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O que há por trás de uma camiseta nova que custa apenas 2 euros?

Campanha busca conscientizar consumidores sobre a precariedade da cadeia produtiva

Mari Luz Peinado

(Se quiser ver o vídeo com legendas em espanhol, clique aqui)

Uma camiseta branca básica por 2 euros (6,75 reais) é barata. Por isso, quando uma máquina de venda automática de cor chamativa situada no centro de Berlim oferecia os artigos por esse preço, muitos dos que estavam por ali se aproximaram e colocaram uma moeda. O que ocorreu depois foi o que mostra este vídeo, que já tem mais de 2,5 milhões de reproduções. Em vez de cair a camiseta, acendeu-se uma tela que mostrava um vídeo e a seguinte mensagem:

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“Conheça Manisha, uma entre milhões de pessoas que fazem nossa roupa barata por menos de 13 centavos de euro (44 centavos de real) por hora, durante 16 horas por dia. Ainda quer comprar esta camiseta por 2 euros?” Depois disso, os compradores podiam escolher se compravam a camiseta ou doavam o dinheiro.

Diante de um golpe emocional desses, é difícil que alguém escolha comprar a camiseta. Mas, na maioria das vezes, quando vamos a uma loja de roupas, não vemos as Manishas que estão por trás dos artigos. Por isso foi lançado o Fashion Revolution Day, um dia de conscientização do qual faz parte esse vídeo. “As pessoas nem sempre sabem o que compram ou não querem pensar nisso, mas é preciso pensar nos trabalhadores que fazem a roupa que usamos”, explica por telefone a italiana Orsola de Castro, conhecida ativista que defende a moda sustentável e promotora do Fashion Revolution Day – celebrado, desde o ano passado, em 24 de abril.

Nesse dia, mas em 2013, ocorreu o desabamento do edifício Rana Plaza, em Bangladesh, onde morreram mais de 1.100 pessoas. “O vídeo foi feito por uma agência de publicidade para nossa delegação na Alemanha. Foi lançado um dia antes para dar a largada na campanha, e tem crescido nos últimos dias”, conta Castro. “Na sexta-feira, foi compartilhado por Ashton Kutcher no Facebook.

O vídeo segue um esquema cada vez mais habitual, o dos chamados experimentos sociais que vimos ultimamente em vídeos como Love has no labels (“Amor não tem etiquetas”). Tem todos os ingredientes: a surpresa, a empatia, a música – e, acima de tudo, transmite uma mensagem de conteúdo social.

A campanha do Fashion Revolution Day foi acompanhada pela hashtag #WhoMadeMyClothes (“Quem fez minhas roupas”), pedindo que as pessoas fizessem uma selfie mostrando a etiqueta de sua camiseta. “Vários famosos ajudaram nisso, como Stella McCartney.” Diversas organizações fizeram campanhas por ocasião do aniversário da tragédia do Rana Plaza para tentar nos levar a pensar em quem faz a roupa que compramos. Uma delas foi a Oxfam Intermon, que lançou a campanha Se buscan fashion victims (“Procuram-se vítimas da moda”).

“Este ano, 71 países participaram do Fashion Revolution Day, e tivemos resposta de marcas como a Zara. Para nós, esse dia marca o início da campanha, e o vídeo está ajudando a divulgá-la. Mas o que faz falta é que não seja só um dia, e sim o ano todo”, diz Orsola de Castro.

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