_
_
_
_

EUA sofrem a terceira queda do PIB desde a Grande Recessão

Desaceleração no início de 2015 foi maior do que o antecipado, com regressão de 0,7%

Janet Yellen, presidenta do FED, fala na semana passada.
Janet Yellen, presidenta do FED, fala na semana passada.Scott Eisen (Bloomberg)

A atividade econômica nos Estados Unidos sofreu no primeiro trimestre uma contração do Produto Interno Bruto (PIB) de quase 0,2% em relação ao último trimestre (0,7% na taxa anualizada). O desempenho da maior potência do mundo foi pior do que o antecipado há um mês, quando ocorreu uma expansão a uma taxa anualizada de apenas 0,2%, o que equivale a um estancamento na taxa trimestral. A fraqueza do crescimento no início de 2015 poderia, portanto, justificar que o Federal Reserve adie até setembro a primeira alta das taxas de juros em nove anos.

Mais informações
Fed abre a porta para a alta das taxas de juros em junho nos EUA
Economia dos EUA para de crescer nos primeiros três meses de 2015
Criação de emprego nos Estados Unidos aumenta em abril

É a terceira vez que a economia dos EUA se contrai desde junho de 2009, depois do fim da Grande Recessão. Isso ocorreu no primeiro trimestre de 2011, coincidindo com a irrupção da crise da dívida soberana nos EUA, e depois no primeiro trimestre de 2014, quando o PIB retrocedeu 3% na taxa anualizada em decorrência das intensas nevascas. Desta vez o inverno não foi tão severo, mas jogaram contra o bloqueio nos portos na Costa Oeste dos EUA e a apreciação do dólar no setor exportador.

O motivo dessa revisão para baixo é duplo. Por um lado, as empresas estão acumulando menos estoques do que o previsto, o que poderia indicar menos demanda, e investindo menos em estrutura, como reflexo das dificuldades das petroleiras com a queda do preço do petróleo. Por outro, as exportações caíram 7,6% enquanto as importações subiram 5,6%. O consumidor, entretanto, se mostra cauteloso. O acréscimo do gasto foi de 1,8%, a metade em relação ao segundo semestre de 2014, apesar da economia com a gasolina e do incremento do emprego.

O dado publicado é ligeiramente melhor que a contração de 0,9% antecipada por Wall Street. Mas o giro dado pela atividade econômica em apenas três meses é importante quando comparado com o crescimento de 2,2% na taxa anualizada registrado no quarto trimestre de 2014, e especialmente com o 5% do terceiro de 2014. O indicador está sujeito ainda a uma segunda revisão para que seja definitivo. A previsão é que a economia se recupere no segundo trimestre e volte a crescer, embora não se espere que o faça a um ritmo anual superior a 2%.

Janet Yellen, presidenta do Federal Reserve, disse na sexta-feira da semana passada que espera que esse passo atrás seja “transitório” . Ela projeta que a economia crescerá a um ritmo moderado no restante do ano. Mas embora ela se mostrasse otimista, também disse que o próximo passo no processo para normalizar a política monetária se dará quando estiver convencida de que a economia e o mercado de trabalho podem aguentar o encarecimento do preço do dinheiro. Ela também quer estar segura de que a inflação voltará ao nível dos 2% em médio prazo.

Abaixo do potencial

Embora no seio do Fed deem por certo que a elevação das taxas seja inevitável, e que isso ocorrerá este ano, a maioria dos membros não consegue entender como depois de seis anos de recuperação a economia dos EUA continua se mostrando tão vulnerável. O Federal Reserve de Atlanta não acredita que o crescimento no segundo trimestre ultrapasse 1%, dois pontos porcentuais abaixo do potencial. Na semana que vem será publicado o dado do emprego em maio, que será determinante para ver se será descartada a reunião de junho para a alta.

Yellen insiste em que a decisão será adotada com base nos dados disponíveis em cada reunião. As taxas estão estancadas no 0% desde dezembro de 2008. O primeiro passo, portanto, seria mais simbólico porque, na prática, não mudará muito as coisas. É possível que antes do encerramento do ano se produzam duas altas se a economia avançar como se espera. O vice-presidente do Fed, Stanley Fischer, dizia esta semana, porém, que o processo de normalização será “lento” e “gradual”. E antecipou que levará três ou quatro anos para chegar a 4%.

A próxima reunião do Fed está prevista para 16 e 17 de junho. Inclui, como na de setembro, uma entrevista coletiva de Janet Yellen à imprensa no encerramento. Haverá outra em julho, mas essa sem a intervenção da presidenta do Federal Reserve. Este ano também não está previsto que ela participe do simpósio de governadores de bancos centrais, que será realizado em agosto, em Jackson Hole. A ata da última reunião no final de abril assinala que uma boa parte dos membros considera que ainda é cedo para marcar o início do processo rumo à normalidade monetária.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_