Instituto dos EUA sugere 'jeitinho' por atrasos no Ciência sem Fronteiras
CAPES diz que nota é "descabida". Diretor do instituto pediu desculpa aos estudantes
Um grupo de brasileiros que foi estudar nos Estados Unidos pelo programa Ciência sem Fronteiras vem enfrentando problemas para pagar seus cursos e conseguir autorização para estágios. Preocupados com a falta de recursos e até com a perda de semestres inteiros por falta de pagamentos, os estudantes acionaram o Institute of Internacional Education (IIE), responsável por intermediar a relação entre as universidades que escolheram e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Como resposta, ouviram que os atrasos são inevitáveis, que não se sabe quando receberão os benefícios e ainda foram aconselhados a usar o famoso "jeitinho brasileiro".
A mensagem, escrita em inglês e enviada a todos os brasileiros que estudam nos EUA, está assinada pelo diretor do IIE, Edward Monks, que sugere aos alunos "[to] use that Brazilian method of creative problem solving", ou seja, "usar aquele método brasileiro de solução criativa de problemas", e segue, "para trabalhar com seus amigos brasileiros, seus novos amigos norte-americanos, sua família, redes formais e informais". Monks aconselha ainda que os alunos sejam hospitaleiros uns com os outros e racionem os recursos que já receberam com muito cuidado.
A carta gerou indignação entre os beneficiários do programa, que enviaram reclamações ao IEE e até criaram um tumblr com piadas (brazilianmethod.tumblr.com) para protestar. O EL PAÍS ouviu alguns dos estudantes brasileiros, que preferiram permanecer anônimos. Segundo um deles, "o principal problema não é o repasse de dinheiro. O problema está na baixa resposta a outras questões que surgem constantemente, como pagamento da universidade, aprovação de estágio, viagens para o Brasil, plano de saúde, e políticas de dependentes por exemplo".
De acordo com os estudantes, alguns de seus colegas já chegaram a enfrentar bloqueio de matrícula por falta de pagamento do semestre anterior. "Eu cheguei em agosto de 2014 aqui nos EUA e, apesar de o IIE sempre ser pouco responsivo, nunca havia recebido uma mensagem tão sem profissionalismo igual a ontem. Fiquei perplexo", relata um estudante.
Confrontado pelos brasileiros, o autor do conselho enviou nova mensagem pedindo desculpas e solicitando que a nota anterior fosse desconsiderada. Em uma das mensagens, que circulam pelas redes sociais e por blogs, Monks diz que imaginava que o tal “Brazilian method” era algo inteligente, inventivo e imaginativo. Ou seja, algo louvável. Procurado pelo EL PAÍS, o IIE não se pronunciou até a edição desta reportagem.
Questionada, a assessoria de imprensa da Capes disse que "a nota divulgada pelo Institute of International Education (IIE) é descabida". Segundo a instituição brasileira, "o próprio IIE já prestou esclarecimentos aos estudantes e pediu para que o texto anterior fosse desconsiderado". Na mesma nota, a Capes informa que “está em dia com todas as bolsas do Ciência sem Fronteiras e liberou na quarta-feira, 6, os recursos relativos ao pagamento das taxas e despesas das universidades”.
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