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Cartolas sul-americanos suspeitos de receber 100 milhões de dólares

Federações foram subornadas pelos direitos comerciais da Copa América

Alejandro Rebossio
Julio Grondona, morto em 2014, ex-presidente da Associação do Futebol Argentino
Julio Grondona, morto em 2014, ex-presidente da Associação do Futebol ArgentinoENRIQUE MARCARIAN (REUTERS)

O escândalo de corrupção na FIFA se espalha pela América do Sul. Em uma das 164 páginas de denúncias apresentadas contra dirigentes do futebol, a secretária de Justiça dos EUA, Loretta Lynch, cita a suspeita de que cartolas de dez países sul-americanos teriam recebido subornos em troca da concessão dos direitos comerciais das próximas quatro edições da Copa América.

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Na denúncia, Lynch afirma que a empresa Datisa pagou em 2013 subornos de 100 milhões de dólares (cerca de 300 milhões de reais) aos presidentes de todas as associações nacionais que compõem a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol). Os valores incluiriam 20 milhões pela assinatura do contrato e outros 20 milhões por cada uma das próximas edições da Copa América: Chile-2015 (que começa em junho), EUA-2016 (uma edição especial, marcando o centenário do torneio), Brasil-2019 e Equador-2023.

O então presidente da Conmebol, o uruguaio Eugenio Figueredo – um dos sete dirigentes presos na quarta-feira na Suíça a pedido dos EUA – teria ficado com 15 milhões de dólares. Uma cifra semelhante teria sido entregue ao falecido Julio Grondona, à época presidente da Associação do Futebol Argentino (AFA), cargo que ocupou por 35 anos, e a José Maria Marin, então dirigente da CBF e também preso na quarta-feira por suspeita de envolvimento com subornos para a definição das sedes das Copas do Mundo de 2018 e 2022.

Além deles, os dirigentes das outras oito federações sul-americanas teriam recebido 7,5 milhões de dólares cada um. São eles: Juan Ángel Napout (Paraguai, já deixou o cargo) Manuel Burga (Peru, já deixou o cargo) Carlos Alberto Chávez (Bolívia), Sergio Jadue (Chile), Luis Chiriboga (Equador), Luis Bedoya (Colômbia) e Rafael Esquivel (Venezuela, também preso).

Uma empresa teria pagado até 15 milhões de dólares a cada dirigente pelas próximas quatro edições do torneio

Depois da notícia das detenções na Suíça e antes de serem reveladas as acusações de subornos sobre a Copa América, o filho do ex-presidente da AFA e atual treinador da seleção argentina sub-20, Humberto Grondona, fez as seguintes declarações ao jornal Clarín: “Não me surpreende. Por isso falei na época com meu pai, sabíamos de certas irregularidades que aconteceram com as escolhas das sedes para a Copa. Mas aqui estão sendo julgadas as pessoas, não uma entidade. E, se essas pessoas fizeram coisas que não são lógicas em longo prazo, pagam as consequências. Neste momento não sei os nomes dos envolvidos; mas, seja quem for, se agiu mal, sai. Não é que meu pai faleceu [em 2014] e agora, de repente, tudo isto estourou sozinho. Na época já havia nos surpreendido quando, na escolha dos EUA [para receber a Copa de 1994], havia quatro votos a favor, mas só três haviam votado. O que tenho certeza é de que a pessoa que faz a denúncia e que falou para cooperar [o norte-americano Chuck Blazer, ex-integrante do comitê executivo da FIFA] é alguém que foi muito importante. Foi quem levou a Copa para os EUA em 1994. Não foi uma pessoa qualquer. E, se as pessoas que estão sendo investigadas fizeram isso, terão de arcar com as consequências”.

A Conmebol, atualmente dirigida pelo paraguaio Napout, divulgou nota em que “repudia todo ato de corrupção e apoia irrestritamente as investigações iniciadas a respeito de supostos atos irregulares, comprometendo-se em colaborar aberta e enfaticamente”. Napout não falou sobre a Copa América.

Quem respondeu às acusações de subornos foi o presidente da Federação de Futebol do Chile. Jadue disse que o dinheiro da empresa Datisa foi transferido para a conta da entidade que ele dirige. “Da minha parte estou tranquilo, temos o comprovante de depósito”, declarou o dirigente.

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