, irritando dezenas de milhares de compatriotas que tinham inundado Viña del Mar, como a cada verão, para desfrutar de um duelo com tom de jogo amistoso, que não serviu nem mesmo como partida de exibição e comemoração pelo jogo número 100 de Lionel Messi com a camisa de seu país. Só Gonzalo Higuaín, também sem acertos de sobra, e um Di María finalmente ativo, pareceram levar a sério a partida da Argentina, que caminhou sobre o gramado pela maior parte do tempo ante a pouca agressividade jamaicana, até que aos 35 minutos do segundo tempo os caribenhos tentaram um feito heróico e colocaram alguma pressão sobre a seleção sul-americana.
A diferença abismal entre os dois elencos dificulta a análise da partida, totalmente sem ritmo, que navegou entre períodos de tédio e silêncio nas arquibancadas, interrompidos por palmas quando Messi tocava na bola ou fazia algum drible ou tinha chance de gol, e naufragou no fim entre vaias dos torcedores argentinos, que inclusive chegaram a cantar olé na arrancada final de força jamaicana.
Seu treinador, o alemão Wilfried Schaefer, já havia avisado que o time marcaria Messi sem cometer faltas: a elegância com a qual os caribenhos cumpriram a promessa foi incrível (dez infrações, as mesmas que os argentinos, com muito menos posse de bola). Nos primeiros dez minutos, a equipe de Gerardo Martino já havia chegado quatro vezes à marca de pênalti. Higuaín acertou na quinta e parecia anunciar uma goleada, que não se concretizou, com os argentinos sendo contagiados pelo baixo nível da partida, sem disputa pela posse de bola e falta de definição.
Os homens de Tata (suspenso, viu a partida de uma cabine de televisão) se aproximavam de 80% de posse de bola com seu 4-3-3 habitual, com Higuaín no lugar do dolorido Agüero e Demichelis na vaga de Otamendi. Osreggae boys se fechavam totalmente em seu campo e não davam três passes seguidos. O atacante brigador Brown esteve a ponto de pisar na área rival aos 21 minutos, mas diante de sua solidão recuou e não chegou a cruzar a linha branca, a não ser nos escanteios, que também não criavam perigo. Nem sequer demonstravam sua reconhecida potência física, salvo em alguma prova de velocidade de 50 metros pelo lado, em que avançavam até Mascherano. (Não em vão, Usain Bolt planeja aceitar o convite de Schaefer para treinar com a seleção quando abandonar o atletismo de competição).
Pastore parecia estar bem, mas temeroso demais de roubar o protagonismo de Messi, e a primeira etapa teve mais quatro ocasiões claras (Higuaín, Messi, duas de Di María) que, na falta de se concretizarem, não conseguiram entusiasmar o pessoal. O intervalo não trouxe boas notícias. A Argentina tinha tudo preparado para uma goleada motivadora, mas seguia jogando em rimo lento. Só Di María aproveitava a tarde para completar sua exibição física. Alguns detalhes geniais de Messi, sem parceiros ágeis como os do Barcelona, foram apenas pinceladas em um jogo de baixíssima intensidade. O craque argentino finalizou mais vezes do que qualquer outro na Copa América, mas as coisas não se concluem. Aos 10 minutos do segundo tempo, Di María voltou a disparar na trave. Depois, Messi quase marca com um chute perigoso por cima do goleiro. Expressões de talento individual sem ligação entre si. As chances eram desperdiçadas e a partida seguia 1 x 0. Messi terminou outra vez enfastiado, desencontrado de seus companheiros, chateado pelo péssimo jogo da equipe nos últimos 20 minutos preocupantes.
Em condições semelhantes de superioridade técnica e tática, a demora do gol da tranquilidade afetava cada vez mais a postura alviceleste. Eram cinco passes sul-americano por cada toque jamaicano. O salário dos 11 jamaicanos cabe no de qualquer estrela argentina. E de forma assustadora, ainda que custe acreditar, a Argentina voltou a se defender aos 35 minutos do segundo tempo, começou a perder os duelos individuais e acabou, como contra o Paraguai e Uruguai, pedindo o apito final.
Só existem duas hipóteses para o padrão de jogo argentino: ou falta resistência física ou um planejamento de base equivocado por parte de Martino, que também não aproveitou para descansar a equipe e testar outros jogadores: entrou em campo Lamela, por exemplo, aos 37 da etapa final. Tévez havia entrado um pouco antes, e só serviu para animar os ânimos momentaneamante. No momento, a Argentina já era vaiada no estádio, jogando em casa. A equipe voltou a perder a bola, o controle e o apoio. A irritação de Mascherano no final era evidente. Até o zagueiro, quase de férias até esse momento, se viu forçado a trabalhar ao máximo para impedir uma aceleração final que, acompanhada de um pouco mais de capacidade técnica, teria envergonhado os vice-campeões do mundo.
No final da partida, ainda no gramado, alguns reservas da Jamaica tiraram uma selfie com Leo Messi. Ele deu as fotos de presente, mas não um sorriso.
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