Festival em São Paulo celebra o mundo dentro de um circo
A arte circense brasileira e de países como Colômbia e Palestina ocupa o Sesc-SP
Debaixo do toldo de um circo, cabe o mundo. A diversidade sempre foi regra nessa arte tradicional que não cansa de se reinventar, mas hoje em dia é mais fácil para qualquer um ser globalizado. E o circo também é, como comprova a terceira edição do CIRCOS – Festival Internacional Sesc de Circo, que abriu as portas nesta quinta-feira em 15 unidades do Sesc-SP. Com 28 espetáculos do Brasil e de outros dez países, entre eles a Colômbia, a Palestina e a Espanha, o evento quer mostrar que a arte circense, passeando entre a virtuose e o erro, é carregada de dramaturgia, além de abordar temas sérios com muita diversão.
“As expressões e fazeres circenses têm uma tradição milenar, mas reagem diante das rápidas mudanças da vida contemporânea. Nesse sentido, o CIRCOS atua como porto e viagem e nos leva por mapas afetivos”, afirma o diretor do Sesc-SP Danilo Miranda. A programação oferece um total de 105 sessões e não se furta ao debate, incluindo encontros com profissionais e workshops que pretendem realçar o diálogo entre artistas e público e as relações políticas e econômicas do circo com a cidade, conforme destaca a curadora Carolina Garcez.
Para Garcez, a arte circense vive um momento de enorme potencial, ainda que a fatia que recebe do Governo brasileiro seja a menor do bolo de fomento cultural. "O pensamento comum é que o circo ainda vive nas periferias, sob aquela estrutura de lona e com nada mais que um picadeiro. Porém, é uma arte viva, que hoje lida com avançadas questões tecnológicas. Muita gente não sabe, mas é o produto cultural mais exportado da França", afirma.
Na abertura do festival, o espetáculo colombiano Acelere! – que terá mais três sessões nos próximos dias – propôs ao espectador a pergunta: “O que você faz para acelerar a sua vida?”. Com números de acrobacia, equilibrismo e música, os artistas da companhia Circolombia, oriundos de diversas regiões do país vizinho, contam a história de que vivemos entre altos e baixos, buscando estabilidade e renovando energia. E reforçam, com a direção de um brasileiro (Renato Rocha) e uma base de trabalho instalada em Londres o fato de que quem é do circo não carrega passaporte.
Outros espetáculos internacionais e bastante narrativos merecem destaque. Único representante do Oriente Médio a participar do festival até hoje, o B-Orders, do casal palestino Ashtar Muallem e Fadi Zmorrod, leva ao palco a ideia de fronteira e da quebra de estereótipos, refletindo sobre comportamentos esperados de quem vem da Palestina e da mulher – nesse país e na arte.
No espanhol Pals, realizado em parceria com a Argentina, um grupo de artistas se despede de um colega que já se foi e procura um lugar para jogar suas cinzas. E em Barlovento, um árabe, um italiano, uma francesa e um russo navegam por mares desconhecidos, indo da calmaria à tempestade com acrobacias, manipulação de objetos e equilibrismo. Nesse barco, o interessante é que nenhum dos tripulantes entende a língua do outro.
Do Brasil, participam cinco espetáculos inéditos e oito já encenados anteriormente no país. Os temas abordados vão da relação de casal (Um Café da Manhã, do coletivo de mesmo nome, de São Bernardo), à rotina de cada dia debatida por dois colegas de quarto (Vizinhos, da Artinerant’s, de São Paulo), passando pela troca de experiências em um cabaré (Noites de Parangolé, da companhia experimental carioca Teatro de Anônimo).
Muita conversa séria, mas que graças à linguagem única e divertida do circo, entra em nós pela via mais aberta de todas, a do humor.
Confira aqui detalhes da programação.
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