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Seleção brasileira volta a competir depois dos 7 a 1 contra a Alemanha

Brasil põe em jogo seu prestígio ferido, na Copa América mais disputada em décadas

Jogadores treinam em Teresópolis, nesta sexta.
Jogadores treinam em Teresópolis, nesta sexta.Rafael Ribeiro (Fotos Públicas)

Na quinta-feira do feriado de Corpus Christi, em Teresópolis, havia expectativa pela presença da seleção brasileira. Mas nada de excessivo: apenas uma centena de pessoas no portão da Granja Comary, muito silenciosas. A visita de Marco Polo del Nero, o ameaçado presidente da CBF, roubou da bola o protagonismo, dominando as conversas em relação a uma equipe que ainda espera por seu maior astro, Neymar, e em relação à qual, como se o tempo não tivesse passado, a principal notícia esportiva nos primeiros dias de concentração são os problemas no joelho de Robinho, resgatado por Dunga para acompanhar o craque do Barcelona num ataque em que ainda não surgiram outros personagens do mesmo peso.

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A atmosfera, animada após a vitória por 2 a 0 no amistoso contra o México neste domingo em São Paulo, é sem dúvida menos alegre que antes da Copa do Mundo. Onze meses depois do 7 a 1, o futebol brasileiro põe em jogo novamente seu prestígio ferido, na Copa América mais interessante e disputada das últimas duas décadas. O “professor” Dunga, como é chamado por seus jogadores, conseguiu dar um ar de estabilidade à pentacampeã depois da catástrofe; dificilmente encaixável no perfil de treinador da seleção “diferente”, para liderar a renovação exigida em julho passado, ele pode se orgulhar de uma série de oito vitórias consecutivas em jogos amistosos (entre elas o 3 a 1 na França, digno de reconhecimento). O técnico isolou completamente os jogadores da torcida e não dá entrevistas. Uma coisa são os problemas institucionais, e outra, o time: “O trabalho continua. Nossa mente está totalmente concentrada no campo”, afirma.

Robinho, na verdade, é o único representante de sua geração “repescado” por Dunga para a seleção. A proximidade dos Jogos Olímpicos do Rio 2016 acelerou a troca de gerações posterior ao fracasso no Mundial e a convocação de jogadores jovens, que podem ganhar experiência numa grande competição e ajudar o próprio Dunga quando estiver dirigindo a equipe olímpica no ano que vem. Além disso, é preciso acrescentar as substituições obrigatórias dos contundidos Marcelo, Luiz Gustavo e Diego Alves. Entre os 23 jogadores convocados, apenas seis faziam parte da seleção de Luiz Felipe Scolari: Jefferson, David Luiz, Thiago Silva, Fernandinho, Willian e Neymar (exceto o goleiro, todos eram titulares). A consolidação definitiva de Philippe Coutinho (Liverpool), Danilo (Real Madrid) e Roberto Firmino (Hoffenheim) é razão de esperança para o corpo técnico e para uma torcida ainda cautelosa.

O técnico isolou completamente os jogadores da torcida e não dá entrevistas. Uma coisa são os problemas institucionais, e outra, o time: “O trabalho continua. Nossa mente está totalmente concentrada no campo”, afirma.

Na escalação o gol parece assegurado para Jefferson, titular desde a chegada de Dunga. As laterais também têm dono: Danilo na direita (Daniel Alves não esteve em nenhuma convocação) e Filipe Luís na esquerda, depois que a lesão de Marcelo tirou a dúvida em relação à posição. Na zaga continua no banco o ex-capitão Thiago Silva. Miranda (Atlético de Madrid), que se tornou incontroverso também na seleção, será o companheiro de David Luiz, menos bem avaliado que um ano atrás. O ataque parece reservado para Neymar e Robinho, desde que Dunga mantenha seu esquema habitual, 4-4-2, e que o santista se recupere totalmente de suas lesões. É no meio de campo que há mais dúvidas sobre o quarteto titular —em especial, a respeito de quem substituirá Luiz Gustavo para fazer companhia a Fernandinho (vaga disputada por Casemiro, Fred e Elias). Willian e Philippe Coutinho serão os meias, depois de sua ótima temporada na Inglaterra. Os médicos trabalham para recuperar o quanto antes vários jogadores que chegaram “baleados” à concentração, além de Robinho: David Luiz, Thiago Silva, Philippe, Anderson, Jefferson e Diego Tardelli.

Na Granja Comary há prudência em relação aos aspectos esportivos e silêncio absoluto em relação a qualquer outro assunto. O segundo amistoso disputado antes da Copa América será na quarta-feira, em Porto Alegre. No dia seguinte o time viaja para o Chile, onde estreia no domingo, dia 14, em jogo aparentemente fácil contra a Venezuela. Embora o futebol brasileiro seja provavelmente disputado mais fora que dentro do campo, ninguém quer nem imaginar outro desastre futebolístico. O foco, repetem os jogadores, é o maior possível. Dunga e seus 23 homens sabem perfeitamente que a semifinal mais provável será disputada no dia 30 de junho, em Concepción, contra a Argentina de Messi.

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